Lançamentos online da semana de 8 de janeiro de 2021

Premiado no Festival de Veneza e exibido no Festival de Toronto, 'Pieces of a Woman' foi uma daquelas raras unanimidades sobre sua qualidade nesse circuito de festivais. E não é pra menos. Afinal, este longa-metragem estrelado por Vanessa Kirby ('The Crown') e com uma grande atuação de suporte de Ellen Burstyn ('Réquiem por um Sonho') acerta em cheio ao falar sobre uma mulher que perde seu bebê e precisa lidar com o luto inesperado. Casamento vai mal, relação com a família se deteriora, ela não consegue sorrir. São diversas as variáveis colocadas com delicadeza na tela pelo diretor húngaro Kornél Mundruczó ('Deus Branco'), que tem sorte de contar com uma roteirista mulher (Kata Wéber) ao seu lado para a construção desse drama feminino e particular. Uma mistura de 'Manchester à Beira-Mar' com 'História de um Casamento', que deve fazer lágrimas rolarem sempre que os créditos chegam ao final. Para ver, sentir e se emocionar. [-]

Depois de dois filmes em 1989 e 1991, a franquia ‘Bill & Ted’ ficou estagnada por praticamente três décadas. O retorno aconteceu apenas em 2020 com ‘Bill & Ted: Encare a Música’, longa-metragem que marca a volta de Keanu Reeves e Alex Winter como Ted e Bill, dois amigos frustrados com a meia idade e por não terem escrito a melhor música de todos os tempos. No entanto, aqui, o diretor Dean Parisot (‘RED 2’, ‘Heróis Fora de Órbita’) brinca com viagem temporal para colocar esses dois amigos na condição de compositores da música que pode salvar o mundo. Há algumas confusões no roteiro, assim como algumas complicações narrativas que não precisavam existir. Mas fãs de ‘Bill & Ted’ podem se divertir e se emocionar com a volta dessa dupla numa aventura para passar o tempo. [-]

'The Assistant' é um dos filmes mais poderosos, fortes e necessários de 2020. Escrito e dirigido por Kitty Green (do bom 'Quem é JonBenet'), o longa-metragem se aprofunda na problemática das relações de trabalho e, principalmente, mostra como os abusos de uma rotina exasperante e exaustiva surtem na vida de uma pessoa dedicada e que queria apenas alcançar seus sonhos. A atuação de Julia Garner ('Ozark') é a cereja do bolo de um filme completo e complexo, que consegue transmitir sentimentos fortes a cada cena, a cada gesto, a cada olhar angustiado da protagonista. Sem dúvidas, um filme que precisa ser sentido para ser compreendido. [-]

Casas mal-assombradas e exorcismos são recursos tão amplamente vistos nos filmes de terror, que já é difícil utilizá-los em uma nova história que pelo menos surpreenda, ou mesmo perturbe. O coreano 'As Faces do Demônio' alcança, pelo menos, o primeiro. O clima de tensão é palpável graças à premissa de que um espírito mutante semeia a desconfiança em uma família, submetida a situações de violência que nos dá imagens mais típicas do cinema sangrento do que do terror sobrenatural. Não é o filme mais original que você verá, mas se você gosta de se divertir assistindo a um filme de terror, é uma opção muito eficaz. [-]

Inicialmente, ‘O Perfeito Sr. Cha’ pode afastar um pouco pelo aspecto brega. Até mesmo um pouco desproposital do material de divulgação -- lembrando aquelas produções B dos anos 1980 envolvendo personagens e heróis obscuros. No entanto, nada disso. Esta produção coreana surpreende ao explorar aspectos da vida de uma celebridade. No caso, do tal Sr. Cha, um ator em decadência que precisa analisar sua vida e compreender melhor quem ele se tornou. Não é um filme inventivo ou que vai causar comoção. Mas, ainda assim, o bom drama do personagem e a direção naturalista Dong-kyu Kim surpreendem e emocionam. [-]

Polêmico e talentoso, o cineasta Héctor Babenco deixou uma filmografia completa, cheia de altos e baixos, mas que coloca sua personalidade nas telonas — desde o forte ‘Carandiru’, passando pelos clássicos ‘Pixote’ e ‘O Beijo da Mulher Aranha’ até o incompreendido e incompreensível ‘Meu Amigo Hindu’. A trajetória do cineasta, que morreu em 2016, ganha contornos mais intimistas e potentes agora com ‘Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou’. Dirigido pela atriz, cineasta e ex-esposa de Babenco, Bárbara Paz, o longa-metragem mostra alguns dos últimos momentos de vida do diretor argentino naturalizado brasileiro com uma sutileza e um cuidado que não poderia ter partido de alguém diferente. A morte aqui é inevitável, mas tratada com um carinho, uma compreensão e um sentido de “passagem” que ajuda o filme a ganhar novos contornos. Selecionado pelo Brasil para uma vaga no Oscar de 2021 e premiado em Veneza para Melhor Documentário. [-]

De olho em um mercado cada vez mais voraz por filmes de terror, a Rússia também embarcou em experimentações do gênero, como em ‘A Noiva’ e ‘A Sereia’ — não tão felizes em sua execução, muito por conta da má qualidade de efeitos e de atores. Mas ‘A Maldição do Espelho’, produção assinada por Aleksandr Domogarov, consegue acertar em alguns pontos ignorados por seus antecessores. Os sustos são mais consistentes, a história é mais perturbadora e há um fio narrativo mais coeso entre público e personagens. Claro: ainda existem problemas que apenas comprovam que a Rússia ainda não é o grande polo do cinema de horror mundial. No entanto, ainda assim, pode ser uma boa forma de escapar da realidade e encontrar, enfim, uma forma de se divertir com assombrações e sustos. [-]

Embora confuso em seu tom - parece não decidir entre a comédia e a tragédia - 'O Dilema de Aziz' é um engenhoso filme turco que fala sobre algo com o qual muitos poderão se identificar: a sensação de estar preso em nossa própria rotina e vida em geral, bem como as consequências do rompimento repentino com a ordem estabelecida. E, para quem ainda torce o nariz para as produções da Turquia, vale dizer que as novelas daquele país estão conquistando fãs em todo o mundo, inclusive no Brasil. [-]

Não há dúvidas de que este é um dos curtas mais interessantes e inovadores da Netflix. Afinal, a originalidade desta produção começa pelo visual. Os diretores Arnon Manor e Timothy Ware-Hill convocaram mais de uma dezena de artistas para criar o fio estético e artístico do curta-metragem, fazendo com que cada frame da produção tenha um visual diferente. Dá dinamismo e a impressão correta de que são várias vozes se levantando. Por outro lado, ‘Polícia e Ladrão’ desperta para a situação das pessoas negras frente à violência policial desmedida e criminosa. Uma pena que seja específico demais sobre a situação dos Estados Unidos e não rompa barreiras -- muitas das rimas e brincadeiras poéticas do curta, aliás, fazem sentido apenas em inglês. Mas, enfim, um trabalho primoroso e que merece atenção não só pelo forte teor de sua mensagem, como pela força criativa vista na tela. [-]

Selecionado no Sundance Film Festival de 2020 e estrelado por Richard Jenkins ('A Forma da Água',), 'O Último Turno' é uma comédia que, sob uma superfície de mundanismo e de dois personagens compartilhando os pequenos prazeres da vida, aborda questões mais profundas. É uma história aparentemente pequena e modesta, mas que toca nas lacunas de perspectiva entre as gerações em questões de etnia, classe, moral e até mesmo aspirações profissionais. [-]

Dirigido por Florent Bodin ('Le K Benzema'), 'Tony Parker: Entre os Maiores' é um documentário que cobre a carreira de sucesso do jogador de basquete francês Tony Parker e também reúne entrevistas com outras estrelas do mesmo esporte, como Kobe Bryant e David Robinson, compatriotas como o ex-jogador de futebol Thierry Henry, entre outros convidados. É um retrato de sucesso do atleta francês e que os fãs da bola laranja irão apreciar. [-]

Depois da explosão de métodos de organização, como o da japonesa Marie Kondo, parece que se tornou moda se valer de expressões como “menos é mais” ou, ainda, mostrar casas sem aquele aspecto de acumulação ou excessos. E é exatamente isso que prega o documentário ‘Minimalismo Já’ que, sem se prolongar muito, mostra como o minimalismo pode ser um aliado nas vidas apressadas do século XXI. Não traz nada de muito novo para os que já conhecem métodos como o de Marie Kondo, mas, ainda assim, pode ser um bom aditivo pra quem ainda quer colocar ordem em casa -- e, por consequência, em suas vidas. [-]

Esta é a história sobre uma garota que vai em busca de realizar o seu sonho americano dr todos os problemas que vai encontrar nesta jornada. O diretor e o elenco nos guiam com maestria enquanto acompanhamos os passos de Rose Garcia. É um filme para rir, chorar e se encantar. [-]

‘Pacarrete’ talvez seja o filme mais brasileiro de 2020. E isso não é demérito para outros grandes longas lançados ao longo deste ano. É que, na verdade, o diretor Allan Deberton entendeu as pequenas cidades brasileiras como poucos. Aqui, ele traduz uma cultura muito particular do interior do país na pele dessa mulher que dá nome ao longa-metragem. Ela é considerada estranha por seus vizinhos, louca por muitos. Tem uma voz rouca, brilhantemente interpretada por Marcélia Cartaxo (‘A Hora da Estrela’), e dança com a vassoura na calçada de casa. A partir dessa figura tão particular e peculiar, Deberton fala sobre o esquecimento de artistas e como há muitos talentos perdidos e não lembrados por aí, num interior que também passa por transformações. Para refletir e se emocionar. [-]

Estranho, divertido, provocativo. São vários os adjetivos que se encaixam em ‘2020 Nunca Mais’ (ou ‘Death to 2020’, no título em inglês, mais direto ao ponto). Este longa-metragem da Netflix é produzido e roteirizado pelo inglês Charlie Brooker, o “cara” por trás do sucesso de ‘Black Mirror’. Aqui, ele se vale de atores de renome, como Samuel L. Jackson, Hugh Grant e Lisa Kudrow, para interpretar falsos especialistas que interpretam acontecimentos reais de 2020 -- como o coronavírus, as eleições americanas e o Black Lives Matter. É um filme ácido e provocativo, que nunca esconde seu lado, e serve para duas coisas. Primeiramente, como documento histórico para o futuro, onde gerações novas ou futuras poderão entender o que aconteceu em 2020 a partir de uma óptica mais bem-humorada. E, além disso, serve como passatempo, divertimento e reflexão para o mundo em 2020. Tudo isso ainda com algumas boas imagens bem selecionadas e atores se divertindo na tela. [-]

No cinema e na literatura, um dos tópicos mais relevantes - e portanto mais explorados - é o da inteligência artificial, ou I.A.: sua viabilidade, seus problemas morais e éticos e sua hipotética coexistência com a humanidade. por bem ou por mal. Dirigido pelo aclamado documentarista Leanne Pooley ('Mentes em Jogo') e narrado por Keir Dullea ('2001: Uma Odisseia no Espaço'), 'We Need to Talk About A.I.' ("Temos que falar sobre I.A.", em tradução literal) reúne várias entrevistas com especialistas, que exploram os diferentes cenários possíveis a partir da invenção de uma I.A. tão ou mais complexo e poderoso do que a mente humana, desde os cenários mais catastróficos no estilo de 'O Exterminador do Futuro', até os mais benevolentes. Um filme imperdível para os fãs do assunto. [-]

Protagonizado por Luís Lobianco (‘Carlinhos & Carlão’) e por Giulia Benite (‘Turma da Mônica: Laços’), ‘10 Horas para o Natal’ conta a história de uma família que, pela primeira vez, não vai passar o Natal junta. Afinal, os pais se separaram e agora cada um fica num canto. Dessa forma, os três filhos do casal (Benite, Pedro Miranda e Lorena Queiroz) tentam "salvar o Natal em família". É uma jornada um tanto quanto irreal, mas gostosa de assistir. Falta um pouco da brasilidade de ‘Tudo Bem no Natal que Vem’, por exemplo. Mas a diretora Cris D'Amato acerta com uma narrativa leve, simples e que diverte qualquer um -- e com cenas dignas de nota, como uma sequência inteira rodada na esquina da Ladeira Porto Geral com a Rua 25 de Março. Não vai mudar sua vida, mas com certeza a deixará mais leve. [-]

É fato que o Brasil demorou a desvendar o filão de filmes sobre crimes reais. Apesar de ter um clássico em sua história, com ‘O Bandido da Luz Vermelha’, não há um verdadeiro blockbuster, um filme policial pipoca. Esse gênero começa a ser desenvolvido agora no país, principalmente por conta da produção sobre o crime cometido por Suzane von Richthofen e, também, com este polêmico ‘Macabro’. Dirigido por Marcos Prado (do bom ‘Paraísos Artificiais’), o longa conta a história real dos irmãos necrófilos do Rio de Janeiro. Eram dois garotos, negros e pobres, que matavam mulheres na região serrana do estado fluminense para, depois de mortas, estuprá-las cruelmente, sem pudor. Aqui, o filme acerta ao trazer profundidade ao redor da história desses dois personagens e, ainda, acrescentar camadas interessantes à trama investigativa. O grande problema do longa-metragem, e que tem despertado polêmicas por aí, é a forma de conduzir o tratamento dispensado aos policiais do filme. Em tempos de Black Lives Matter, chega a ser constrangedor, tosco, ruim. A tentativa de entrar no terreno do racismo estrutural chega a dar vergonha. Mas, de resto, vale conhecer ‘Macabro’ para, assim, ver novas possibil [-]

Terceiro filme da trilogia norueguesa Børning, essa versão de 2020 continua a tradição dos filmes de ação e aventura marcados pela comédia. É um filme excêntrico e peculiar, um road-movie que passa pela Noruega, Suécia, Dinamarca e Alemanha, acompanhando a corrida de Nürburgring. O longa conta com a atuação de Anders Baasmo Christiansen, ator do país nórdico com uma extensa e notável carreira. Ele também atuou em ‘Blindstone’, filme selecionado e premiado em diversos festivais pelo mundo, estreia de Tuva Novotny da direção. Algumas coisas não funcionam no longa, sendo os falhos efeitos visuais o ponto mais gritante. Se você busca algum tipo de diversão, é uma boa pedida para uma tarde com os amigos. Mas é improvável que escolha reassisti-lo muitas vezes. [-]

Pete Davidson, de 'Saturday Night Live’, é o protagonista desta dramédia e surpreende. O ator representa de uma forma muito autêntica, natural e os diálogos do filme caíram como uma luva para ele. Griffin Gluck (‘Locke & Key’), que também é um dos personagens principais, entrega um ótimo trabalho. A química entre Gluck e Davidson é incrível. O realizador Jason Orley conseguiu fazer uma estreia cinematográfica fascinante, ‘Big Time Adolescence’ é uma produção bem dirigida e com um roteiro intrigante - e triste. [-]