Antes de falarmos propriamente sobre ‘13 Exorcismos‘, filme que estreia nesta quinta-feira, 23, vamos falar sobre os filmes de exorcismos. Tirando alguns clássicos do gênero, como ‘O Exorcista‘ e ‘O Exorcismo de Emily Rose’, essas produções são majoritariamente panfletos religiosos. Afinal, colocam representantes da Igreja (padres, geralmente) como salvadores de possuídos — deixando de lado outras soluções e outras possibilidades para aquilo acontecer.
Laura é a protagonista (e a atormentada) da vez (Crédito: Diamond Films)
Qual a história de ’13 Exorcismos’?
’13 Exorcismos’, assim, começa como um filme qualquer do gênero: Laura (María Romanillos) brinca com o que não deve e, depois, aparenta estar possuída. Vê assombrações, escuta vozes, começa a se comportar estranhamente.
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Em casa, a relação com a mãe se aproxima do que vemos em ‘Carrie: A Estranha‘. A garota parece não ter liberdade para ser quem é — ou, pior, quem deseja ser. A mãe é exageradamente religiosa e se revolta quando vê que a garota não está seguindo à risca o que ela pensar ser o ideal. Será um caso em que o exorcismo vai ser uma metáfora para essa relação? Será que, enfim, algum filme sobre exorcismo vai inverter os papéis que estamos acostumados a ver?
Até o fim do segundo ato, o diretor Jacobo Martínez insere elementos que nos fazem pensar que o longa espanhol vai seguir por outros caminhos. Afinal, ao invés de trazer elementos apenas de possessão, o roteiro conta com acontecimentos que provocam o público a pensar que Laura tem, na verdade, algum tipo de condição psicológica grave. Ela não toma remédios, tem familiares também com questões e tem sintomas claros de esquizofrenia.
’13 Exorcismos’ é um bom filme?
O filme, assim, parece que vai seguir por um caminho de problematizar o exorcismo, apontando para casos em que, ao invés de tratar como uma questão médica e psicológica, familiares e Igreja veem tudo como obra do demônio. Seria uma sacada genial: transformar um terror que já vimos aos montes por aí, sempre no mesmo formato, a mesma ideia e até mesmo com personagens que nunca mudam, para um drama profundo e melancólico sobre falta de apoio.
Mas não: ’13 Exorcismos’, de uma hora pra outra, desiste dessa ideia e parte de novo para o terrorzão. Há algumas coisas que funcionam aqui e ali, como o design de som que assusta e é bem encaixado — o assobio, apesar de óbvio, consegue dar medo. A atuação de María Romanillos (‘Consequências’) também tem seus méritos e merece destaque. Mas para por aí: o filme não consegue assustar em vários momentos, apesar de tentar, e não surpreende em nada.
Além disso, há momentos que a produção parece não ter medo de abraçar o bizarro, nem o vergonhoso, em cenas como a da água benta — apenas para efeito de contextualização, sem chegar no spoiler de fato, um padre benze um soro indo direto na veia da garota possuída, que começa a se retorcer. Na sessão de imprensa, que sempre preza pelo silêncio absoluto, foram várias as sequências de pessoas ao meu redor dando risos constrangidos e contidos. ’13 Exorcismos’ é, assim, mais do mesmo. Não provoca reflexão, não dá medo, não ousa, não é criativo visualmente. Apesar das possibilidades que surgem, é tudo desperdiçado com uma história fraquíssima e com momentos vergonhosos e que apenas nos lembram do que o filme poderia ser. Uma pena: potencial totalmente desperdiçado.