Lançamentos online da semana de 3 de setembro de 2021

Se você gosta de filmes sobre colonização e conquistas, 'No Limite do Mundo' deve te agradar. Dirigido por Michael Haussman (do interessante 'Do Not Disturb'), o longa-metragem conta a história real do soldado britânico James Brooke. Com uma veia de explorador, ele desafiou a coroa britânica em 1840 para governar um reino maior que a Inglaterra. Assim, numa trama que mistura colonização, piratas, escravidão e algumas imprecisões históricas que merecem discernimento, acompanhamos a jornada desse homem com pinceladas de drama, aventura e ação. Destaque para Jonathan Rhys Meyers ('Vikings'), que interpreta um James Brooke real e falível, para além da lenda, e Dominic Monaghan, o Merry da saga 'O Senhor dos Anéis'.

O diretor Lee Isaac Chung é filho de imigrantes coreanos e cresceu em uma fazenda no interior dos Estados Unidos. Esse contexto deixa ‘Minari: Em Busca da Felicidade’ ainda mais interessante. O filme conta justamente a história de uma família da Coreia do Sul em busca de condições melhores de vida na América do Norte, nos anos 1980. Essa pode não ser uma trama inovadora, no entanto a delicadeza da produção consegue torná-la única. O elenco está impecável - especialmente quando falamos do ator mirim Alan S. Kim, que traz um brilho à tela toda vez que aparece, e Yuh-Jung Yong, intérprete da avó (e que foi indicada ao Oscar por sua atuação). ‘Minari’ discute valores culturais, familiares, religião e ancestralidade de uma forma muito natural. O simbolismo do título do longa é muito forte, já que eles vão para os Estados Unidos para vencer na vida e quem os salva, são suas raízes coreanas. Além da indicação à Yuh-Jung Yong, o filme concorre em mais cinco categorias no Oscar 2021, incluindo melhor filme e direção.

A conhecida história de Cinderela - que já foi adaptada ao cinema incontáveis vezes - ganha uma nova versão com a cantora pop Camila Cabello. Não, isso não é nenhuma novidade, afinal, Hilary Duff, Selena Gomez, Sofia Carson e a cantora dos anos 1990, Brandy Norwood, já deram vida à personagem. Mas, esta adaptação ganhou um toque ainda mais moderno e, como seus precursores, é um filme bonitinho. Essa é a primeira vez que vemos Cabello atuar e, mesmo em sua estreia, ela genuinamente entrega um trabalho bom. Os grandes destaques do elenco são Idina Menzel como a madrasta e Billy Porter como o Fado Madrinho, que poderia ter aparecido um pouco mais. É difícil fazer a Cinderela perder o encanto a produção acerta o tom. Uma comédia romântica divertida e que vai agradar quem é fã de contos de fadas.

Ainda que o cineasta Neil Burger aposte no lugar-comum na maioria de seus filmes, como em ‘Amigos para Sempre’ e ‘Divergente’, é inegável que o cineasta tenta ir além com ‘Viajantes: Instinto e Desejo’. Estrelado por nomes como Colin Farrell, Tye Sheridan e Lily-Rose Depp, o longa-metragem brinca com o sentimento de vazio do espaço para falar de astronautas, em uma longa missão, que vão transitam entre a paranóia e a loucura, sem saber o que é real ou não, num cenário desesperador. Ainda que tenha obviedade em seu âmago, com alguns personagens um tanto quanto rasos demais, ‘Viajantes: Instinto e Desejo’ sabe provocar e, quem sabe, te tirar da zona de conforto enquanto assiste ao filme sobre esses astronautas, quase todos adolescentes, perdendo o controle no meio do nada.

Que filme mais bonito e impactante é ‘Não Há Mal Algum’, que recebeu o prêmio máximo no Festival de Berlim. Na trama, dirigida pelo iraniano Mohammad Rasoulof, acompanhamos quatro histórias totalmente distintas sobre o mesmo tema: pena de morte adotada pelo governo do Irã. A partir daí, são vários os olhares e ângulos colocados em perspectiva pelo longa-metragem na telona: um homem de vida comum e profissão misteriosa; um soldado que não quer ser responsável por aplicar a pena de morte; um rapaz que vive com os fantasmas da profissão; por fim, um curta que segue um caminho emocional. Apesar de vermos quatro histórias distintas e sem conexão clara entre elas, como ‘Relatos Selvagens’, não há falta de coesão nesse filme de Rasoulof. Afinal, por mais que sejam personagens em situações completamente distintas, eles conversam a partir de suas dores, medos, angústias e pesadelos, sempre guardados na consciência moral e em suas memórias. Além disso, engana-se quem pensa que ‘Não Há Mal Algum’ é um filme apenas sobre pena de morte. O diretor, na verdade, se vale desse tema para ir além e, assim, construir uma narrativa que faça uma crítica contundente ao sistema autoritário do Irã -- a inserção da música ‘Bella Ciao’, hino contra o fascismo durante a Primeira Guerra Mundial, não é gratuita. É um longa bonito, bem produzido e poderoso, mas também serve como um importante filme-denúncia. Encontra meio de acusar por meio da arte e pelas histórias naturais e muito bem contadas que o cinema árabe vem proporcionando.

Sucesso absoluto na Ásia, 'The King's Avatar' é uma série de televisão chinesa -- baseada no romance da web de mesmo nome de Hu Dielan -- com uma história extremamente contemporânea: a jornada de um gamer de elite que precisa encontrar novamente sua voz e seu espaço nesse universo dos videogames após ser expulso de sua equipe. Agora, no filme 'The King's Avatar: Pela Glória', spin-off da série, acompanhamos uma jovem equipe de gamers que é patrocinada para participar de sua primeira competição nacional de Glory. Apesar de ter novos personagens e uma história que escapa do que é mostrado da série, deve agradar os fãs da produção televisiva pelo mesmo tom da trama. E também é um bom divertimento não só para fãs de produções chinesas do tipo, como também para quem quer saber mais sobre o mercado competitivo dos games.