Lançamentos online da semana de 29 de maio de 2020

Filme massacrado pela crítica, ‘Dolittle’ traz alguns dos momentos mais vergonhosos do cinema de 2020. Afinal, esta nova versão do clássico livro de Hugh Lofting tem um Robert Downey Jr. esquisito, tramas sem sentido e até mesmo uma colonoscopia em um dragão. O diretor Stephen Gaghan (do ótimo drama ‘Ouro’) definitivamente não soube acertar o tom entre a comédia e a aventura. Mas, no final das contas, é uma daquelas histórias que acabam cativando por suas bizarrices. Não há as piadas escrachadas de ‘Dr. Dolittle’, com Eddie Murphy, mas um humor estranho e peculiar, nascido a partir de situações inesperadas e até mesmo de vergonha alheia. Além disso, é importante destacar o bom trabalho de voz feito aqui, com atores do calibre de Emma Thompson, Rami Malek, Octavia Spencer e Ralph Fiennes. E sem falar dos efeitos especiais, que são de fazer cair o queixo em alguns momentos. Tem problemas? Sem dúvidas. Mas o riso pode vir de lugares inesperados e a diversão pode estar garantida. Só não levar tudo a sério demais. [-]

Inga acaba de perder o marido, um fazendeiro de uma região rural da Islândia, e se vê na obrigação de tocar a fazenda para sustentar sua família. No entanto, num ato de rebeldia e de libertação, ela decide romper com uma espécie de máfia de sua cidade, que mantém os fazendeiros num ciclo vicioso. Dirigido por Grímur Hákonarson (do ótimo ‘A Ovelha Negra’), ‘A Resistência de Inga’ se debruça sobre uma história de resistência e transformação poderosa, colocando uma mulher solitária como protagonista de sua própria história. E ainda que fale sobre um caso específico, de uma pessoa de uma zona rural nos confins da Islândia, é uma trama que transcende suas barreiras. Indo num sentido contrário do frio e da palidez da região retratada, ‘A Resistência de Inga’ fala sobre a força da mulher e o seu poder de transformar uma sociedade presa ao passado, se conectando com o presente. [-]

Os efeitos da guerra na vida e no psicológico de veteranos já foram amplamente abordados nos cinemas. No primeiro ‘Rambo’, uma abordagem mais catastrófica, mostrando a exclusão de um veterano na sociedade, e baseada na ação. Em ‘Nascido em 4 de Julho’, um veterano paralítico se torna um dos principais ativistas da causa. E agora, em ‘Até o Limite’, o cineasta Anthony Hornus (‘An Ordinary Killer’) traz mais uma história nesses moldes, só que mais emocional e lacrimosa. Afinal, o filme aborda a relação entre veteranos abalados com um tratamento feito com cachorros, em um abrigo voltado para esse fim. Nessa mistura de história de cachorros com pessoas abaladas pela guerra, sobram cenas impactantes e melodramáticas, forçando o espectador a soltar algumas lágrimas com subtramas sobre maus tratos, bullying, abrigos, falta de empatia e outras coisas do tipo. Espectadores mais emocionais e sensíveis vão se entregar sem pensar duas vezes. Outros, porém, podem achar a mensagem forçada. Mas, ainda assim, ‘Até o Limite’ cumpre sua função e ajuda a disseminar mensagens sobre adoção, carinho e empatia com o próximo. Longa inédito no Brasil, que chega primeiro no streaming. [-]

Filme original da Amazon e exclusivo do Prime Video, ‘A Vastidão da Noite’ é daquelas produções que ecoam histórias do século passado sobre OVNIs e aparições de extraterrestres. Afinal, numa mistura de suspense e ficção científica, o filme transborda charme e elegância sob a batuta do competente diretor estreante Andrew Patterson. Brincando com a profissão de radialista, e com referências diretas à clássica história ‘A Guerra dos Mundos’, a tensão necessária na trama surge a partir de elementos sobrenaturais de onde menos se espera. E no final das contas, assim como ‘Ad Astra’ e outros filmes filosóficos sobre exploração espacial, acaba dissertando sobre a pequenez humana frente ao desconhecido do espaço e além. A crítica especializada no exterior já rasgou elogios para o longa-metragem, que está sendo considerado por muitos como a história mais interessante de aliens desde ‘A Chegada’, em 2016. Ainda que, obviamente, com um orçamento muito menor e de bem menos impacto. [-]

Este delicado documentário cubano tem um propósito parecido com o recente ‘Secreto e Proibido’, da Netflix: mostrar uma história de amor sobrevivendo ao tempo, apesar de preconceitos e situações adversas. No caso de ‘A Música das Esferas’, o centro das atenções é a história de um casal interracial em plena Cuba dos anos 1980. Com direção delicada e afetiva, o cineasta Marcel Beltrán (do bom ‘Digna Guerra’) -- filho do casal retratado -- mostra como o amor pode ser uma arma efetiva em momentos sensíveis. A aversão do pai da esposa ao casamento, o desagrado de vizinhos e a perda de amigos estão dentre os assuntos abordados. No entanto, assim como no documentário da Netflix, o amor acaba ganhando o principal espaço e fazendo com que o filme, de alguma forma, seja uma carta de amor que ultrapassa gerações e sirva de inspiração à todos que assistirem. Mais uma estreia da semana que chega direto para o streaming. [-]

Filme exclusivo da Netflix, o suspense ‘Desaparecida’ teve uma recepção terrível por parte da crítica e do público, que o considerou sonolento e pouco inventivo. Apesar disso, o serviço de streaming volta a apostar nessa história criminal em ‘Presságio’. Aqui, porém, o diretor Alejandro Montiel dá alguns passos para trás e fala sobre a origem de alguns elementos anteriores aos acontecimentos do primeiro filme. É a chamada ‘prequel’. Obviamente, o tom continua o mesmo: o ritmo é lento, as coisas são um pouco confusas e o roteiro vai avançando aos solavancos. No entanto, para quem gostou de ‘Desaparecida’, vai encontrar aqui um alento ao ver algumas coisas nebulosas enfim solucionadas. Continua a não ser um grande filme policial. Mas deve agradar aqueles que buscam uma história banal de fórmulas tradicionais do cinema de investigação e criminal numa Argentina diferenciada. [-]

‘Cats’ é uma das peças mais icônicas e importantes da Broadway, em Nova York. Já levou multidões aos teatros ao redor do mundo e conquistou uma legião de fãs. No entanto, infelizmente, a história dos Jellicles não encontrou o espaço que merece nos cinemas. Já teve a versão obscura de 1998, com efeitos especiais decadentes e uma direção confusa. Mas, depois disso, a história de ‘Cats’ foi além e atingiu outro grau de bizarrice com o longa homônimo dirigido por Tom Hooper (dos premiados ‘O Discurso do Rei’ e ‘Os Miseráveis’). Afinal, para tentar concorrer ao Oscar, o cineasta apressou a pós-produção e acabou entregando ao público uma versão de acabamento péssimo, com efeitos especiais ruins. Isso acabou motivando o lançamento de uma segunda versão, com efeitos um pouco mais refinados -- e é essa que está disponível em video on demand. Ainda assim, a impressão é de que o filme saiu de algum porão dos anos 1980 -- a cena das baratinhas, por exemplo, é uma das coisas mais vergonhosas do cinema dos anos 2000. Mas, para os fãs de filmes musicais, atravessar essa barreira visual pode ser um bom negócio. Afinal, as músicas de ‘Cats’ continuam emocionantes. [-]

Na linha de obras distópicas violentas como 'Batalha Real' ('Battle Royale') ou o mais popular 'Jogos Vorazes', 'A Caçada' pode ser descrito como mais um filme com uma parábola sobre uma sociedades na miséria. No entanto, este, dirigido por Craig Zobel (diretor de episódios de séries como 'Westworld' ou 'American Gods') e escrito por Damon Lindelof (criador da bem-sucedida série televisiva 'Watchmen'), pretende ser uma sátira da profunda divisão social e política entre a direita e a esquerda que existe nos Estados Unidos (e, claro, também no Brasil), com debates acalorados sobre liberalismo, conservadorismo e o papel da mídia. Pode não ser tão profundo e ácido quanto parece, mas com sua extrema violência e um elenco de peso com Hilary Swank (Meninos Não Choram'), Emma Roberts (Nerve: Um Jogo Sem Regras') e Betty Gilpin ('GLOW'), o resultado ainda é um longa-metragem divertido com ar cinema B. Longa que perdeu a janela dos cinemas por causa da pandemia, 'A Caçada' chega direto para o video on demand em um formato diferente: apenas para aluguel e por um valor mais caro, próximo ao do ingresso do cinema. [-]

Do cineasta Fernando Frías de la Parra (diretor da série 'Los Espookys', da HBO), 'Ya no soy aqui' é o vencedor do prêmio de Melhor Filme Mexicano e do prêmio do público no Festival de Morelia, em 2019, além de ter sido selecionada no Festival de Tribeca de 2020. A história, localizada no norte do México, segue um adolescente que se identifica como “cholombiano”, um movimento contracultural hoje quase extinto devido à violência e o envolvimento com o narcotráfico, e que mistura a estética dos mexicanos com a influência cultural de décadas da migração colombiana, em particular o gosto pela cumbia.O resultado é um retrato típico da América Latina, ainda que quase que desconhecido pelos brasileiros. Mais uma estreia exclusiva da Netflix. [-]

Mais um dia, mais um filme com Bruce Willis fazendo um cara durão. 'Sobreviva à Noite' é um thriller com elementos de ação cuja premissa é baseada no subgênero de “invasão de casas”, popularizado por produções de terror como 'Uma Noite de Crime'. Este longa se se desenrola dentro das convenções de seu gênero, com os clichês que o caracterizam e sem muitas revelações sobre seus personagens - o que não significa que não seja divertido. Não acrescenta nada de novo, mas se você quiser ver Bruce Willis salvando o dia mais uma vez, você veio ao lugar certo. Também é um lançamento que não foi exibido nos cinemas. [-]

Vencedora de diversos prêmios do cinema independente americano, ‘Você Tenha um Bom Voo’ é daquelas comédias inesperadas. Afinal, com um humor bem particular, o longa-metragem mostra os percalços de uma jovem vietnamita em um aeroporto. Ela não sabe falar inglês, se perde naquele ambiente colossal e, principalmente, não encontra ajuda na companhia aérea. A partir daí, o cineasta estreante Jimmy Dinh bebe da fonte de ‘Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu’ e brinca com os vários tipos e estereótipos que circulam em um saguão de aeroporto. Para muitos, o humor pode ser exagerado e até passar um pouco do ponto. No entanto, a sensibilidade do diretor e da atriz principal acaba elevando a qualidade do longa-metragem, que traz uma boa mensagem em sua conclusão. Outra estreia da semana exclusiva do VOD. [-]

Seguindo a sanha de Hollywood em embalar grandes filmes estrangeiros com uma produção tipicamente americana, ‘Downhill’ é a adaptação do premiado ‘Força Maior’ -- filme sueco que ficou muito conhecido pela cena do pai abandonando a família numa avalanche. Aqui, nesta nova versão estrelada por Julia Louis-Dreyfus (da série ‘Seinfeld’) e Will Ferrell (‘Tudo por um Furo’), o drama cede espaço para uma comédia mais familiar e de situação, com os diretores Nat Faxon e Jim Rash (do ótimo ‘O Verão da Minha Vida’) suavizando os tons a partir do material sueco. Mas, ainda que os cinéfilos mais tradicionais fiquem desconfortáveis com essa releitura, é interessante perceber como ‘Downhill’ funciona em algumas de suas camadas e acaba se tornando um material independente interessante. Os protagonistas Louis-Dreyfus e Ferrell possuem uma química inesperada e o desconforto entre a família, causado pela fuga da avalanche, é sentido a cada cena do filme. O original é melhor? Com certeza. Há mais profundidade e força, além de um frescor interessante. Mas esse remake funciona se você esquecer um pouco do original e dar uma chance para essa releitura americana. Dá para assistir aos dois, sem problemas [-]

Na cena cinematográfica independente americana, Al Adamson foi um cineasta que se destacou por seus filmes de baixo orçamento e conteúdo duvidoso, tendo trabalhado com atrizes pornôs, Charles Manson e outros personagens controversos em produções B como ‘Dracula vs. Frankenstein’, 'Psycho A-Go-Go', 'Black Samurai' - entre outras trinta produções que agora são consideradas cult. Por meio de material de arquivo e entrevistas com dezenas de seus colegas, 'Blood & Flesh: The Reel Life & Ghastly Death of Al Adamson' consegue reconstruir a fascinante vida do cineasta e sua estranha carreira, pois também fornece um tour para uma era perdida de Hollywood em que risco e rebeldia significavam uma oportunidade de fazer algo especial e diferente... mesmo que não fosse lá muito bom. Documentário que chega primeiro ao Amazon Prime Video. [-]

Estreia de Bruna Marquezine nos cinemas, o drama ‘Vou Nadar Até Você’ é um filme inicialmente confuso. Afinal, a trama, superficialmente, não faz muito sentido. Nela, uma jovem (Marquezine) do litoral descobre que o pai, sumido há anos, está numa cidade ali perto. A partir daí, ao invés de pegar uma carona ou um ônibus, a garota decide ir a nado. Sim: para alcançar o pai, que ela não vê desde que nasceu, Ophelia opta por ir pelo caminho mais difícil, dando milhares de braçadas para atingir seu objetivo. É estranho e grande parte do público deve se descontentar. No entanto, indo além, este filme de Klaus Mitteldorf acaba falando nas entrelinhas de mais coisas do que parece. Paternidade, solidão, medo, abalos psicológicos. São temas que acabam surgindo entre uma braçada e outra. Além disso, Marquezine mostra que é uma atriz pronta para vários desafios, acertando no tom da personagem. Um filme atípico, sem dúvidas. Mas com profundidade. [-]

Nos últimos anos, o diretor português Nuno Dias acompanhou de perto a vida e a carreira de Kalani Lattanzi, um dos grandes fenômenos do mundo das ondas gigantes. Agora, neste curta-metragem documental, Dias mostra a passagem de Kalani pelo Rio de Janeiro, falando desde a origem do “waterman” brasileiro, passando pelos primeiros contatos com o mar até chegar aos grandes desafios de sua carreira. Direto ao ponto, o filme não perde tempo com histórias que não interessam. Fãs desses aventureiros do mar e profissionais do bodysurf devem encher os olhos com cenas inéditas e que mostram o preparo de Kalani para enfrentar o oceano. Filme vencedor do Festival Lagoa Surf e Arte, em Florianópolis. Exclusivo do streaming. [-]

Você já imaginou a existência de uma religião chamada Monstro do Espaguete Voador? Pois bem, ela não apenas existe, como é a de maior crescimento em todo o mundo. Os seus fiéis, chamados de pastafaris, apostam numa crença baseada em paródias e ironias, brincando com a exigência de ensinar criacionismo em escolas americanas. Para eles, o mundo todo foi criado pelo monstro do espaguete voador, entidade com milhões de anos. Também dizem acreditar que o aquecimento global está diretamente conectado com a queda no número de piratas. E o céu, na religião deles, conta com um imenso vulcão de cerveja. E é nessa maluquice de bom humor e bizarrice que se debruça o curta-metragem documental ‘Eu, Pastafari’. Dirigido pelo estreante Mike Arthur, o filme fala sobre os bastidores da religião, desde sua criação, passando pelo reconhecimento jurídico e indo até os dias de hoje, quando os pastafaris viram alvo de ódio de cristãos fundamentalistas. Outra estreia que chega primeiro ao streaming. [-]

São inúmeros os pontos de vista possíveis a serem abordados no cinema sobre a Primeira e a Segunda Guerra. Algumas vezes, os cineastas se valem da narrativa e da forma de filmar para se destacar, como foi o caso do premiado ‘1917’. Em outras, histórias grandiosas como em ‘O Resgate do Soldado Ryan’. E, por fim, há aqueles filmes que se debruçam sobre histórias gloriosas pouco conhecidas do grande público. É o caso de ‘Heróis de uma Guerra’, produção que visa contar a glória de um grupo de soldados sérvios durante a Primeira Guerra Mundial. É um filme sem grandes atrativos estilísticos ou até narrativos, se valendo de lugares-comuns para se sustentar. No entanto, o diretor Predrag Antonijevic (do bom ‘Policial sob Suspeita’) acerta na emoção e no tom abordado para falar dos soldados em total desolação, lembrando produções como ‘Pelotão de Elite’ e ‘O Último Batalhão’. É daqueles filmes pouco memoráveis, mas que devem mexer com a emoção das pessoas enquanto o assiste -- inclusive aquelas que não gostam tanto de filmes de guerra. Lançamento direto para o video on demand. [-]

Bruce Lipton é um biólogo americano que segue a teoria de que a expressão gênica pode ser influenciada por fatores ambientais, tendo um impacto maior na saúde do que a pesquisa genética determinou. Neste documentário, que faz parte da série ‘Heal Lessons’, Lipton fala mais sobre o impacto da biologia e da natureza na saúde dos indivíduos. Além disso, indo além em suas teorias, o biólogo americano fala sobre o poder de cura que pode ser encontrado pelas pessoas em fatores ambientais e nas condições ao redor. Mas vale lembrar: você não deve deixar de lado os tratamentos tradicionais. Consulte o seu médico. [-]

Bernie Siegel é o fundador do Excepcional Cancer Patient, uma forma específica de terapia que se vale de desenhos, sonhos, imagens e sentimentos dos pacientes. Assim, a ideia é criar um confronto terapêutico seguro e amoroso, facilitando as mudanças no estilo de vida pessoal e a cura da vida do indivíduo. Neste documentário, que faz parte da série ‘Heal Lessons’, o dr. Siegel fala mais sobre benefícios físicos, espirituais e psicológicos deste tipo de cura e disserta sobre a amplitude de seu potencial de cura terapêutico. Vale lembrar: você não deve deixar de lado os tratamentos tradicionais. Consulte o seu médico. [-]