Lançamentos online da semana de 14 de agosto de 2020

‘Deerskin’ não poderia ser um filme mais estranho -- e é isso que o torna tão fascinante. Afinal, o diretor Quentin Dupieux (dos igualmente estranhos ‘Réalité’ e ‘Rubber’) acompanha aqui a história de um homem obcecado em comprar uma jaqueta de camurça que lhe custa todas suas economias. A partir daí, o personagem de Jean Dujardin (do premiado ‘O Artista’) entra numa espiral de loucura e obsessão, dando o tom e o ritmo do filme. Ainda que ‘Estilo Matador’ não tenha o mesmo grau de bizarrice do pneu telepático de ‘Rubber’, o longa-metragem brinca com os limites da narrativa e provoca o espectador o tempo todo a embarcar, junto com o protagonista, nesse momento de insanidade. Destaque, além de Dujardin, para a atuação de Adele Haenel (‘Retrato de uma Jovem em Chamas’), que sai de seus papéis costumeiros para viver uma personagem excêntrica. [-]

Um dos filmes mais aguardados da Netflix na safra de 2020, ‘Power’ é uma mistura de aventura, ação e ficção científica que fala sobre um dos temas mais espinhosos para se tratar num filme desse tipo: as drogas. Aqui, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman (dupla de ‘Atividade Paranormal 3’ e ‘Nerve’), se valem de uma história empolgante para falar sobre os efeitos de uma pílula que dá cinco minutos de super-poderes imprevisíveis ao usuário. Assim, com um direção leve, um roteiro despretensioso e um ritmo vertiginoso, ‘Power’ sabe como brincar com seus limites ao mesmo tempo que alertam o público sobre os efeitos do vício e da sensação de poder que emana das drogas. Destaque para a atuação de Jamie Foxx (‘Django Livre’) e do brasileiro Rodrigo Santoro (‘300’), com uma participação especial brilhante. Assim como ‘Nerve’, é um filme para se divertir, pensar um pouco e se deixar levar pelo ritmo, que acaba sendo o principal atrativo dessa inusitada produção. [-]

Parecendo uma mistura da comédia mexicana ‘Não Aceitamos Devoluções’ (que depois ganhou as versões brasileira e francesa) com o besteirol ‘Correndo Atrás de um Pai’, o longa-metragem ‘O Filho do Noivo’ é uma produção que encara diretamente os desafios da paternidade. Com direção de John Asher (do bonitinho ‘Po’), o filme mostra a relação de um homem com seu filho adolescente -- desconhecido até certo ponto. Juntos e precisando relevar uma série de diferenças de como encaram a vida, entram numa viagem para procurar a mãe biológica do rapaz. Ainda que exija uma certa suspensão da descrença por parte do espectador em algumas passagens e exagere no tom em outras, ‘O Filho do Noivo’ faz o público pensar sobre o verdadeiro significado do que é ser pai (ou mãe) hoje em dia. [-]

‘Queen & Slim’ é o primeiro longa-metragem de Melina Matsoukas, famosa por dirigir os clipes da Beyoncé como ‘Formation’ e episódios da série ‘Insecure’. Matsouka trouxe um tema atual para seu filme e que funciona como um soco no estômago para quem nunca passou por uma situação de preconceito. Em ‘Queen & Slim’, Daniel Kaluuya, indicado ao Oscar por sua atuação em ‘Corra’, e Jodie Turner-Smith, da série da Netflix, ‘Nightflyers’, interpretam Slim e Queen, que tem seu primeiro encontro interrompido por uma batida policial. É fácil associar a história com as manifestações em prol das vidas negras que marcaram o ano de 2020 após a morte de George Floyd. O rapaz foi assassinado brutalmente em uma ação da polícia em Minneapolis, Minnesota, EUA. A produção é importante por trazer esse contexto e também por ser uma bonita história, emocionante e seca nos momentos necessários. [-]

O roteirista e diretor de ‘Deu a Louca na Chapeuzinho’, Cory Edwards, trouxe uma animação original com produção da Netflix. O cineasta mudou dos Estados Unidos para o Canadá só para se dedicar ao projeto. ‘Nível Hard’ é um filme de heróis da vida real, contando a história de um adolescente que adora vídeo-games e embarca em uma aventura real - onde será necessário o uso de suas habilidades de gamer para salvar o dia. Uma produção divertida, com boas sequências de ação e muito bem feita, a estética é realmente boa. Os personagens foram desenhados por Peter DeSève, mesmo artista de ‘Monstros S.A’, ‘Procurando Nemo’, ’Robôs’, ‘A Era do Gelo 3’ e outras animações. ‘Nível Hard’ é indicado para toda a família. [-]

Qual o significado de política para adolescentes? Para muitos, é uma chateação. Para alguns, algo abstrato. Para outros, um objetivo a ser perseguido e melhorado. É o caso dos adolescentes retratados em ‘Boys State’, documentário exclusivo do Apple TV+, que conta a história de um grupo de jovens que se unem para simular um governo representativo. A partir daí, os diretores Amanda McBaine e Jesse Moss se debruçam sobre os desdobramentos desse grupo e trazem questionamentos pertinentes sobre o ato de fazer política. Produção essencial e urgente para aqueles que gostam de debater sobre os caminhos políticos do mundo. Vencedor em Sundance. [-]

Essa é a continuação da franquia ‘A Princesa Encantada’, que conta a história da princesa Odette e do príncipe Derek. Em ‘O Casamento Real’, o casal vai para China para ajudar a princesa Mei e seu futuro marido, Chen, esse é o décimo filme da saga. A animação foca na cultura chinesa e é ótima para crianças. Apesar de ser mais uma história com matrimônio de plano de fundo - que é um grande clichê em trama de princesas -, o enredo foge do tradicional e coloca a mulheres em foco, como as heroínas. A mensagem de ‘A Princesa Encantada: O Casamento Real’ é que o bem sempre vence o mal e que as protagonistas femininas tem muita coragem, inteligência e definem seus destinos. [-]

Dublês também merecem finais felizes. Essa é uma das mensagens do curta dirigido pelo premiado diretor Damien Chazelle - vencedor do Oscar de melhor diretor por ‘La La Land: Cantando Estações’. Aqui, em ‘O Dublê’, o cineasta mostra uma nova forma de ver o cinema, de forma vertical, e filmado inteiramente com um celular. O filme entrega uma história sensível e diferente, levando em consideração que o trabalho dos dublês é tão importante e raramente reconhecido. Em menos de 10 minutos dá para se emocionar, rir e se encantar com a ótima direção de Chazelle - deixando o espectador com um gostinho de quero mais. Lançado de forma gratuita no YouTube. [-]

Um filme incrivelmente bonito com uma história tão triste. O diretor Bo Hu fez um trabalho impecável ao conseguir tirar beleza de momentos tão banais e desoladores. Esse foi o longa de estreia do cineasta chinês e ele acertou em cheio, sem dúvida, Bo Hu é um nome que precisamos ficar de olhos nos próximos anos. ‘Um elefante sentado quieto’ é um título que se encaixa como uma luva nessa trama, que mostra o lado mais difícil, e também o mais feio, dos seres humanos. Ao longo de quase quatro horas, o diretor consegue deixar a história mais emocionante e impactante. O elenco do filme é impecável, todos entregam atuações sensíveis e densas, o que deixa o enredo ainda mais forte. É uma produção intensa, mas vale a pena assistir a cada segundo pois no final compreendemos como a vida é importante e que muitas vezes deixamos de valorizá-la. [-]

O diretor uruguaio, Martín Sastre, volta a trabalhar com Natalia Oreiro, que foi protagonista de seu primeiro longa ‘Miss Tacuarembó’, nessa produção. O filme fez o mundo conhecer um pouco do cinema do Uruguai e abriu portas para o cineasta, que estreia na Netflix com ‘Nasha Natasha’. O documentário é justamente sobre a vida de Oreiro, uma importante artista latino-americana, tendo feito filmes e novelas. Ela ficou muito famosa na Rússia por seus trabalhos, como atriz e cantora. O cineasta mostra a influência dela no país ao focar em sua passagem por lá em 2014. Natalia Oreiro chegou a ser paquita da Xuxa, na versão argentina do programa. [-]

O câncer é considerado um dos grandes males modernos. Afinal, a doença 1 em cada 5 homens e 1 em cada 6 mulheres, de acordo com dados da International Agency for Research on Cancer (IARC). Assim, a partir da amplitude do problema, o documentário ‘Vida sem Câncer’ se propõe a trazer algumas respostas. Ainda que seja impossível determinar um modelo de vida mais saudável e que evite o aparecimento da doença, já que isso se deve a incontáveis fatores, o longa-metragem traz depoimentos de médicos, pesquisadores e cientistas para se aprofundar mais nas causas da doença e entender meios de se curar do câncer. Obviamente, não tem respostas prontas, nem pode servir como uma guia para as pessoas. No entanto, traz acalento com um olhar médico sobre o tema. [-]

A Netflix, nos últimos anos, está se empenhando cada vez mais em trazer produções de Bollywood -- como é chamada a Hollywood indiana. ‘A Tenente de Cargil’, produção exclusiva da plataforma de streaming, é mais um exemplo disso. Aqui, o espectador é convidado a mergulhar em uma trama que não tem danças, nem histórias musicais. Na verdade, a produção vai por um caminho inusitado ao contar a história da primeira pilota de combate da Índia. Inspirador, ainda mais sendo referência em um país que mantém uma estrutura patriarcal e machista, o filme é daqueles que você chega ao final querendo ler mais sobre aquela personagem, entender mais seus percalços. No entanto, vale dizer: por mais que tenha um ar americanizado e um pouco longo do tradicional cinema de Bollywood, este não é uma drama típico, que estamos acostumados a ver nas telonas. Tem algumas passagens exageradas, algumas histórias mal contadas. Mas, no final, não importa a origem. Continua sendo uma história forte, potente e que deve deixar qualquer espectador, seja de onde for, emocionado. [-]

Um retrato sobre o movimento transformista com foco na artista carioca Lorna Washington, cujo nome real é Celso Maciel. Ela foi um ícone das boates gays no Rio de Janeiro e sua trajetória começou aos 18 anos. O documentário, que traz um formato convencional, é bastante realista mostrando o lado glamouroso de Lorna e também a vida difícil que ela enfrentou. Seu estilo irreverente e performances marcantes deixem a obra ainda mais rica. Vale citar que Lorna Washington é também símbolo de militância, por sua luta contra preconceito e conscientização sobre HIV. ‘Lorna Washington: Sobrevivendo a Supostas Perdas’ é um filme importante para entender melhor sobre a cultura das drags e também a comunidade LGBT+. [-]

O título do filme faz alusão ao golpe “príncipe da Nigéria”, conhecido também como “Fraude nigeriana”, que foi bem popular na internet há um anos. O golpista mandava um e-mail em nome de um príncipe da Nigéria, ou outro país da África, dizendo que você foi escolhido para receber uma herança e para receber o dinheiro você precisaria responder a mensagem com seus dados. O filme pode não ser baseado nisso, mas a trama do longa é focada em crimes virtuais. Em ‘O Príncipe Nigeriano’, acompanhamos a história de um jovem americano que vai para Nigéria e lá, começa a dar golpes na internet. A produção não é original Netflix, é uma produção independente de 2018 que foi adquirida pelo streaming e entrou como estreia em 2020. O longa é uma excelente porta de entrada para o cinema nigeriano, popularmente conhecido como Nollywood. O mercado cinematográfica do país é grande e perde apenas para Bollywood. [-]

Alcatraz é um das prisões mais debatidas, idealizadas e questionadas na história do sistema penal. Afinal, esta construção americana colocou prisioneiros em um ambiente inóspito na costa da Califórnia, estado dos EUA, e ali tornava quase impossível a possibilidade de uma fuga ou até de uma rebelião. Não é à toa que uma das poucas fugas da prisão foi parar nas telonas dos cinemas no elogiado ‘Fuga de Alcatraz’, com Clint Eastwood. Agora, neste terror de Steve Lawson (dos estranhos ‘Hellriser’ e ‘KillerSaurus’), o espectador é convidado a mergulhar numa trama sombria e de tons sobrenaturais ao redor de um guarda do turno noturno de Alcatraz. Massacrado por crítica e público, ‘O Segredo de Alcatraz’ é daqueles filmes de terror para se deixar levar pelas bizarrices da situação e rir dos sustos armados pelo diretor. Veja, não leva a sério demais e se divirta à beça. [-]

Não, esta produção sul-africana não é a adaptação homônima dos quadrinhos de Frank Miller. Na verdade, ‘Sin City’ está mais para um novo ‘Cinquenta Tons de Cinza’ do que qualquer outra coisa. Afinal, a trama deste drama-suspense-romance é direto ao ponto: um casal focado demais no trabalho, e sem tempo para o amor, decide dar uma guinada no romance e apimentar as coisas. A partir daí, com uma estética que lembra muito a franquia de filmes do Mr. Grey, ‘Sin City’ brinca com as fronteiras do gênero ao lidar com uma história que fala sobre romance, ao mesmo tempo que traz uma pitada de drama nas dores de seus personagens e um suspense inesperado no meio -- assim como ‘Cinquenta Tons Mais Escuros’, que tem aquela trama policial perdida no seu desenvolvimento. Obviamente, ‘Sin City’ não é um filme para todos. É preciso estar aberto a aceitar alguns furos de roteiro, atuações mecânicas e um ambiente genérico. Mas quem estiver órfão de novas histórias do Mr. Grey, sem dúvidas, poderá encontrar aqui um reconforto bem feito e que cumpre o que promete. [-]

Uma nova versão japonesa de ‘O Chamado’ feita pelo diretor do filme original, Hideo Nakata. A produção atualiza o longa que fez Sadako -- o nome original de Samara -- aterrorizar uma geração. ’Sadako: Capítulo Final’ traz a história já conhecida para os dias atuais. Agora, não temos mais fitas cassetes e sim o Youtube, que consegue fazer uma maldição se espalhar com muito mais facilidade. Por já conhecermos a trama, o terror acaba não surpreendendo tanto, mas se você é fã da franquia certamente vai gostar desse novo filme. [-]

Antes de qualquer outra coisa, já vai o aviso: ‘Resgate em Malibu: A Próxima Onda’ é o spin off de uma produção de sucesso entre o público adolescente. Além de um outro filme, chamado ‘Resgate em Malibu’, esses mesmos personagens já foram vistos numa série homônima que acabou sendo sucesso de público. Por isso, se não via nada disso, melhor ver o que falta e voltar depois. Afinal, ‘Resgate em Malibu: A Próxima Onda’ dá conta dos eventos diretos dessas outras produções para falar sobre uma competição que acontece em Malibu. Com um tom adolescente que não tem vergonha de adotar situações extremas e bobas, o filme é daquelas histórias para se desligar a cabeça e curtir. Afinal, são tantos absurdos em pouco mais de uma hora que é difícil até mesmo de enumerá-los. É um filme como ‘Baywatch’ ou, até mesmo, ‘American Pie’. É melhor aceitar as bizarrices da produção, lembrar dos seus tempos de adolescente e embarcar na próxima onda. [-]