Lançamentos da semana de 16 de agosto de 2019

Este é um daqueles exemplos em que a filosofia se mistura com a cultura popular, criando algo que provoca a nossa mente, que anda entorpecida e dispersa por tantas redes sociais e pelo excesso de informação (real ou fake). O documentário ‘Um Filósofo de Arena’ tem três camadas diferentes, a fim de desafiar nossos preconceitos. No primeiro nível está a polêmica das touradas e a desinformação sobre o tratamento dos touros. Em segundo lugar, temos a relação complicada entre o homem e a morte, que dita a busca perpétua por um antídoto. Por fim, há uma profunda reflexão sobre a condição humana contra a natureza, que não nos permite nos encontrar e nos faz repelir instintos ainda mais básicos. Esta produção não foi exibida no circuito comercial dos cinemas brasileiros e está sendo lançada diretamente no streaming. [-]

Esta é uma afetiva história sobre família e união, que sabe balancear momentos mais dramáticos com outros mais leves. O enredo, sobre o tio que se vê obrigado a criar a sobrinha após a morte da irmã, lembra filmes como ‘Um Laço de Amor’, mas com um toque que só o cinema francês consegue criar. A direção é de Mikhaël Hers, de ‘Aquele Sentimento de Verão’, e o longa-metragem conta com um elenco com nomes como Vincent Lacoste (papel pelo qual foi indicado ao César, o Oscar da França) e Stacy Martin (de ‘O Formidável’). [-]

O diretor Wagner Assis, de ‘Nosso Lar’ e ‘A Menina Índigo’, retorna à doutrina espirita – porém, desta vez, com um relato histórico. ‘Kardec’ conta a trajetória de Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, famoso justamente por codificar, sistematizar e propagar a doutrina ainda na França de meados do século 19. A biografia é extremamente bem intencionada e bem dirigida, feita na medida para agradar a comunidade espírita ou quem busca conhecer mais sobre o kardecismo – ainda que, como filme, fique devendo um envolvimento maior entre espectador e personagens, já que os protagonistas foram retratados como figuras históricas colocadas em um pedestal. [-]

‘A Pequena Suíça’ é uma comédia com um ponto de partida muito original: uma sátira e uma crítica ao separatismo basco. Infelizmente, já no segundo ato, o filme deixa para trás a farsa política e opta por uma comédia básica e previsível de situações e personagens excêntricos. Claro, o elenco faz um trabalho fantástico com papéis que vão desde um prefeito ganancioso a um padre traficante de armas. Lançamento exclusivo da Netflix. [-]

Taylor Schilling (a Piper de ‘Orange is the New Black’) é a protagonist de uma comédia sobre autodescoberta, trabalho e relações interpessoais. Bem escrito e dirigido pela estreante Laura Steinel, o longa entrega bons momentos enquanto nos faz refletir sobre as nossas próprias vidas. É outra estreia da semana que é exclusiva do vídeo on demand. [-]

Este thriller original da HBO trata se assuntos extremamente atuais, como o abuso, bullying e a superexposição das redes sociais. Na história, uma jovem de 16 anos descobre não só que foi abusada em uma noite que não lembra, como também o vídeo está circulando pelas redes sociais. A partir daí, temos um drama com poucos diálogos, mas atuações poderosas – incluindo da protagonista, Rhianne Barreto. A direção de Pippa Bianco, que já havia abordado o assunto no curta ‘Share’ e dirigiu um dos episódios de ‘Euphoria’, é ótima. Já a produtora responsável é a A24, a mesma de 'Moonlight' e 'Lady Bird'. [-]

‘Divino Amor’ é uma inteligente crítica ao crescimento do conservadorismo na sociedade brasileira, apontando um exagerado futuro próximo – com pitadas de sci-fi, ao estilo ‘Black Mirror’ – como metáfora para pautar questões na sociedade atual. Supreendentemente erótico, o longa-metragem também é contestador e nos faz refletir, independente se concordamos ou discordamos da visão proposta. Com uma bela fotografia carregada de neon assinada por Diego Garcia (de ‘Boi Neon’, também dirigido por Gabriel Mascaro) e uma ótima atuação de Dira Paes (‘Dois Filhos de Francisco’), o longa foi destaque em festivais de todo o mundo, incluindo Sundance e Berlim. [-]

Uma das principais queixas à ‘Deixando Neverland’, sobre as acusações de abuso contra Michael Jackson nos anos 1980 e 1990, é que o documentário não ouviu o outro lado, apenas os acusadores. ‘Michael Jackson: Em Busca da Verdade’ surge como uma resposta a isso, trazendo testemunho de algumas pessoas próximas ao músico, que tentam desqualificar as alegações do outro filme e buscam construir uma imagem de bom pai e de alguém preocupado com o bem-estar das crianças. Ainda que não tenha o mesmo ritmo e qualidade técnica da produção da HBO, este documentário funciona como um contraponto necessário. Lançamento simultâneo no Brasil e nos EUA. [-]

Marlon Wayans (‘As Branquelas’) surge naquele que é ‘O Professor Aloprado 2’ dele e da Netflix. Ele vive seis personagens diferentes dentro do mesmo filme, que descobrem que são sêxtuplos. A direção é de Michael Teddis, parceiro de Wayans em ‘Inatividade Paranormal’ e ‘Nu’, e as piadas seguem a linha desses longas – ou seja, não assista se você se ofender facilmente. E devemos reconhecer o esforço de atuação de Wayans, embora a diferenciação entre um sêxtuplo e outro não seja uma virtude do filme. [-]

‘After’ é um romance dramático teen pela ótica feminina, baseado no best-seller de Anna Todd. Na história, uma menina jovem e inexperiente se deixa levar por um homem sombrio e com um passado obscuro. A direção é da estreante Jenny Gage e o longa já tem uma continuação confirmada, também baseada na obra de Todd. A fotografia e o design de produção são elogiáveis, e a história foi feita na medida para envolver apenas o público teen, que compartilha as mesmas preocupações da protagonista. [-]

Nicolas Cage é um caso curioso nos cinemas. Às vezes, como em ‘Mandy’ ou em ‘Adaptação’, ele é memorável. Em outras, claramente escolheu errado o longa-metragem para protagonizar. Infelizmente, ‘Entre Mundos’ cai na segunda classificação – ainda que tenha inúmeros momentos de “que p#rra é essa” para encantar os mais fanáticos pelo ator. A história em si lida com perdas familiares, fantasmas e suspense, mas sem muito êxito em sua proposta. Esta é outra estreia da semana que é exclusiva do VOD. [-]

‘Invasor Zim’ foi uma série animada de certo sucesso de crítica, exibida na Nickelodeon entre 2001 e 2002 – foram, no total, apenas 27 episódios. Depois de 17 anos, a produção retorna em um longa-metragem da Netflix. Ainda que não tenha o mesmo ar de frescor que tinha em 2001, a nova produção entrega uma diversão interessante, com pitadas de politicamente incorreto. [-]

‘Cruise: Destino em Colisão’ é um exercício de nostalgia, se passando na década de 1980. A fórmula não é nova, lembrando muito ‘Picardias Estudantis’, de George Lucas, e há diversos clichês no roteiro – além de ser difícil se envolver com os personagens e conflitos. Ainda assim, há toda aquela energia da juventude, um roteiro fluído e, principalmente, uma direção de arte que recria a época de forma fiel. Mais uma estreia que chega direto ao streaming. [-]

O programa ‘Banana Splits’ teve destaque na TV norte-americana dos anos 1960 e 70, em uma produção do clássico estúdio Hanna-Barbera. O público brasileiro pode acompanhar a série nas TVs Tupi, Record e Bandeirantes, além de, mais recente, no Cartoon Network e Boomerang. Agora, aqueles estranhos animais e seu ar lisérgico retornam em um surpreendente filme de terror ao estilo slasher, em uma reinvenção completa do conceito original. Se você não for preciosista e quiser se divertir, o filme entrega bons momentos. Agora, se você é do tipo que se preocupa com as memórias da infância e não quer vê-las destruídas, fuja deste longa-metragem. Exclusivo do digital. [-]