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'...E o Vento Levou' chega ao HBO Max, no Brasil, com alerta sobre conteúdo racista

Em 2020, a produção foi retirada da HBO Go e depois, voltou ao catálogo mas no HBO Max com um vídeo explicando o contexto

Raíssa Basílio | 29/06/2021 às 10:46 - Atualizado em: 29/06/2021 às 12:37


Nesta terça-feira, 29, a HBO Max chego oficialmene ao Brasil e aqui no Filmelier estamos explorando a plataforma. Uma das primeiras coisas que chamaram a atenção foi que '…E o Vento Levou' entrou no serviço com uma mensagem, semelhante ao que fizeram nos Estados Unidos, para explicar o motivo do filme continuar sendo exibido.

"'E o Vento Levou' é um produto de seu tempo e retrata alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, são comuns na sociedade americana. Essas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje", diz o alerta assim que a produção começa. "Para criar um futuro mais justo, igualitário e inclusivo, devemos primeiro reconhecer e compreender nossa história. Esta produção é apresentada como foi originalmente criada".

Polêmicas e trama de '...E O Vento Levou'

Em ‘…E o Vento Levou’, conta-se a história de uma rica garota do sul na Guerra Civil Americana. O grande problema estaria na representação de escravos satisfeitos com sua situação. O filme venceu oito Oscars, incluindo Atriz Coadjuvante para Hattie McDaniel, primeira mulher negra premiada.

Primeiramente, a principal voz que se levantou contra o filme foi o roteirista John Ridley, vencedor do Oscar por ‘12 Anos de Escravidão‘. Em um artigo publicado no jornal Los Angeles Times, ele pediu pela retirada da plataforma. Afinal, disse ele, o longa "ignora os horrores da escravidão".

Cena com escrava do filme '...E o Vento Levou'
'...E o Vento Levou' perpetua esteriótipos de pessoas não brancas, afirmam críticos (crédito: divulgação/Warner Bros. Pictures)

“Quando o filme não está ignorando os horrores da escravidão, ele pausa apenas para perpetuar alguns dos estereótipos mais dolorosos de pessoas não-brancas”, disse no artigo. “O filme continua a legitimar a noção de que o movimento secessionista era algo mais, ou melhor, ou mais nobre”.

Além disso, depois, Ridley acrescenta que o filme não deve ser “escondido”, mas trazido à luz com novo significado. “Gostaria de pedir que o filme seja reintroduzido na HBO Max com outros filmes que fornecem uma imagem ampla e completa do que realmente era a escravidão e a Confederação”.

Na versão norte-americana, é exibido um vídeo antes do filme

Nos Estados Unidos, o filme clássico de 1939 retornou ao serviço americano com um vídeo de contexto histórico, não apenas o alerta. Apresentado pela especialista em cinema Jacqueline Stewart, da Universidade de Chicago, o vídeo argumenta que o filme "mostra uma imagem do sul dos EUA" antes da Guerra de Independência dos Estados Unidos "como um cenário romântico e idealizado que já se perdeu".

"Tratar o mundo com nostalgia ajuda a negar os horrores da escravidão e todo o seu legado de desigualdade racial", explica. No entanto, acrescenta ainda que a experiência pode "ser desconfortável", mas é "importante que filmes clássicos de Hollywood estejam disponíveis em sua forma original".

O serviço de streaming também passou a oferecer ao espectador um debate de especialistas intitulado 'O Complicado Legado de "…E o Vento Levou"'. A ideia é mostrar como o filme, de várias formas, banaliza a escravidão.

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Raíssa BasílioRaíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Raíssa Basílio
Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

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