10 diretoras para ficar de olho no Festival de Veneza 10 diretoras para ficar de olho no Festival de Veneza

10 diretoras para ficar de olho no Festival de Veneza

Dos 21 filmes da Seleção Oficial, apenas 5 são de diretoras mulheres – uma diminuição na representação feminina em relação a 2020

7 de setembro de 2021 13:35
- Atualizado em 5 de abril de 2023 15:14

Estamos na segunda e última semana do Festival Internacional de Veneza, que começou em 1º de setembro. O evento chega ao fim no próximo sábado, dia 11. Dentre as exibições já tivemos as aguardadas premières de ‘Duna’, sci-fi de Denis Villeneuve; ‘Spencer’, filme sobre a Princesa Diana estrelado por Kristen Stewart e dirigido pelo chileno Pablo Larraín; e também ‘Madres Paralelas’, de Pedro Almodóvar.

Além da expectativa, o que esses três longas-metragens têm em comum é que são dirigidos por homens. Tendo em vista isso, o Filmelier foi em busca de produções com mulheres no comando para ficar de olho na temporada italiana.

Porém, nos deparamos com uma grande seleção de filmes e a falta da representatividade feminina. Dos 21 títulos selecionados para o Festival de Veneza, apenas 5 são de realizadoras. Uma pena, já que no ano passado essa presença foi bem maior – dos 18 filmes da Seleção Oficial de 2020, oito eram de diretoras. Com o menor número, o percentual de representatividade caiu de 44% para 24% de um ano para o outro.

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Apesar disso, as mostras paralelas Venice Horizons e Horizons Extra trazem filmes com realizadoras mulheres. Com isso, selecionamos dez longas-metragens, todos com direção feminina – há apenas duas exceções, que são codirigidos por homens – e que terão o seu lançamento comercial, fora do âmbito dos festivais, nos próximos meses.

Vale ressaltar que, tirando as duas produções da Netflix, o restante que destacamos do Festival de Veneza ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

Na disputa pelo Leão de Ouro:

1 – ‘The Power of the Dog’, de Jane Campion

A primeira mulher a ganhar uma Palma de Ouro em Cannes foi Jane Campion, com ‘O Piano’, em 1993. Este ano, temos ‘The Power of the Dog’, o novo filme da cineasta em produção com a Netflix, como um dos destaques do Festival de Veneza. O longa compete pelo Leão de Ouro de 2021

A história gira em torno dos irmãos Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons), ricos proprietários da maior fazenda de Montana. Enquanto o primeiro é brilhante, mas cruel, o segundo é a gentileza em pessoa. Quando George secretamente se casa com a viúva local Rose (Kirsten Dunst), o invejoso Phil faz tudo para atrapalhá-los.

Veja o trailer:

O faroeste escrito e dirigido por Jane Campion chega à Netflix em 1º de dezembro e, antes, será lançado em cinemas selecionados nos Estados Unidos.

2 – ‘L’Evenement’, de Audrey Diwan

A romancista, roteirista e diretora francesa de origem libanesa Audrey Diwan comanda seu segundo filme ‘L’Evenement’ – que, em inglês, ficou com o título de ‘Happening’. Depois da estreia na direção com ‘Losing It’ (‘Mais vous êtes fous’), ela encara um novo drama, baseado no romance homônimo da escritora francesa Annie Ernaux.

Diwan é conhecida por suas colaborações com o marido Cédric Jimenez – ela escreveu com ele o roteiro de ‘BAC Nord: Sob Pressão’ e ‘A Conexão Francesa’.

Assista a um cena abaixo:

‘L’Evenement’ segue a história de Anne, uma jovem que decide fazer um aborto para terminar os estudos. Ambientada na França em 1963, a produção retrata uma sociedade que condena o desejo das mulheres e o sexo em geral.

3 – ‘A Filha Perdida’, de Maggie Gyllenhaal

A premiada atriz norte-americana Maggie Gyllenhaal encara seu primeiro trabalho como diretora de um longa-metragem em ‘A Filha Perdida’. O filme é a adaptação cinematográfica do livro homônimo da escritora italiana Elena Ferrante.

O thriller psicológico gira em torno de Leda (Olivia Colman), uma mulher que precisará enfrentar os próprios traumas do passado quando desenvolve uma obsessão por Nina e Elena, mãe e filha que se destoam de sua família.

Olivia Colman em ‘A Filha Perdida’ (Crédito: Divulgação/Netflix)

A estreia de ‘A Filha Perdida’ na Netflix está programada para 31 de dezembro – após ficar em cartaz em cinemas selecionados dos EUA por duas semanas.

4 – ‘Land if Dreams’, de Shirin Neshat

A artista visual iraniana Shirin Neshat codirige com Shoja Azari a sátira política ‘Land of Dreams’. Na produção, acompanhamos a história de uma mulher iraniana em uma jornada de descoberta. Ela vive em um futuro distópico onde os Estados Unidos fecharam suas fronteiras.

Cena de ‘Land Of Dreams’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)

Shirin Neshat tem um nome importante no Oriente Médio: ela é vencedora do Leão de Prata, como melhor diretora, pelo drama ‘Women Without Men’ (Zanan-e bedun-e mardan).

5 – ‘Mona Lisa and the Blood Moon’, de Ana Lily Amirpour

Ana Lily Amirpour despertou o interesse da crítica e dos cinéfilos em ‘Garota Sombria Caminha pela Noite’, sua estreia nos longas-metragens. O filme passou por diversos festivais pelo mundo. Depois de ‘Amores Canibais’, ‘Mona Lisa and the Blood Moon’ é a terceira produção dela – e que surge na Seleção Oficial do Festival de Veneza.

Cena de ‘Mona Lisa and the Blood Moon’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)

Estrelado por Jeon Jong-seo, Kate Hudson, Craig Robinson, Evan Whitten e Ed Skrein, a história acompanha uma garota com poderes incomuns, que escapa de um asilo psiquiátrico e tenta sobreviver sozinha em Nova Orleans.

6 – ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’, de Dayna Goldfine

Quase todo mundo conhece a música ‘Hallelujah’, que já teve vários intérpretes e passou por muitas trilhas sonoras. No documentário ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’, temos a honra de conhecer mais sobre o autor dela, Leonard Cohen, que morreu em 2016.

Cohen em imagens de arquivo de ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)

Através da canção, somos apresentados ao legado musical do músico canadense. A produção traz a dupla de diretores Dayna Goldfine e Daniel Geller, que tem um baita currículo.

Juntos eles trabalharam em outros documentários, tanto sobre artes quanto crimes. ‘Isadora Duncan: Movement from the Soul’ (1989) e ‘The Galapagos Affair: Satan Came to Eden’ (2013).

Mostras paralelas:

7 – ‘The Peacock’s Paradise’, de Laura Bispuri

O primeiro filme da italiana Laura Bispuri, ‘Virgem Juramentada’, foi apresentado no Festival de Berlim e rodou o mundo, sendo premiado em Tribeca, São Francisco, Hong Kong, Cracóvia (Festival de Cinema da Polônia) e na Itália. Seu segundo trabalho, ‘Minha Filha’, também teve sua première em Berlim e ganhou prêmios na China e em Israel.

O trabalho mais recente e quarto filme da carreira, ‘The Peacock’s Paradise’ (‘Il Paradiso Del Pavone’), estreou no Festival de Veneza domingo, dia 5, e é mais uma produção dela para ficar de olho. É o primeiro longa em língua inglesa da carreira de Bispuri e faz parte da Mostra Horizons.

Veja o trailer abaixo:

Estrelado por Dominique Sanda, vencedora do prêmio de melhor atriz de Cannes, e por Alba Rohrwacher, que já foi premiada como melhor atriz em Veneza, o longa é um drama familiar.

A história acompanha a família de Nena, que se reúne em sua casa de praia para comemorar seu aniversário. Todos estão lá, inclusive Paco, um pavão, que surpreendentemente se apaixona por uma pombinha pintada: um amor impossível que obrigará toda a família a reconhecer seus sentimentos.

8 – ‘Costa Brava, Lebanon’, de Mounia Akl

A diretora libanesa Mounia Akl faz a estreia nos longas-metragens com ‘Costa Brava, Lebanon’, que também faz parte da Mostra Horizons. A narrativa fala sobre a complexa relação de Beirute e o Líbano.

Na trama, um casal decide deixar a poluição tóxica de sua cidade natal, Beirute, na esperança de construir uma existência utópica em uma casa imaculada nas montanhas.

As complicações no país chegaram até a produção do filme quando Beirute, em 4 de agosto de 2020, foi devastada por uma das maiores explosões não nucleares já registradas. Isso deixou centenas de mortos e centenas de milhares de desabrigados.

‘Costa Brava, Lebanon’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)

“Nosso diretor de fotografia [Joe Saade] quase perdeu o olho, o escritório ficou totalmente destruído e saímos sabendo que toda a nossa cidade estava destruída”, conta Mounia à Variety.

Dois meses depois, a equipe de filmagem decidiu seguir em frente e continuar o filme apesar da explosão, da pandemia e do colapso econômico do Líbano. “Sentimos que, criativamente, essa era uma missão que tínhamos”, diz Akl. “E, como diretora, estava evitando que o navio afundasse”.

‘Costa Brava, Lebanon’ é o novo trabalho de Mounia Akl depois do sucesso do aclamado curta ‘Submarine’. O filme fala sobre a crise de lixo do Líbano, em 2015, e a corrupção por trás dela. A diretora usou disso para mostrar diversos outros problemas do países.

9 – ‘My Night’, de Antoinette Boulat

Mais uma estreia na direção é ‘My Night’ (‘Ma Nuit’) marca a estreia da francesa Antoinette Boulat. O nome dela já é bem importante no meio: trata-se de uma relevante diretora de elenco, por trás de filmes com ‘A Crônica Francesa’, ‘Bergman Island’ e ‘Vidas Duplas’. Agora, ela dá os primeiros passos atrás da câmeras, comandando um filme.

Boulat co-escreveu e dirigiu o que podemos chamar de um íntimo estudo sobre uma jovem andando pelas ruas, durante a noite, para lidar com a perda da irmã. “No início, a ideia era mesmo seguir uma jovem em Paris à noite”, contou o cineasta à Variety.

‘My Night’ elenca a Mostra Horizons Extra do Festival de Veneza. Assista a um trecho do filme abaixo:

“Com base nesse ponto, pensei, a personagem poderia se ver em luto porque o luto dá a você uma visão distorcida – você está em um mundo paralelo, está distanciado dos outros – e, ao mesmo tempo, oferece um tipo estranho de força. A dor dá a você uma pele mais dura e uma visão mais nítida”, explicou Boulat na entrevista.

10 – ‘Vera Dreams of the Sea’, de Kaltrina Krasniqi

Para fechar, temos mais um selecionado da Mostra Horizons do Festival de Veneza. ‘Vera Dreams of the Sea’ é a história de Vera, uma intérprete de linguagem de sinais de meia-idade, cuja vida foi interrompida pelo suicídio de seu marido. Ela precisa enfrentar a dura realidade de ir contra as profundas questões de gênero que as mulheres lidam na sociedade.

‘Vera Dreams of the Sea’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)

Este é o longa-metragem ficcional de estreia de Kaltrina Krasniqi, realizadora e pesquisadora do Kosovo. Ela já tinha trabalhados em documentários, séries de TV e curtas.

Agora é aguardar mais alguns meses para que o público brasileiro possa conferir, seja nos cinemas ou no streaming, essas novidades que pintaram primeiro no Festival de Veneza de 2021!

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