Anthony Mackie fará estreia na direção em filme sobre Claudette Colvin, pioneira dos direitos civis nos EUA Anthony Mackie fará estreia na direção em filme sobre Claudette Colvin, pioneira dos direitos civis nos EUA

Anthony Mackie fará estreia na direção em filme sobre Claudette Colvin, pioneira dos direitos civis nos EUA

O longa será estrelado por Saniyya Sidney, a Venus Williams de ‘King Richard’

20 de janeiro de 2022 10:52

Anthony Mackie, o novo Capitão América da Marvel, vai fazer sua estreia na direção de longas-metragens com ‘Spark’. O drama trará Saniyya Sidney, a Venus Williams de ‘King Richard’, como Claudette Colvin, que aos 15 anos enfrentou a segregação racial nos Estados Unidos. Mackie atuará como produtor ao lado de Kellon Akeem, Jason Michael Berman e Marc Ambrose.

Colvin foi a primeira pessoa a refutar o racismo nos transportes coletivos. Quando era adolescente, ela se recusou a sair de seu lugar em um ônibus para que uma mulher branca pudesse sentar. Nove meses depois, Rosa Parks, também ativista, fez a mesma coisa. Parks se tornou um símbolo, enquanto Claudette Colvin foi apagada da história.

Anthony Mackie fará estreia na direção em filme sobre Claudette Colvin, pioneira direitos civis nos EUA
Anthony Mackie fará sua estreia como diretor (Crédito: Divulgação/Disney)

“Há 67 anos, quando a história me colou no banco daquele ônibus em Montgomery, eu nunca poderia imaginar que defender meus direitos poderia desencadear um movimento que mudaria o curso da história”, disse Colvin em publicação do Deadline. “É realmente uma honra ter minha história recontada pelo Sr. Mackie, para que as gerações futuras aprendam sobre nosso passado. Espero que minha história inspire os jovens a continuar lutando pelos direitos civis e pela dignidade humana”.

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Anthony Mackie disse que se deparou com a história de Claudette Colvin durante uma visita ao Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, Tennessee. Da mesma forma que a história do empresário Bernard Garrett o levou a estrelar ‘The Banker’, dirigido por George Nolfi, ele sentiu que a história de Colvin precisava ser contada depois de todos esses anos. 

Como Claudette Colvin enfrentou a segregação racial na década de 1950?

Como citamos acima, Claudette Colvin tinha apenas 15 anos quando peitou o racismo, sendo presa após se recusar a ceder seu assento em um ônibus segregado em Montgomery, Alabama. Ela estava junto com suas amigas quando o motorista pediu para que todas se levantassem para que uma mulher branca pudesse se sentar.

“As pessoas brancas sempre se sentavam nos assentos da frente e os negros, atrás. O motorista do ônibus tinha autoridade para designar quem sentava onde, e quando mais brancos entravam no ônibus, ele pedia os assentos (dos negros)”, contou Colvin à BBC.

“Ele queria que eu saísse do meu assento por conta de uma mulher branca, e eu teria concordado se fosse uma idosa, mas no caso era uma mulher jovem. Minhas amigas levantaram relutantemente, mas eu fiquei sentada no assento da janela”, completou a ativista.

Na ocasião, dois policiais subiram no ônibus e questionaram porque a menina não se levantara. “Eu fiquei ainda mais desafiadora, e então eles empurraram os livros que estavam no meu colo e um deles me segurou pelo braço e me colocou na viatura. Lembro que eles pediram que eu esticasse os meus braços para me algemar”, continuou Colvin.

Ela foi detida durante três horas em uma prisão de adultos – e não em um centro de detenção juvenil. Claudette Colvin ficou em uma cela que continha apenas apenas uma pia quebrada e uma cama sem colchão.

Colvin foi liberada quando sua mãe e um pastor de sua igreja chegaram à prisão para obter sua soltura. “Minha mãe sabia que eu estava chateada com o sistema e com a injustiça que havia sofrido e me disse, ‘bem, Claudette, você finalmente agiu’.”

Saniyya Sidney, de 'King Richard', será Claudette Colvin em 'Sparks'
Saniyya Sidney, de ‘King Richard’, será Claudette Colvin em ‘Sparks’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures)

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Ela foi a primeira pessoa a ser presa por ir contra as leis segregacionistas dos ônibus em sua cidade. O caso foi noticiado nos jornais locais. Meses depois, o mesmo ato foi repetido por Rosa Parks e repercutiu no mundo inteiro.

“Eu era muito ativa no grupo jovem dela e nós nos encontrávamos todas as tardes de domingo na igreja luterana”, relembra. “A senhora Parks era muito quieta e gentil, de fala suave, mas sempre dizia que devíamos lutar por nossa liberdade.”

Colvin acredita que Rosa Parks tinha a imagem ideal para se tornar o rosto da resistência negra. Parks era secretária da filial de Montgomery da entidade de defesa de direitos civis NAACP, a Associação Nacional pelo Avanço das Pessoas de Cor.

A ativista disse também a BBC que a organização não queria uma adolescente como ela para representar uma revolução. Pouco tempo depois, Claudette Colvin ficou grávida sem estar casada, deixando-a ainda mais longe dos holofotes e da NAACP.

Apesar disso, o caso dela e de Parks gerou um movimento – encabeçado por 40 mil afro-americanos. Um grupo de mulheres em prol dos direitos civis ameaçou um boicote ao sistema de transporte. Um ano depois dos acontecimentos, a Suprema Corte dos EUA decidiu pela extinção da segregação racial em ônibus, em 20 de dezembro de 1956. O processo contou com o depoimento de quatro requerentes, incluindo Claudette Colvin.

“A NAACP havia entrado em contato comigo, e minha mãe me disse: ‘Claudette, eles devem estar precisando muito de você, já que eles tinham te rejeitado quando você engravidou sem estar casada’”, relembra. Mesmo com a decisão da justiça, ela contou que as coisas mudaram lentamente.

A história de Claudette Colvin finalmente será conhecida no mundo todo em ‘Spark’, que ainda não tem previsão de lançamento.

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