Aranha

De onde veio o fascismo? Não os institucionais, colocados em governos por nomes como Mussolini ou Hitler, mas aquele que nasce no dia a dia, no seio da sociedade? O chamado Ovo da Serpente. É justamente sobre esse assunto que se debruça o ótimo longa-metragem chileno ‘Aranha’. Dirigido por Andrés Wood (‘Violeta Foi Para o Céu’), o filme conta a história de Inés (Mercedes Morán na vida adulta, María Valverde na juventude), uma mulher que esteve não apenas envolvida, como também organizou atos extremistas de direita ao redor de todo o Chile em busca do “fim do socialismo”. Forte e necessário, o longa-metragem surpreende com uma história que atravessa fronteiras e gerações, fazendo sentido inclusive para o Brasil dos anos 2020. Não é um filme fácil, tampouco simples de ser compreendido -- Andrés, desde a primeira cena, quando mostra um homem atropelando um ladrão e sendo aplaudido, conta com o senso interpretativo da audiência. Mas, quem chegar ao final e compreender o que o cineasta está mostrando, quase que de maneira desesperada na comunidade chilena, poderá sentir toda a angústia e compreensão de que, assim como vimos em ‘Nova Ordem’, nossa sociedade está doente.

Matheus Mans

Editor do Filmelier