Lançamentos da semana de 23 de agosto de 2019

Agnès Varda foi um dos maiores nomes do cinema mundial. Pioneira, influenciadora e figura central do movimento Nouvelle Vague, que redefiniu a sétima arte na França e no resto do planeta, Varda assinou longas-metragens como ‘Cléo das 5 às 7’ e ‘As Duas Faces da Felicidade’. Já aos 90 anos de idade (e vindo de uma indicação ao Oscar com ‘Visages Villages’), a cineasta produziu esta autobiografia cinematográfica, em uma despedida pouco antes de morrer. Com a beleza que sempre marcou a sua obra, Varda olha para os eventos de sua vida de forma pessoal com charme e carinho. Agradável para os fãs do cinema e da pequena grande belga, mas também com apelo emocional o suficiente para envolver os neófitos. [-]

Hellboy, personagem criado nos quadrinhos por Mike Mignola, retorna ao cinema em uma nova versão, agora interpretado por David Harbour (o chefe de política Jim Hopper da série ‘Stranger Things’). A principal novidade é a aposta em uma faixa etária mais alta (com a classificação indicativa para maiores de 16 anos tanto nos EUA quanto no Brasil), o que permitiu trazer mais sangue, decapitações e brutalidades – agradando aqueles que sentiram falta desse traço do anti-herói nos longas anteriores, dirigidos por Guillermo Del Toro. A história em si tem suas idas e vindas, sem ser muito consistente ou surpreender, mas o longa cumpre com o objetivo de divertir o espectador. No elenco ainda temos Milla Jovovich (da franquia ‘Resident Evil’), Ian McShane (da franquia ‘John Wick’) e Penelope Mitchel (‘The Vampire Diaries’). [-]

Em seu quinto filme, Julio Hernández Cordón (‘Te prometo anarquía’) elabora uma fábula que aborda as profundas feridas profundas pela ondas de feminicídios e a guerra contra o narcotráfico no México. Ambíguo e poético, o filme vagueia entre um "road movie" e uma história sobre amadurecimento, abordando um amor paternal. ‘Compra-me um Revólver’ foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, mostra paralela ao Festival de Cannes, e foi indicado na categoria de melhor diretor no Prêmio Fênix, o Oscar mexicano. [-]

‘Godzilla II: Rei dos Monstros’ cumpre aquilo que se espera de um filme de kaiju e de desastre: traz ação, muita ação, em escala enorme e meticulosamente detalhada. Ainda assim, falta um bom roteiro, que ajude a sustentar tudo isso. No entanto, temos um elenco de primeira elenco com Vera Farmiga, Ken Watanabe, Sally Hawkins e Kyle Chandler, além de Millie Bobby Brown (‘Stranger Things’) em seu primeiro filme. Vale também fizer que o longa é a continuação de ‘Godzilla’, lançado em 2014, e que faz parte de um verdadeiro universo dos monstros da Legendary – um crossover com o King Kong está, inclusive, previsto para ser lançado nos cinemas em 2020. [-]

Os diretores indicados ao Oscar por ‘The Last Truck: Closing of a GM Plant’ (que também funciona como um pelúdio não-oficial deste filme), Steven Bognar e Julia Reichert, trazem em ‘Indústria Americana’ uma abordagem jornalística tão precisa e pessoal quanto necessária. Eles partem do principio de que o público está ciente das ameaças que o mundo enfrenta devido à globalização desenfreada, de modo que eles evitam fornecer todo esse contexto, o que lhes dá mais tempo para examinar as reais tensões das empresas internacionais em termos humanos. Deve-se notar que esta é a primeira produção da nova produtora fundada pelo casal Obama, e certamente lutará para conquistar um lugar entre os indicados ao Oscar. Exclusivo Netflix. [-]

Este curta-metragem é, justamente, um complemento ao filme anterior, ‘Indústria Americana’. Aqui, os diretores do documentário conversam por dez minutos com Michelle e Barack Obama, que fundaram a produtora (Higher Ground) responsável pelo longa. Também é exclusivo da Netflix. [-]

James Gunn (‘Guardiões da Galáxia’) é o produtor responsável por este novo híbrido de horror e ficção científica. A premissa de ‘Brightburn: Filho das Trevas’ é, de forma simplista, a seguinte: o que aconteceria se o Superman tivesse crescido em meio a escuridão? Aqui, o diretor David Yarovesky oferece algo interessante que vai do drama convencional ao horror mais contundente. Há violência e sangue, mas também há uma metáfora sobre a traumática passagem para a adolescência, embora essa exploração psicológica seja diluída na segunda metade do longa. [-]

Você é daqueles que sente saudade dos anos 1990? Pois este filme é justamente o que você precisa! Gravado em 16mm, aspecto 4:3 (como as TVs de antigamente) e com uma fotografia digna de app hipster para edição de imagens, ‘Anos 90’ entrega toda a nostalgia da época – e ainda embalado ao som de bandas como Nirvana e Pixies. Com forte elenco adolescente, o enredo foca na já batida (porém ainda interessante) transição da infância para a vida adulta, que sempre alterna momentos doces e amargos. Jonah Hill (‘O Lobo de Wall Street’) estreia na direção e roteiro de um longa-metragem e o resultado final aponta para uma carreira atrás das câmeras que tem tudo para ser promissora. Já a produção é da A24, a mesma de ‘Moonlight’. [-]

A diretora estreante em um longa-metragem de ficção Flávia Castro (que já acumula créditos como o de roteirista de ‘Nise: O coração da Loucura’) e o produtor Walter Salles (de clássicos como ‘Central do Brasil’ e ‘Abril Despedaçado’) se juntam para contar uma história dos anos 1980 que, infelizmente, voltou a ter relevância nos dias de hoje. O longa é sobre uma família que retorna ao Brasil depois do exílio na França, enquanto a filha precisa lidar com a falta do pai – que desapareceu durante a luta contra a ditadura - e os sentimentos contraditórios sobre o país. Ao final, fica a lição de que por mais que ignoremos o passado, ele marca as nossas vidas e precisa ser superado. [-]

Se você é um fã de ‘O Senhor dos Anéis’ ou ‘O Hobbit’, não há dúvidas de que ‘Tolkien’ é para você. Mas cuidado, que este é um filme biográfico toma algumas liberdades poéticas – e embora explore alguns dos aspectos mais fascinantes da vida do escritor (como o seu fascínio e talento para idiomas), também não tem muitas surpresas: todos sabemos como a a história termina. As performances sólidas do elenco liderado por Nicholas Hoult, além de alguns paralelos visuais com os filmes de Peter Jackson, vão torná-lo muito agradável para os fãs do escritor. [-]

‘O Sol Também é uma Estrela’ é um filme para os apaixonados. Apesar de ser meloso e ter alguns clichês do gênero, destaca-se por sua bela fotografia, que pinta as paisagens de Nova York. O grande destaque é pelo fato da história ser a partir do ponto de vista de uma imigrante, trazendo um subtexto sobre a situação social e política nos EUA. Sim, já vimos isso em produções como ‘Brooklin’ e ‘Espanglês’, mas aqui é contada como um romance adolescente bastante agradável. [-]

‘Relatos do Front’ não é sobre uma guerra distante, ou no passado. O documentário é sobre um problema atual, real, que acontece em pleno Rio de Janeiro: o conflito de facções de criminosos entre si e contra o poder público. Com registros muitas vezes feitos na hora dos acontecido, incluindo de câmeras de celulares, o filme procura não só trazer relatos e problemas, mas também conversas com especialistas em segurança pública para (tentar) encontrar soluções. Outro ponto positivo é ouvir vítimas, parentes de vítimas, policiais e todos os lados envolvidos nessa tragédia que ocorre neste exato momento. [-]

Justin Hartley (o Arqueiro Verde de ‘Smallville’ e o Kevin de ‘This is Us’) surge em um romance que traz elementos de ficção-científica – afinal, o protagonista quer viajar no tempo para poder conhecer a amada antes de ela ficar noiva. Dessa forma, a história usa justamente o amor para, em seu subtexto, trazer elementos teóricos sobre viagens no tempo! Os diálogos soam piegas em alguns momentos e a produção claramente tem orçamento baixo. Ainda assim, é uma daqueles longas que eleva o nosso espírito, incluindo até uma lição de moral em seu final. 'No Tempo Certo' não foi exibido no circuito comercial dos cinemas no Brasil e chega diretamente para o streaming. [-]

Usando como gancho os protestos estudantis que começaram em 2013, ‘Espero tua (Re)Volta’ busca construir uma radiografia da luta dos estudantes, com diversas vertentes políticas. Há espaço para criticar tudo, principalmente a grande mídia – que, de certa forma, endossa o documentário por meio da GloboNews. A narrativa é das mais interessantes, além de usas os próprios jovens como narradores do longa-metragem. [-]