Lançamentos online: destaques da semana de 29 de outubro de 2021

'A Voz Humana' é um dos trabalhos mais peculiares do consagrado diretor Pedro Almodóvar ('Tudo Sobre Minha Mãe', 'Dor e Glória', 'A Pele que Habito'). O curta é inspirado na peça homônima de Jean Cocteau, e estrelado por Tilda Swinton ('Precisamos Falar Sobre Kevin', 'Suspiria'). Conta a história de uma mulher e seu cachorro, fadados a uma eterna espera por seu marido que promete voltar mas os abandona. A peça por si só já é um trabalho forte, e somada então com as singularidades de Almodóvar - que atualiza o texto para o momento atual e enche o ambiente de cores vibrantes ao passo que as contrasta com o sentimento de incomunicabilidade e frieza-, e a brilhante e característica atuação de Tilda Swinton, temos como resultado algo que se traduz como uma mistura de três personalidades intensas. É um filme potente por si só, mas quando levado em conta o contexto de seus colaboradores, se torna um trabalho raro e único. [-]

M. Night Shyamalan é um cineasta polêmico. Afinal, ele não agrada todo mundo por conta de seu estilo e, principalmente, pela instabilidade de seus trabalhos -- tem "clássicos modernos", como ‘O Sexto Sentido’ e ‘Sinais’, cults como ‘A Dama da Água’ e os fiascos ‘O Último Mestre do Ar’ e ‘Depois da Terra’. ‘Tempo’ não chega a ser um desastre. Mas também não é bom. O longa conta a história de uma série de pessoas que, de férias num resort, vai passear numa praia deserta, paradisíaca. O principal núcleo é uma família formada por Gael García Bernal, Vicky Krieps, Alex Wolff e Thomasin McKenzie. Ainda tem um médico, uma idosa, um enfermeiro, um rapper e por aí vai. Uma mistura inusitada. O negócio fica estranho, porém, quando os personagens percebem que o tempo passa de maneira diferente naquela praia. Tudo é mais rápido. Segundos são dias. Minutos são horas. E horas são anos. A partir daí, começa o desespero daqueles personagens em tentar escapar com vida da praia e antes que envelheçam demais -- as mortes naquele local, afinal, se acumulam. A sacada da narrativa, inspirada em uma HQ assinada por Pierre-Oscar Lévy e Frederick Peeters, é o ponto alto. A tensão surge quase que de maneira natural quando o tempo começa a se impor. Assim como em outros filmes de Shyamalan, temas como vida, espiritualidade e natureza começam a pipocar aqui e ali, mas o principal foco na história é desenvolver a tensão. O problema está no desenrolar dessa história. Primeiramente, Shyamalan tem problemas em desenvolver a atuação do elenco. Ainda que os atores se esforcem, parece que há um descompasso da trama com a história. Oras, o tempo corre, eles envelhecem precocemente. E parece que ninguém se desespera, ninguém reage de acordo ali. Além disso, toda a potência desse suspense não tem um final de acordo: é apressado e um tanto óbvio. No entanto, não se engane. Não é um filme ruim. É instável, é atrapalhado. Mas a tensão existe. E Shyamalan ainda pode surpreender. [-]

Após estrelar as séries de terror 'A Maldição da Residência Hill', 'Bly Manor' e 'Missa da Meia Noite', Kate Siegel estrela este filme de terror exclusivo da Netflix. 'Hypnotic' conta a história de uma jovem que busca melhorias e aperfeiçoamento pessoal, precisando da ajuda de um renomado hipnotista. Porém, após algumas sessões intensas, logo descobre que as consequências de sua busca são ameaçadoras e mortais. Kate Siegel é um dos rostos mais prolíficos do terror atual, tendo protagonizado também o famoso filme de invasão domiciliar 'Hush: A Morte Ouve', e é necessário ressaltar sua atuação em 'Hypnotic', garantindo um filme intenso que vai te deixar (com perdão do trocadilho) hipnotizado em sua trama. [-]

'Heróis de Fogo' é um belo exemplar do cinema russo, e uma prova interessante de sua versatilidade: se trata de um filme de ação, mas o diferencial é que não é uma história de bem contra o mal, vilões mirabolantes ou perseguições implacáveis - aqui o inimigo é o fogo e seu devastador poder natural. É um filme sobre bombeiros e o extremo risco de sua profissão, que diariamente desafia a morte em prol do bem maior, poderia se dizer que é sobre super heróis de verdade. Dotado de imagens tão assustadoras quanto deslumbrantes e sequências de ação muito bem filmadas, o longa é uma escolha que vai agradar tanto os assíduos por ação quanto os interessados em histórias mais humanas e reais. [-]

Seis anos antes dos eventos vistos em ‘Army of the Dead: Invasão em Las Vegas’, este longa-metragem é focado em Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer), o grande mestre dos cofres que impressiona a trupe de Dave Bautista no outro filme. A história é baseada na ideia de Zack Snyder, com roteiro de Shay Hatten (‘Army of the Dead’) e direção do próprio Schweighöfer. Bem diferente do personagem que já conhecemos, somos apresentados ao lado mais íntimo de Dieter, um rapaz solitário e com muitos problemas de insegurança.. Nathalie Emmanuel (‘Velozes & Furiosos 8’) faz uma ótima dupla com Matthias Schweighöfer: ela é praticamente uma Mulher-Gato na trama, já que dá vida a uma ladra internacional de joias. ‘Exército de Ladrões: Invasão da Europa’ é um divertido longa de assalto - sem zumbis - e que consegue te convencer que Ludwig merecia uma história solo. [-]

Os anos de 2020 e 2021 estão sendo desafiadores na carreira de Bruce Willis, astro que acabou entrando em algumas furadas como ‘Meia-Noite no Switchgrass’, ‘Ameaça no Espaço’ e ‘Sobreviver à Noite’. No entanto, apesar dessas derrapadas do astro de ‘Duro de Matar’, o thriller de ação ‘Sobreviva ao Jogo’ não chega ao absurdo que vimos na trama de Willis fugindo de aliens, por exemplo. Por aqui, o cineasta James Cullen Bressack (do interessante ‘Alone’) conta a história de dois policiais que se unem a um problemático veterano de guerra quando uma gangue de traficantes invade a fazenda de um homem e a usa como esconderijo. Tenso na medida certa, ainda que com algumas derrapadas de roteiro e de direção, ‘Sobreviva ao Jogo’ é uma diversão certeira para quem está em busca das raízes de Willis, com tramas de ação tensas e que deixam de lado bobagens sem sentido. É um filme para se divertir e passar o tempo, sem muitos outros atrativos. [-]

Curta-metragem brasileiro de animação, ‘Napo’ é uma explosão de sensibilidade e delicadeza em apenas 16 minutos de duração. Afinal, com um traço de animação marcante e bem produzido, o curta mostra o relacionamento de um rapaz com seu avô, um idoso sofrendo com o Mal de Alzheimer. Engana-se, porém, quem pensa que o filme está preocupado em falar especificamente sobre a doença ou coisa do tipo. ‘Napo’, na verdade, fala sobre comunicação. Afinal, quando o garotinho e o avô não se entendem e não encontram meios de conversar, o desenho surge como solução. Traços se tornam palavras, cores se tornam emoções. E, com isso, o curta-metragem ganha escala, em uma mensagem que transcende os menos de vinte minutos de duração. Bonito e sensível, é mais um exemplo de como a animação no Brasil está ganhando cada vez mais força. [-]

Um filme delicado sobre auto descoberta e resgate de conexões com suas raízes Na história, uma mulher lida com uma tragédia familiar se conectando com seus ascendentes argelinos. A produção é inspirada na história da diretora Maïwenn, que também atua no longa e entrega uma ótima atuação ao lado de Louis Garrel. ‘DNA’ é um ótimo drama familiar, não só sobre o que carregamos de nossos parentes mas também sobre como essas relações afetam toda a trajetória de nossas vidas. Acima de tudo é uma história de luto e como a morte é também uma renovação, para quem continua vivo. A grande mensagem é a importância da comunicação e que os relacionamentos saudáveis muitas vezes são mais difíceis de manter do que pensamos. [-]

'O W da Questão' é um filme de suspense exclusivo da Netflix que conta a história de Magda, uma mãe e esposa que vive numa pacata cidade de Podkowa Lesna, ao redor de Varsóviana Polônia. Certa noite, enquanto passeava com seu cachorro, ela encontra um cadáver de uma mulher. Logo ela descobre um colar no pescoço da mulher com a letra "W", muito parecido com um colar que uma amiga de longa data também usava. Desta forma, junto com o comissário da cidade, resolve investigar o assassinato e acaba entrando em um mistério muito mais profundo do que imaginava. O filme é carregado pela dinâmica entre Magda e o comissário, o mistério da trama torna tudo mais envolvente e a investigação prende o espectador, possuindo até alguns leves toques de comédia. Escolha certeira para os que adoram investigações e são vidrados em resolver casos. [-]

Um filme que consegue ser bastante peculiar. Afinal, pode-se dizer que consegue fazer uma mistura - que dá muito certo - do cinema de Wes Anderson, Luis Buñuel e Akira Kurosawa. Se isso é possível? Sem dúvida você precisa assistir à ‘Longa Noite’ para descobrir.A história se passa anos após a Guerra Civil espanhola, quando um homem retorna à sua aldeia natal em Galiza, uma comunidade autônoma no noroeste da Espanha. Tudo mudou, como consequência do conflito, e neste contexto se desenvolve a história de Anxo, lidando com uma outra realidade. A princípio, o filme pode parecer superficial, mas se torna tão ressonante como uma história sobre regimes totalitários precisa ser. [-]

Filmes sobre competições de coral, como ‘O Coro’ ou até mesmo ‘Mudança de Hábito’, geralmente contam com um astral lá pra cima: as músicas são momentos de arrepiar, há boas histórias de superação e por aí vai. No entanto, ‘Nossas Meninas’ segue por um caminho diferente e um tanto quanto inusitado. Dirigido por Michael Caton-Jones (‘O Chacal’), o longa-metragem acompanha um grupo de meninas de uma escola católica nos anos 1990, na Escócia, que têm a oportunidade de ir a Edimburgo para um concurso coral. No entanto, ao invés de focar no canto, elas decidem aproveitar o momento para beber, festejar e flertar. Divertido e com bons momentos, ‘Nossas Meninas’ consegue escapar de alguns clichês do gênero e, pra fechar, ainda trazer personagens marcantes e de personalidade -- destaque para Abigail Lawrie (de ‘Tin Star’) e Rona Morison (‘Han Solo: Uma História Star Wars’). [-]