Lançamentos online da semana de 5 de fevereiro de 2021

Esse não é apenas mais um romance adolescente, é uma história cheia de camadas e das mais tocantes possíveis. Partindo do príncipio que filmes sobre doenças são difíceis de ver, esse consegue ser um pouco mais sutil muito por conta de se tratar de dois jovens, interpretados por Jaden Smith e Cara Delevingne. Smith dá um show de atuação e mostra que herdou o talento de seu pai, Will Smith. Não é por acaso que impressionou todo mundo com ‘À Procura da Felicidade’ quando era apenas um garotinho. Vale citar que um dos grandes acertos de ‘A Vida em um Ano’ é o ator. [-]

Depois de ‘História de um Casamento’, chega a vez do cineasta Sam Levinson (da aclamada série ‘Euphoria’) dar seu olhar sobre um casamento com problemas. Essa é a premissa central de ‘Malcolm & Marie’, filme original e exclusivo da Netflix filmado durante a pandemia do novo coronavírus — e totalmente em segredo. Na base da trama, acompanhamos uma noite na vida do casal Malcolm (John David Washington) e Marie (Zendaya), que voltam para casa, após a festa de lançamento de um filme dirigido pelo rapaz, para aguardar o iminente sucesso de crítica e financeiro. A partir daí, acompanhamos o que Levinson faz de melhor: um mergulho psicológico na vida e no relacionamento desse casal. O destaque absoluto fica para a atuação de Zendaya e John David Washington, que brilham em cena. E para a elegante fotografia em preto-e-branco. [-]

A Palestina é uma região em guerra há anos, dominando sempre aulas de geografia e telejornais de todo o mundo. E nunca parece haver um ponto final no conflito. De olho nisso, os cineastas Julio Soto Gurpide e Mohamed El Badaoui rodaram ‘Palestina’, este longa-metragem que se vale de uma situação um tanto quanto peculiar (e um pouco brega, vamos admitir): um soldado israelense é ferido e perde a memória e, depois, passa a ser tratado como um jovem palestino desaparecido há muito tempo. É a deixa para os personagens — e os espectadores, dentro dessa história — questionarem a validade dessa guerra que já matou tanta gente e, em determinado ponto, parece não fazer mais sentido. [-]

Filme original e exclusivo do Amazon Prime Video, ‘Bliss: Em Busca da Felicidade’ é daquelas produções com potencial enorme. Afinal, sob a batuta do diretor Mike Cahill (do excelente ‘O Universo no Olhar’), acompanhamos a história de um homem recém-divorciado (Owen Wilson) que conhece uma mulher (Salma Hayek) que vive nas ruas e está convencida de que o mundo ao seu redor não é real. Ela acredita que eles vivem em um mundo horrível simulado dentro do lindo e pacífico universo real chamado Bliss. A partir daí, acompanhamos as conversas desses dois, transitando entre diálogos existencialistas e reflexões sobre relacionamentos. E apesar de parecer um meio-termo entre ‘Antes do Amanhecer’ e ‘Complicações do Amor’, o cineasta acaba apostando em algo um pouco mais banal, um romance com diálogos aparentemente complicados e que acabam desembocando em um filme regular sobre paixões e amores. Se gostar desse último tipo de filme, sem dúvidas, vai se encontrar aqui. [-]

Pode-se dizer que o diretor estreante Jan Belcl mirou no cinema de Quentin Tarantino, mas acertou em um slasher adolescente misturado com uma comédia de erros. Afinal, ‘Todos os Meus Amigos Estão Mortos’ conta a história de uma festa de adolescentes na Polônia e que acaba em tragédia, com praticamente todos os participantes mortos. Belcl vai com sede ao pote para contar essa história, com pretensões um tanto quanto absurdas -- a influência de Tarantino é frequente na tela. Os principais afetados neste cenário são os personagens, que vão aos poucos se tornando caricaturas de si próprios. É o rapaz religioso que descobre o sexo, são as mulheres que parecem ninfomaníacas desenfreadas, a garota "good vibes" e por aí vai. São personagens com boas ideias iniciais, mas que acabam se perdendo em clichês totalmente artificiais. No entanto, isso tudo não é ruim. Se esquecer das pretensões do cineasta, encontramos um filme divertido e que traz sacadas bem espirituosas. [-]

Quais são os desafios da juventude? Quais os dilemas que enfrentamos, as dores que sentimos, as emoções que controlamos? São essas questões, e muitas outras, que são tratadas em ‘Adolescentes’, documentário francês do grande realizador Sébastien Lifshitz (‘Lado Selvagem’, ‘Primeiro Verão’). Aqui, numa mistura de ‘17 Quadras’ com ‘Boyhood’, somos convidados a entrar na vida de duas adolescentes francesas, Emma e Ana, que levam vidas inseparáveis. A partir daí, Lifshitz faz um impressionante acompanhamento desde os 13 anos dessas duas jovens até a maioridade, quando estão entrando na faculdade. É uma espécie de experimento antropológico e social, que mostra cada detalhe da transição da infância para a adolescência, passando pela vida adulta. Transições essas que, sem dúvidas, muitos devem se reconhecer na tela. Só um aviso: é um filme exageradamente lento e pouco natural, com muitas cenas que parecem até mesmo um pouco artificiais — talvez até pela falta de naturalidade das adolescentes na frente das câmeras. Quem gosta de documentários naturalistas, sem dúvidas, vai se desapontar. [-]

Inspirado em uma verdadeira história de amor, esse filme se passa nos anos 1950 no sul da Itália e consegue ir muito além de apenas um romance. ‘O Último Paraíso’ fala sobre o valor da identidade e das raízes com o intuito de valorizar a nobreza dos trabalhadores rurais, que constantemente lutam contra o desejo de emancipação e o sentimento de pertença a um mundo diferente. Um filme simples, bonito e sensível. [-]

Produção da Espanha, 'O 3º Andar: Terror na Rua Malasana' não tem absolutamente nada a ver com a boa leva de produções espanholas de suspense, como 'El Cuerpo' ou 'Um Contratempo'. Aqui, a direção de Albert Pintó segue todos os clichês possíveis do gênero: a casa mal-assombrada que assusta a família, a edição óbvia, sustos previsíveis. Nada que um 'Horror em Amityville', 'Atividade Paranormal' ou 'Invocação do Mal' não tenha feito melhor. No entanto, ainda assim, 'O 3º Andar: Terror na Rua Malasana' consegue divertir e, se assistido com amigos ou em grupo, pode render algumas risadas com os sustos fáceis e a trama um tanto quanto banal. Não é excelente, tampouco é um terror memorável. Mas a diversão pode estar garantida. [-]

O realizador taiwanês Joseph Chen-chieh Hsu, faz uma brilhante estreia na direção com ‘Mulheres Ocultas’. Este melodrama enfatiza a riqueza do cinema do leste da ásia e faz isso com uma elegância pouco vista em filmes do ocidente, ao falar de problemas cotidianos da vida familiar. Essa é uma produção lenta, que lembra o ritmo de alguns filmes do sul-coreano Kim Ki-duk, mas vale a atenção. Longe de grandes reviravoltas, tudo é tratado com muita sutileza e coesão. Outro mérito da história é por ser focada em cinco personagens femininas, que são extremamente bem construídas. [-]

Johnny Depp como raramente estamos acostumados a ver. Afinal, o ator geralmente se aventura por papéis exóticos e pouco densos, bem diferente do que ele faz em ‘Adeus, Professor’. Neste sensível drama, Depp emociona e prova que é mais versátil do que seus outros filmes mostram. Essa produção é um estímulo por mais que se trate de uma história triste. Muitas vezes não valorizamos as pequenas coisas da vida e se tem uma coisa que 2020 mostrou - com a pandemia de coronavírus - é o quão rápida pode ser nossa passagem neste mundo e o quão importante é apreciar cada momento. ‘Adeus, Professor’ é um destes filmes comoventes que te fazem refletir sobre tudo e enxergar sobre uma nova forma. [-]

‘Nova Ordem Espacial’ deveria ter sido lançado nos cinemas, é uma aventura espacial de grande orçamento da Coreia do Sul, mas infelizmente a pandemia impediu que isso acontecesse. E apesar de ser uma produção do leste-asiático, ela tem apelo internacional, pois várias línguas são faladas no desenrolar da história - mesma pegada da série ‘Altered Carbon’, em que as pessoas usam um dispositivo para traduzir outros idiomas. ‘Nova Ordem Espacial’ tem referências de diversos filmes de ficção científica e constrói sua identidade em torno disso. Longa-metragem divertido, bem feito e interessante gênero para ser explorado pelos sul-coreanos. [-]

‘A Sombra de Stalin’ conta a história, baseada em fatos, do jornalista Gareth Jones, que arriscou sua vida para mostrar ao mundo o que acontecia na União Soviética durante a década de 1930, fato conhecido como Holodomor. Esse período foi uma época em que a Ucrânia Soviética enfrentou um de seus piores momentos e muitas pessoas morreram de fome. Jones desmascarou o também jornalista Walter Duranty, que publicava notícias falsas sobre a URSS, dando a entender que o regime de Stalin era ótimo. O filme consegue contar com detalhes - que chegam a ser incômodos - os fatos históricos e traz um elenco excelente. Destaque para Vanessa Kirby, que impressionou com ‘Pieces of a Woman’, James Norton, como Gareth, e Peter Sarsgaard com Duranty. [-]

Um conto sobrenatural chinês que vai agradar os amantes de épicos como ‘O Tigre e o Dragão’ - claro que não se compara a essa produção, mas tem uma pegada semelhante - e animes. Com ótimos efeitos visuais, trama intrigante e brilhantes cenas de luta, ‘Mestres do Yin-Yang: O Sonho da Eternidade’ é excelente entretenimento. [-]

Não há dúvidas de que S. Craig Zahler é um dos realizadores mais brilhantes do cinema contemporâneo, com pérolas que tiram o espectador do lugar de conforto — ‘Rastro de Maldade’ e ‘Confronto no Pavilhão 99’ são execuções excepcionais. Agora, em seu terceiro filme como diretor, Zahler volta a surpreender e a chocar com ‘Justiça Brutal’ (ou ‘Dragged Across Concrete’, no excelente título original do longa). Aqui, acompanhamos uma dupla de policiais (Mel Gibson e Vince Vaughn, ambos excepcionais) que são afastados de seus trabalhos e acabam encontrando serviços apenas no submundo do crime. É um filme forte e provocativo, que a todo momento traz questões periclitantes. Afinal, Zahler é o cineasta do sujo, do estranho, do “underground”. Aqui, com certeza, não faria diferente. No entanto, fica o aviso: não é um filme que dá espaço para problematizar ou encontrar dilemas morais. É para embarcar nas ações dos personagens e entender, de alguma forma, as suas atitudes. [-]

Baseado em uma HQ, então exageros não são só aceitáveis como esperados. Este filme é uma mistura de ‘Predador’, ‘Mortal Kombat’ e até um pouco de ‘Karatê Kid’ com aliens. Quem mistura melhor? Então é só colocar o Nicolas Cage, astro de ‘Jiu Jitsu’. Produção indicada aos fãs do ator e de ficção científica. A história não é das mais surpreendentes, mas consegue envolver - apesar de ter um começo difícil, o resto compensa. Um longa que cumpre sua função de entretenimento. [-]

Apesar de ‘The Kid’ ter ganhado o título em português ‘Billy The Kid: O Fora da Lei’, não se engane: este longa-metragem do também ator Vincent D’Onofrio não é sobre o célebre ladrão do Velho Oeste — aqui muito bem interpretado por Dane DeHaan (‘A Cura’). Na verdade, o The Kid do título se refere à Rio (Jake Schur), um rapaz desconhecido que mata o pai após agressões físicas praticadas contra a mãe. Dessa forma, Billy The Kid entra apenas como um coadjuvante, como um acidente no meio do caminho desse jovem menino que agora precisa fugir do tio para salvar sua pele. É um filme confuso e sem ritmo, que não sabe para qual lado ir conforme a trama avança. No final das contas, acaba sendo mais drama do que faroeste. O destaque absoluto fica com Ethan Hawke (‘Antes do Amanhecer’), que encarna bem o papel do xerife trabalhando na captura de Billy The Kid. [-]

Apesar de ter um título no mínimo chamativo e que intriga, ‘Quando Hitler Roubou o Coelho Cor de Rosa’ só promete o tom excêntrico e entrega uma história bem morna. O filme acompanha a perspectiva de uma criança sobre a perseguição de Hitler aos judeus. Com belas cenas, muito por conta das locações, a história tem um pontos soltos como o coelho que a protagonista tanto ama, mas nunca a vemos brincar com ele. Detalhes minuciosos, mas que poderiam agregar a trama já que o título da produção fala do brinquedo. Apesar disso, ‘Quando Hitler Roubou o Coelho Cor de Rosa’ consegue fazer um delicado retrato sobre uma das épocas mais tristes da história. [-]

‘Sonhos de uma Vida’ é um filme complicado. Dirigido pela britânica Sally Potter (do excepcional ‘Ginger & Rosa’), este longa-metragem teve uma recepção mista de público e de crítica — e não é pra menos. Afinal, com um desenvolvimento estranho e original, a produção segue 24 horas turbulentas na vida de um pai e sua filha (Javier Bardem e Elle Fanning), enquanto ela lida com os desafios do estado mental aparentemente caótico do patriarca, caminhando pela cidade de Nova York. As atuações da dupla de protagonistas são potentes e ousadas, brincando com os sentimentos dos personagens e dos espectadores o tempo todo. No entanto, o ritmo do filme não é o mais interessante. Afinal, ao invés de seguir um estilo caótico, tipo 'Jóias Brutas’, Potter opta por colocar o longa-metragem em um caminho estranho, transitando entre uma lentidão exagerada e alguns momentos pouco coesos com o restante da narrativa. Isso sem falar do final um tanto estranho e abrupto, que pode afastar ainda mais grande parte do público. Mas é isso: no geral, é um filme diferente e que precisa que o espectador compre a ideia diferenciada. [-]

Bebendo da fonte de Stephen King, ‘Renascida das Trevas’ tenta trazer a atmosfera dos clássicos de terror e consegue um resultado bastante satisfatório. A produção explora do sobrenatural ao gore, de uma forma coesa e que consegue ser interessante. O elenco entrega atuações convincentes e um bom desenvolvimento de roteiro. Como todo filme de do gênero, não podem faltar os jump scares. [-]

Interessante thriller político de ação, ‘O Mediador’ é mais um passo na carreira do premiado cineasta espanhol Esteban Crespo (‘Amar’, ‘Aquele Não Era Eu’). Aqui, especificamente, acompanhamos a jornada de um advogado que aceita negociar com um velho amigo que virou sequestrador. Apesar do aspecto “explorador” do longa-metragem, colocando pessoas brancas salvando o dia na África, ‘O Mediador’ consegue trazer questões interessantes à tona e, sobretudo, provocar o público com algumas boas e tensas sequências na tela. [-]

Média-metragem alemão, ‘For the Time Being’ é daquelas produções experimentais e artísticas que dividem opiniões. De um lado, há aqueles que acham o filme lento demais, sem muito propósito. Do outro, há os que embarcam na proposta e viajam na história. E ninguém aqui, neste caso, está errado. Afinal, a diretora Salka Tiziana brinca com planos estáticos e com falta de comunicação entre os personagens para contar a história de uma mãe que leva seus dois filhos para conhecer o pai. É um filme estranho, que pode também ser chamado de ousado e provocativo, que nunca se furta de sua expressão artística para caminhar por um terreno regular. Em resumo, é uma peça de arte em forma de cinema. [-]

A Coreia do Sul tem sido um bom termômetro para boas produções cinematográficas e ‘Inocência’ é mais um exemplo disso. Um drama com bom ritmo, elenco, roteiro bem escrito e dirigido, com uma dose certa de reviravoltas e fortes emoções. Como grande parte dos longas sul-coreanos, o diretor e roteirista Sang-Hyun Park insere diversos elementos à história, sem deixar que a narrativa se perca ou que os personagens sejam superficiais. [-]

Por conta de um machismo estrutural na sociedade e uma tentativa frequente de limitar a expressão corporal de mulheres, o pole dance acabou sendo associado à sexualidade — e não como apenas mais um estilo de dança e de exercício físico. Agora, o documentário ‘Pole Dancing: Dança do Poder’ mostra como o pole dance vai muito além da sexualidade. Aqui, a diretora Michèle Ohayon mostra como mulheres de todas as idades e etnias tentam curar traumas do passado relacionados à própria imagem com o pole dance artístico, aprendendo mais sobre o corpo, a vida e o progresso da autoestima. Um documentário forte e necessário. [-]

Makoto Shinkai já era um nome consagrado no mundo do cinema de anime, mas foi com o fenômeno internacional 'Your Name' que alcançou fama em vários cantos do mundo. Ao mesmo tempo, isso criou expectativas mais altas para o que seria seu próximo projeto, 'Tempo com Você'. O filme está inserido na mesma linha de fantasia romântica de seu antecessor, com personagens adolescentes de coração partido e o próprio clima transformado em personagens. Pode ser menos chocante do que o aclamado 'Your Name', mas é um drama tão poderoso e visualmente encantador. [-]

Marina (Belén Cuesta) não acredita no amor, pensa que é mera invenção cinematográfica, mas paradoxalmente trabalha como organizadora de casamentos. Numa daquelas festas por ela organizadas, encontra Carlos (Álex García), um convidado com quem acaba tendo um caso que termina prematuramente, mas não sem antes lhe deixar o cartão dele. Assim, em ‘O Noivo da Minha Amiga’, Marina acaba se envolvendo em um triângulo amoroso com um de seus clientes. Produzida com elegância, esta sitcom tem um senso de humor vertiginoso e um elenco que desempenha seus papéis até as últimas consequências. Definitivamente um bom “filme para se sentir bem” que o deixará com um sorriso na boca. [-]

Documentário que demorou para ser lançado e agora, graças ao streaming, poderá ser visto. ‘Sambalanço: A Bossa Que Dança’ acompanha os músicos Durval Ferreira, Ed Lincoln, Eumir Deodato, Elza Soares e Orlandivo para discorrer sobre o ritmo musical sambalanço, que mistura jazz, samba e música latina. Com depoimentos desses grandes nomes brasileiros, a ideia de produção é agregar conhecimento sobre a música brasileira e também mostrar o quanto ela é única, mesmo sendo uma união de referências. O diretor Fabiano Maciel é o responsável pelo ótimo ‘Oscar Niemeyer, A vida é um Sopro’, e novamente, mostra que nasceu para contar histórias pelo formato de documentário. [-]