O majestoso cinema de Denis Villeneuve: de ‘A Chegada’ a ‘Duna’ O majestoso cinema de Denis Villeneuve: de ‘A Chegada’ a ‘Duna’

O majestoso cinema de Denis Villeneuve: de ‘A Chegada’ a ‘Duna’

Com apenas três produções de ficção-científica no currículo, Villeneuve já se tornou referência de um gênero que começou com Georges Méliès, em 1902

26 de outubro de 2021 18:31
- Atualizado em 28 de outubro de 2021 15:33

A ficção-científica é um dos gêneros mais intrigantes do cinema e da literatura. Afinal, todo o mistério que envolve o desconhecido costuma despertar a curiosidade. Escritores como H. G. Wells e Júlio Verne ficaram famosos por levar seus leitores para outras realidades por meio da literatura.

Foi graças a essas obras literárias que, por exemplo, Georges Méliès resolveu se aventurar pelo universo cinematográfico. Em 1902, época em que imagens em movimento eram uma coisa de outro mundo, ele fez ‘Viagem à Lua’ (‘Le voyage dans la Lune’) – a primeira ficção-científica na história do cinema. A produção é baseada nos livros ‘Da Terra à Lua’, de Julio Verne e ‘Os Primeiros Homens na Lua’, de H. G. Wells.

Clássica cena de 'Viagem à Luna' (Crédito: reprodução/domínio público)
Clássica cena de ‘Viagem à Luna’ (Crédito: reprodução/domínio público)

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Alguns anos depois, em 1927, Fritz Lang apresentou ao mundo ‘Metrópolis’, filme que pode ser considerado uma superprodução, ainda mais na época em que foi feito.

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Ao longo dos anos, foram sendo produzindo pontualmente grandes obras de sci-fi, como ‘O Dia em que a Terra Parou’ (1951), ‘Alphaville’ (1966), ‘2001: Uma Odisséia no Espaço’ (1968), ‘Solaris’ (1972), ‘Star Wars: Uma Nova Esperança’ (1977), ‘Alien’ (1979) e muitos outros filmes que são considerados marcos na história da sétima arte.

Desde de Méliès, avançamos 119 anos e chegamos a 2021, onde temos tecnologia de ponta para realizar viagens espaciais (ainda que de curtíssimo alcance) e produzir filmes incríveis. Neste contexto, somos deslumbrados pelo cinema – e, dentro desse microverso, por um diretor em particular: o canandense Denis Villeneuve.

Por incrível que pareça, Denis Villeneuve tem apenas três produções de ficção-científica no currículo, mas o impacto desses longas-metragens foi o suficiente para deixar o realizador como um nome importante no gênero, certamente com um futuro mais promissor.

Antes de embarcar no sci-fi, ele se destacou com ‘Polytechnique’ (2009), ‘Incêndios’ (2010, e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro), ‘Os Suspeitos’ (2013), ‘O Homem Duplicado’ (2014) e ‘Sicario’ (2015), um dos maiores sucessos comerciais do cineasta.

‘A Chegada’

Eis que, em 2016, finalmente descobrimos o gênero que faria Villeneuve despertar ainda mais o interesse do público. Em ‘A Chegada’, o diretor conseguiu trazer uma trama tão sensível que você cria empatia por seres extraterrestres que mal conseguimos ver.

Denis Villeneuve e Jeremy Renner em 'A Chegada' (Crédito: Divulgação/Paramount)
Denis Villeneuve e Jeremy Renner em ‘A Chegada’ (Crédito: Divulgação/Paramount)

Protagonizado por Amy Adams, Jeremy Renner e Forest Whitaker, o filme é baseado no conto ‘Story of Your Life’, de Ted Chiang. Na trama, naves alienígenas chegam às principais cidades do mundo e a Dra. Louise Banks, uma linguista, é procurada por militares para traduzir os sinais deles e descobrir se são uma ameaça ou não.

‘A Chegada’ foi aclamado pela crítica – a atuação de Adams é um dos pontos altos da produção, sendo indicada ao Globo de Ouro e ao BAFTA. O longa teve oito indicações no Oscar 2017 – Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição de Som, Som, Design de Produção e Fotografia – levando apenas na categoria de Edição de Som.

Independente disso, Villeneuve passou a ser visto como um diretor promissor no gênero da ficção-científica, com toda a beleza e envolvimento da produção. Com a história, ele consegue fazer o espectador ter empatia por extraterrestres e explora um drama familiar – humano – em meio a este plano de fundo.

‘Blade Runner 2049’

‘A Chegada’ abriu as portas para, no ano seguinte, Villeneuve assumir a direção de ‘Blade Runner 2049’, sequência do clássico de Ridley Scott.

Trinta anos após o filme original, a trama acompanha os passos de K (Ryan Gosling), um replicante (humano sintético criado por bioengenharia) que trabalha como um caçador de androides para a polícia de Los Angeles. Ao descobrir um inacreditável segredo, K passa a ter conflitos existenciais e parte em busca de mais informações sobre o tal mistério, que envolve Rick Deckard (Harrison Ford), que ocupava o mesmo cargo que ele e está desaparecido há décadas.

Novamente, Villeneuve entrega um espetáculo visual de ritmo lento, mas constante e que consegue te fazer ter uma digna imersão cinematográfica. Se no passado já cultuávamos o quão bonitas costumam ser os filmes de ficção-científica, o canadense faz jus a isso e continua entregando filmes belíssimos – se por ventura a história não agradar, a fotografia vai te deslumbrar.

'Blade Runner 2049', a continuação do clássico de Ridley Scott (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)
‘Blade Runner 2049’, a continuação do clássico de Ridley Scott (Crédito: Divulgação/Sony Pictures)

Indicado à cinco categorias no Oscar 2018, ‘Blader Runner 2049’ saiu vitorioso em Melhores Efeitos Visuais e Fotografia, graças ao trabalho de Roger Deakins – que assumiu a função ao lado de Villeneuve também em ‘Os Suspeitos’ e ‘Sicario’.

‘Duna’

Com ‘A Chegada’ e ‘Blade Runner 2049’, Denis Villeneuve conseguiu bagagem para o desafio de adaptar um dos livros mais complexos do sci-fi para o cinema. Será que ele se saiu bem? Os número indicam que sim! Semana passada, ‘Duna’ foi lançado e o filme já a maior bilheteria de estreia na carreira do cineasta.

A história, que no passado teve uma versão por David Lynch, se passa em um futuro onde o item mais valioso é uma especiaria extraída do planeta dessértico Arrakis, conhecido também como Duna. Os habitantes que lá residem, os Fremens, por anos viveram sob o regime da Casa Harkonnen, que controlava a região.

Agora, a pedido do Imperador, a Casa Atreides deverá administrar o planeta e as coisas acabam dando errado. Timothée Chalamet dá vida ao protagonista Paul Atreides, e acompanhamos sua jornada ao lado da mãe, Lady Jessica (Rebecca Fergunson), tentando aprender mais sobre o estilo de vida dos Fremens e de Arrakis. ‘Duna’ é apenas a primeira parte da história, que tem uma continuação prevista para 2023 – também sob a tutela de Villeneuve.

Timothée Chalamet em ‘Duna’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Como era de se esperar, o longa-metragem é extremamente bonito. Desde as cenas no deserto até as de guerra. A produção não só tem uma grande magnitude como também é adaptada de uma obra literária muito importante, que inspirou diversos outros trabalhos de ficção-científica, inclusive nos cinemas.

O impacto do filme vamos descobrir com o passar dos meses, mas, até o momento, ele está movimentando as bilheterias dos cinemas e tem sido um dos assuntos mais comentados das redes sociais. Se depender do sucesso de ‘Duna’, Villeneuve continuará nos impressionando positivamente. Os próximos projetos dele são: ‘Duna: Parte 2’, a série ‘Dune: The Sisterhood’ e a nova versão de ‘Cleópatra‘.

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