‘Brichos 3’ fala sobre pandemia com uma emocionante aventura infantil ‘Brichos 3’ fala sobre pandemia com uma emocionante aventura infantil

‘Brichos 3’ fala sobre pandemia com uma emocionante aventura infantil

Diretor Paulo Munhoz conversa com Filmelier sobre ideia de ‘Brichos 3’, que nasceu em 2015 — bem antes da covid-19

Matheus Mans   |  
24 de julho de 2023 13:03

Na última semana, o mundo se dividiu entre dois grandes lançamentos nos cinemas: Barbie e Oppenheimer. No entanto, no mesmo dia que esses dois grandes blockbusters chegaram aos cinemas, um outro lançamento brasileiro também começou a passar nas telonas: a simpática animação Brichos 3: Megavírus, em cartaz desde quinta-feira, 20.

Sucesso entre os baixinhos, a animação de Paulo Munhoz fala sobre uma história bastante atual: a Vila dos Brichos é atacada por um vírus terrível que atinge as mentes das pessoas e coloca quase toda a população em estado de coma. Nessa situação, a parte ainda saudável da comunidade se une e se organiza para salvar os doentes. O jaguar adolescente Tales e sua turma terão de usar muita tecnologia e um tanto de magia, além de sua tradicional coragem, para entrar nos sonhos das pessoas e combater o Megavirus cara a cara. Te lembra algo que vivemos há pouco tempo?

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Brichos 3: Megavírus dialoga francamente com a pandemia de coronavírus, mas também tem uma curiosidade: quase toda a história nasceu antes mesmo de começarmos a falar em covid-19. “Eu tive essa ideia em 2015, mas demorei muito para viabilizar o projeto”, conta Paulo ao Filmelier. “Eu realmente havia captado uma mensagem do universo”.

A seguir, confira a entrevista completa do Filmelier com Paulo Munhoz sobre Brichos 3:

Filmelier: Este já é o terceiro filme de Brichos. Seu processo de desenvolvimento da história mudou muito de 2007 pra cá? Ou se tornou mais confortável?

Paulo Munhoz: Sim, houve uma evolução. O amadurecimento dos personagens faz com que eles passem a apontar os caminhos da narrativa, o que não era tão claro no primeiro filme. Dessa forma, fica mais fácil escrever as histórias. O problema é conter a quantidade de ideias que surgem. Outra influência importante ao longo do tempo é o retorno dos fãs. Esse retorno mostra como a história acontece na mente do público-alvo. Inclusive, neste filme há uma grande homenagem aos fãs. Há uma cena em que aplicamos o desenho de uma menina chamada Vitória, que mora no interior de São Paulo, e que sempre me manda suas obras inspiradas nos Brichos. Também abrimos o filme com uma música que me foi enviada por um menino, de Brasília, que compôs inspirado nos Brichos. Essas duas obras representam todos os amigos dos Brichos. Ou seja, nossa obra passou a fazer parte da vida de muitas pessoas, ajudando na sua criatividade. Isso é encantador.

Brichos 3 tem um visual que encanta (Crédito: O2 Play)

Filmelier: Logo no começo de Brichos 3, há um aviso de que a história foi escrita cinco anos antes da pandemia. Imagino, então, que a produção do filme já estava mais avançada quando a pandemia começou de fato. Como foi sua reação quando viu a similaridade de sua história com o que acontecia no mundo real?

Paulo: Olha, na verdade, a pandemia nos pegou no início da produção. Eu tive essa ideia em 2015, mas demorei muito para viabilizar o projeto. Inclusive, o projeto original era fazê-lo em animação CG3D, mas não consegui captar recursos para esse formato. Nós adaptamos a história para live-action com crianças fazendo o papel dos personagens (desenvolvemos máscaras incríveis) e nesse formato ganhamos um edital FSA regional, aqui no Paraná. Usaríamos animação apenas nas cenas dos sonhos. Começamos o casting em março de 2020 e a pandemia caiu sobre nossas cabeças. Eu não podia usar crianças e nem pessoas idosas. A parafernália de proteção era complicada, além dos riscos de contaminação. Enfim, foram momentos muito difíceis. O que me manteve são foi perceber que, como artista, eu realmente havia captado uma mensagem do universo e que, como profeta, também tinha condições de resolver o problema. Daí que a solução foi retornar ao formato dos filmes anteriores. Preciso reforçar que o mérito do resultado alcançado em animação é dos estúdios Dogzilla e Estúdio 42, que fizeram um trabalho maravilhoso com os recursos e tempo de que dispúnhamos.

Filmelier: Como foi a experiência de fazer o filme durante a pandemia? Foi muito diferente?

Paulo: Fazer um filme durante a pandemia foi muito diferente mesmo. Como mudamos a estratégia de produção a tempo, tivemos dois resultados muito positivos: foi possível trabalhar à distância e conseguimos chegar a um resultado mais aderente à estética dos filmes anteriores. Acho que a pandemia acabou fazendo com que integrássemos melhor a trilogia Brichos. Todavia, não foi um processo confortável. Tivemos que fazer muitos testes, além de conversar com profissionais da Saúde e do Direito para encontrar caminhos que protegessem as pessoas e não inviabilizassem o filme. Conseguimos fazer o filme. Vencemos a pandemia.

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Filmelier: Você, Paulo, acompanha o desenvolvimento do cinema infantil brasileiro — assim como os altos e baixos — pelo menos desde 2007. Como vê o cenário de produção nacional para crianças hoje? Melhorou, piorou?

Paulo: Eu sinto que estamos numa curva ascendente. No audiovisual, como em qualquer atividade, quanto mais se faz, mais se aprende e melhor ficam as obras que sucedem as anteriores. O Menino e o Mundo, do Alê Abreu, me parece o melhor sinal disso. O Brasil chegou perto do Oscar através de um filme animado infantil, o qual, sem diálogos, é compreendido por pessoas (especialmente crianças) do mundo todo. Aliás, gostaria de frisar a vocação brasileira para animação (que pode ser tanto infantil quanto adulta), a qual, pelo seu modus operandi, via computador e internet, consegue integrar profissionais de todos os lugares desse país.

Filmelier: Já tem algum novo projeto para compartilhar com a gente?

Paulo: Sim, tenho uma ótima notícia. Estamos colocando (eu e a minha equipe) toda a nossa energia em uma nova criação: uma série de TV sobre Ciência e Tecnologia, para o público infanto-juvenil, feita em animação Stop Motion. Trata-se do conteúdo Poing, estrelado pelo personagem Poing. Ele é meu alter ego cientista, um cara muito Poing.

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