Lançamentos online da semana de 12 de fevereiro de 2021

‘Relatos do Mundo’ é daqueles filmes que tem tudo para dar certo. Na direção, o premiado Paul Greengrass. Ele repete a parceria com o protagonista Tom Hanks, dupla vista antes no excepcional ‘Capitão Phillips’. E, de quebra, ainda tem Helena Zengel, de ‘Transtorno Explosivo’, que surpreende com uma atuação de ponta com apenas 12 anos. No entanto, já vale dizer que o filme não é “tudo isso”. Ao melhor estilo de faroeste, o longa-metragem não consegue descolar a trama de um marasmo de acontecimentos genéricos, aparentemente busca uma fórmula pronta de temporada de premiações: desde a trilha sonora, passando pelos excessivos closes nos dois protagonistas e até chegar ao design de produção, óbvio e típico “papa-Oscar”. No entanto, isso não invalida algumas qualidades do longa, como a boa química entre Hanks e a pequena Zengel, que adiciona um tempero de emoção na história. E a direção firme de Greengrass, principalmente em cenas como a do tiroteio. Um filme absolutamente esquecível, mas que no fundo ainda tem espaço para viajar no Velho Oeste. [-]

Um dos filmes mais legais e sinceros de 2020, ‘Yes, God, Yes’ começa a provocar já pelo título. Afinal, o longa-metragem de apenas 78 minutos acerta em cheio ao contar a história de uma garota que está descobrindo sua sexualidade. No entanto, o lugar para isso aparentemente não poderia ser pior: um retiro religioso para adolescentes. Aos poucos, no entanto, a diretora estreante e roteirista Karen Maine vai acrescentando pequenas tiradas saborosas na trama, mostrando como a sexualidade acaba afetando todos, em diferentes níveis e intensidades. Destaque para a protagonista Natalia Dyer (‘Stranger Things’), que encara com naturalidade esse papel tão típico do cinema americano independente. [-]

Quem não gosta de filmes de looping temporal? Tramas como ‘Feitiço do Tempo’, ‘Palm Springs’ e ‘A Morte Te Dá Parabéns’ ajudaram a dar o tom desse tipo de cinema, que geralmente mistura bom humor e situações inusitadas. Em ‘O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas’, a coisa não é diferente. A dupla Kathryn Newton (‘Freak’) e Kyle Allen (‘West Side Story’) surpreende e diverte como dois adolescentes que ficam presos em um único dia. As sacadas do cineasta Ian Samuels (‘Sierra Burgess é uma Loser’) evitam que o filme caia em um marasmo sem graça de coisas que já vimos por aí -- ainda que algumas situações façam com que o próprio público se sinta em um looping temporal. Mas, claro, boa diversão. [-]

O último filme da trilogia ‘Para Todos os Garotos que Já Amei’ encerra bem a história de amor de Lara Jean. ‘Agora e Para Sempre’ mostra o quanto a protagonista amadureceu e começou a tomar suas próprias decisões independente do que o namorado vá pensar- essa é uma boa guinada na história. O elenco da produção continua com a mesma dose de carisma de Lana Condor, Noah Centineo e Anna Cathcart, que interpreta a Kitty, irmã mais nova de Lara Jean. Inclusive, dessa vez, o filme foca mais na cultura sul-coreana das personagens principais, o kpop (música pop coreana) domina a trilha sonora. Nos longas anteriores, tinham poucas influências do leste-asiático, finalmente acertaram. ‘Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre’ é um ótimo desfecho para a história que começou em 2018, porém seria interessante saber como teriam sido as adaptações se Susan Johnson, que dirigiu o primeiro filme, tivesse continuado no comando. Quem termina a trilogia é Michael Fimognari, que dirigiu também o longa anterior, ‘Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você’ e foi diretor de fotografia do primeiro, ‘Para todos os garotos que já amei’. [-]

Sequência espiritual do longa-metragem lançado em 2011, ‘A Vida em um Dia 2020’ busca trazer recortes do dia a dia, do cotidiano e da vida real. Para isso, o diretor Kevin Macdonald monta um mosaico de vídeos feitos pelas pessoas no dia 25 de julho de 2020. Pessoas como eu e você, comuns, mostrando o que fizeram nesse dia específico. Dessa forma, ‘A Vida em um Dia 2020’ emociona e empolga, se tornando uma janela para o mundo em um ano em que a pandemia do novo coronavírus tomou conta da mente e dos corações das pessoas. O mais interessante, porém, está na complexidade de temas que surgem ao longo de 90 minutos: há pedidos de casamento, fins de namoro, momentos de luto, alegria, animais sendo fofinhos, pessoas enfrentando a pandemia e tudo mais. É bonito demais. É como se o universo desse a nós a possibilidade de olhar um pouquinho que há vida lá fora. [-]

Depois do sucesso mediano de ‘Trolls’, a Universal Pictures voltou a apostar na franquia. Poucos poderiam imaginar, porém, que o filme seria tão marcante no ano de 2020: nos Estados Unidos, foi o primeiro a ser lançado diretamente em formato digital, antes dos cinemas, por conta da pandemia do novo coronavírus. Virou histórico. No entanto, quanto à história do filme, encontramos apenas uma trama divertidinha. Há muita cor (muita cor mesmo!) e músicas divertidas e exageradas, fazendo jus ao título do filme em inglês -- ‘Trolls World Tour’. Não é um filme realmente marcante ou que consolida a franquia das criaturas pequenas e coloridas como uma das principais do universo das animações infantis. Mas, ainda assim, diverte adultos e crianças com a saga dos Trolls tentando novamente salvar seu mundo -- sempre com muito brilho, glitter e música sob medida. [-]

Produção original do canal Hallmark, responsável por comédias românticas genéricas e que alcançam um grande público, ‘Amor Conectado’ é daqueles filmes que todo mundo sabe como começa, se encaminha e termina. A história de uma mulher em busca de um amor de verão traz vários momentos previsíveis, muitas coisas que já vimos por aí e conclusões óbvias. No entanto, não dá para negar que é um “comfort movie” ideal. Afinal, é daquelas produções que vemos em um final de tarde, num dia qualquer, para passar o tempo. Não vai mudar sua vida. Mas, sem dúvidas, tem potencial de deixar seu dia um pouco mais leve. [-]

É inegável que o astro francês Omar Sy sabe emocionar e fazer rir em iguais medidas. Comprovou isso primeiramente com ‘Intocáveis’ e, depois, com o bonito remake francês ‘Uma Família de Dois’ -- versão muito mais sensível do que o filme mexicano original. Agora, Sy volta a emocionar com o simpático ‘O Príncipe Esquecido’. O diretor Michel Hazanavicius (do premiado ‘O Artista’) mergulha na história de um pai que leva a filha, toda noite, para "Storyland", um estúdio de filmes de fantasia onde suas extraordinárias aventuras de contos de fadas ganham vida. Uma aventura mágica e graciosa, para toda a família, que deve deixar os espectadores emocionados e empolgados, como Sy sabe fazer. [-]

Do aclamado diretor Sam Pollard, ‘Black Art: In the Absence of Light’ celebra o trabalho dos principais artistas afro-americanos que seguem em atividade hoje em dia. Com o foco na exposição “Two Centuries of Black American Art: 1750-1950”, a primeira grande pesquisa de museu sobre o assunto, o diretor reúne histórias fascinantes por trás de mais de 200 obras de arte de mais de 63 artistas importantes. Produção importantíssima não só para a cultura afro-americana, como para que não conhece a fundo a arte de artistas negros. O filme sem dúvida, dá uma luz a esses profissionais e a relevância na história. ‘Black Art: In the Absence of Light’ desperta uma vontade no espectador de largar tudo e ir ao museu. [-]

Patric Chiha acompanha todo o processo de preparação de um grupo de dançarinos ensaiando para uma peça. O documentário é bem íntimo mas sem invadir a privacidade dos personagens, extremamente interessantes. Sem necessidade de cenas de sexo, ‘If it Were Love’ consegue retratar o desejo e sedução de uma forma muito única. Esse documentário pode facilmente ser comparado como uma versão mais realista de ‘Climax’, de Gaspar Noé. [-]

‘Amor ²’ é um filme polonês sobre o amor com uma história curiosa como pano de fundo. Um jornalista se apaixona por duas mulheres que na verdade é uma só. A protagonista desta comédia romântica leva uma vida dupla e consegue fazer com que um homem mulherengo se encante por suas duas personas. Essa é uma produção leve, divertida e com uma mensagem bonita sobre a importância do amor. [-]

Um longa-metragem bastante necessário para a sociedade atual por contar a história de um pai que muda de gênero e acaba tendo mais dificuldades de se adaptar a isso do que suas filhas. ‘A Perfectly Normal Family’ é um drama familiar com uma perspectiva diferente sobre esse tipo de história e uma boa reviravolta. Talvez o final pudesse ter sido outro por conta do que é construído ao longo do filme, mas ainda assim consegue fechar bem a narrativa. [-]

O ator Tahar Rahim, indicado ao Globo de Ouro 2021 por sua atuação em ‘The Mauritanian’, faz mais um belo trabalho em ‘Apostando Alto’. O longa-metragem é a estreia da diretora francesa Marie Monge, que acertou em sua primeira tentativa. Com personagens extremamente bem construídos e bons atores, como no caso de Rahim. Conheça o submundo dos jogos de azar em Paris com essa história, que flerta com o gênero noir e policial, mas acaba entregando uma boa trama dramática. [-]

Adaptação da websérie francesa ‘En passant pécho’, estrelada por Hedi Bouchenafa e Nassim Si Ahmed que estrelam também a versão cinematográfica, assim como o diretor Julien Royal. ‘A Viagem de Heidi e Cokeman’ traz uma divertida história de dois traficantes completamente sem noção com diversas nuances, dentre eles os laços familiares que acabam se tornando necessários para o trabalho da dupla. Esta comédia consegue entreter e lembrar os filmes de besteirol norte-americanos dos anos 2000, mas com um humor mais inteligente. [-]

Não é de hoje que amigos secretos despertam histórias horripilantes nos cinemas — só ver ‘Amigo Oculto’, com Robert De Niro, que ainda arrepia muita gente com o bordão “Charlie!”, ou até mesmo o tenso ‘Babadook’. Em ‘Amizade Maldita’, do realizador canadense Brandon Christensen segue por um caminho similar ao contar a história de uma família que precisa lidar com o amigo imaginário demoníaco do filho. Há muitos chavões na condução da trama pelo lado de Christensen, que se vale do óbvio do óbvio para dar sustos -- jump scares aqui e ali, assombrações que aparecem apenas num segundo movimento de câmera e coisas do tipo. No entanto, a história acaba sendo favorecida pelo desfecho inesperado no roteiro, além de atores competentes que adicionam a tensão necessária à trama. Para se assustar. [-]

Você já parou para pensar em como são feitos funerais? Esse é um tema bastante peculiar para um filme e é isso que encontramos em ‘Meanwhile on Earth’.Este documentário sueco cuidadosamente elaborado mostra os bastidores do que acontece depois que uma pessoa morre. O diretor Carl Olsson soube captar com estilo e leveza algo que costuma ser visto como mórbido. Sem narração, acompanhamos todos os processos de uma funerária e é mais interessante do que parece. Olsson trouxe uma forma diferente de se construir um documentário e foi um baita acerto. [-]

Bonito e emocionante longa-metragem, ‘O Castelo dos Sonhos’ é daqueles filmes sobre perseguição de sonhos, emoção e concretização de ideais. Afinal, aqui, a diretora lituana Lina Luzyte conta a história de uma garotinha que quer realizar o sonho de fazer uma apresentação musical. No entanto, tem sua jornada rumo aos palcos do prestigiado The Castle interrompido por problemas envolvendo sua mãe. A partir daí, acompanhamos aquela típica história da criança obstinada em encontrar seu espaço. Há problemas, principalmente de atuação. Mas o que importa é o coração do filme. E isso tem de sobra. [-]

‘Ponto Vermelho’ é um daqueles filmes que te deixam tenso do começo ao fim. Na trama, um casal viaja para andar de esqui e se torna alvo de caçadores locais. A partir disso, acompanhamos o longa virar um thriller psicológico. Um fato curioso é que o diretor do filme, Alain Darborg, teve a ideia de fazer o roteiro quando descobriu que gostaria de ser pai e como essa sensação causa uma mistura de emoções, dentre elas o medo. O longa acaba sendo uma alegoria para o pavor que sentimos em certas situações da vida explorada de uma forma mais fria. [-]

Interessante filme independente americano, ‘A Festa do Crush’ é um longa-metragem com vários problemas: a narrativa é um tanto quanto redundante, os personagens são previsíveis e há uma abundância de clichês no roteiro e na direção da cineasta estreante Emily Cohn. No entanto, não dá para ignorar o clima pra cima e curioso do filme ao contar a história de uma adolescente tentando perder sua virgindade -- um tema que, geralmente, é visto nos cinemas apenas sob a perspectiva masculina. A boa estética do filme, cheia de um rosa que contrasta com a trama, também ajuda o filme a galgar mais alguns degraus. [-]

Sabe aquelas comédias românticas banais, que não surpreendem em absolutamente nada, mas que ainda assim possuem a capacidade de te deixar leve? É exatamente isso que faz o longa-metragem ‘A Nossa Canção de Amor’, do diretor Bradley Walsh (especialista em fazer essas produções B para televisão, como ‘Família ao Resgate’). Aqui, ele aposta em todas as fórmulas possíveis no universo de comédias e romances, misturando situações e personagens que já foram vistos em dezenas de outros filmes. No final, sem dúvidas não é um filme memorável. Logo dá pra esquecer. No entanto, pode terminar seu dia mais leve. [-]

Esse filme foi feito para os cinéfilos, com ótimas referências do cinema mudo e uma bela fotografia. Composições expressionistas, close-ups no estilo mais retrô possível, figurino impecável e boas atuações, ‘Stump the Guesser’ é um ótimo curta-metragem. Por alguns minutos, até esquecemos que estamos vendo uma produção do século XXI e não da década de 1930. [-]

Mistura de ‘Doze é Demais’ com o pouco conhecido ‘Socorro! Mamãe Saiu de Férias’, o longa-metragem espanhol ‘Pai A Gente Só Tem Um’ explora dois temas em alta: a independência paterna na criação de filhos e as dificuldades de lidar com problemas de casa e o cotidiano dos pequenos. Algumas piadas são datadas e muita coisa parece não fazer mais sentido no século XXI. No entanto, a leveza da trama e as boas atuações das crianças ajudam a fazer com o ‘Pai A Gente Só Tem Um’ seja uma boa e sincera diversão. [-]

‘O Advogado’ é um filme inusitado, para dizer o mínimo. Primeiramente, o diretor Romas Zabarauskas chama a atenção ao contar a história de um advogado gay, que quebra padrões e estereótipos heteronormativos geralmente associados ao ambiente da lei e da Justiça. Depois, em outro ponto, a narrativa volta a dar uma nova dimensão à essa história ao acompanhar o luto do protagonista com a morte de seu pai e uma consequente crise de identidade. O destaque fica por conta da atuação de Eimutis Kvosciauskas, que consegue misturar a imprevisibilidade das situações de seu personagem com sensibilidade ímpar. [-]

São dezenas de produções no cinema e na TV que viajam na figura quase mitológica de Frankenstein -- e mais especificamente o monstro de Frankenstein, criatura do livro de Mary Shelley. Agora, a história ganha mais uma roupagem pelo olhar provocativo e instigante do cineasta grego Costa Zapas -- diretor “descoberto” pelo polêmico Lars Von Trier. Em ‘O Mistério de Frankenstein’, ele transpõe para os dias de hoje o clássico romance de Shelley com uma linguagem que mistura elementos góticos e de animação, além de reintroduzir personagens icônicos da literatura e do cinema com toques peculiares a um conto de fadas assombrado. É divertido, é ousado, é surpreendente. É só embarcar no experimentalismo. [-]

Que filme mais intenso e provocativo é ‘Minha Irmã’, drama selecionado pela Suíça para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021. Dirigido por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, o longa-metragem tem um propósito muito bem definido: falar sobre famílias. Aqui, no caso específico desta produção, sobre a relação entre Lisa (Nina Hoss) e seu irmão, Sven (Lars Eidinger). Ela é uma dramaturga premiada e que está morando temporariamente na Suíça, por conta de obrigações de seu marido — um músico responsável por uma instituição de ensino consagrada do país europeu. O irmão, enquanto isso, está passando por problemas. Ator de teatro, ele se vê longe dos palcos após fazer um tratamento contra um câncer e enfrentar problemas de saúde. A partir disso, Chuat e Reymond habilmente colocam o espectador nesse turbilhão de emoções que aflora nessa história. São intensos encontros e desencontros que, com relações familiares conturbadas, acabam evidenciando o que há de pior e melhor no ser humano. Difícil não sentir a emoção que esses personagens transbordam em tela, confrontados com o suspiro que é a vida. No entanto, atenção: é um melodrama até o último minuto. Não deixa espaço pra [-]