‘Ele é Demais’ é a versão TikTok de uma história escrita em 1913 ‘Ele é Demais’ é a versão TikTok de uma história escrita em 1913

‘Ele é Demais’ é a versão TikTok de uma história escrita em 1913

Será que a onda de filmes para a geração TikToker veio para ficar? A nova comédia da Netflix mostra que sim

27 de agosto de 2021 09:57
- Atualizado em 30 de agosto de 2021 12:36

O catálogo atual da Netflix está recheado de comédias românticas – ‘Para Todos Garotos que Amei‘, ‘O Plano Imperfeito’, ‘Amor com Data Marcada’, ‘A Barraca do Beijo’ – e nesta sexta-feira, 27, temos mais um filme para agregar essa lista: ‘Ele é Demais’. A produção é um remake de ‘Ela é Demais’, de 1999.

A nova versão foi feita para a geração TikToker, que provavelmente não conhece o original, e é estrelado pela influenciadora digital Addison Rae – segunda pessoa mais seguida justamente no Tiktok, com 80 milhões de seguidores – e por Tanner Buchanan (‘Cobra Kai’).

Tanner Buchanan e Addison Rae em ‘Ele É Demais’ (Crédito: Divulgação/Netflix)

‘Ele é Demais’ é baseado na peça ‘Pigmalião’, de 1913

A história é uma releitura da peça ‘Pigmalião’, de George Bernard Shaw, escrita em 1913. Na trama, Eliza Doolittle é uma mulher humilde que vende flores e acaba conhecendo um professor de fonética Henry Higgins, que despreza seu sotaque. Ele aposta com um amigo que vai transformá-la em uma dama da alta sociedade em apenas 6 meses.

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Achou familiar e nunca assistiu à ‘Ela é Demais’? Pois então, a peça teve uma série de adaptações – incluindo a da recente novela da TV Globo, ‘Totalmente Demais’.

Em Hollywood, a trama virou filme ainda nos anos 1960, chamado ‘Minha Bela Dama’ (1964), com Audrey Hepburn e Rex Harrison. O longa é um clássico e foi um sucesso, ganhador de oito Oscars – Melhor Filme, Diretor, Ator (Harrison), Direção de Arte, Fotografia – Colorida, Figurino – Colorido, Trilha Sonora e Som.

Audrey Hepburn estrela ‘Minha Bela Dama’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Nos anos 1990, a história foi repaginada para o universo teen. Em ‘Ela é Demais’, Freddie Prinze Jr. dá vida à Zack Siler, que era o cara mais popular de seu colégio até sua namorado Taylor (Jodi Lyn O’Keefe) trocá-lo pelo ator Brock Hudson (Matthew Lillard).

Para recuperar sua popularidade, ele aposta com seus amigos que consegue transformar qualquer garota na próxima rainha do baile da escola, em seis semanas. A escolhida para o desafio é Laney Boggs (Rachael Leigh Cook), uma garota tímida e que não liga para as superficialidades do mundo.

Em ‘Ele é Demais’, a história sofreu mais uma releitura: além de passar em 2021, teve uma inversão de papéis. Agora, temos uma garota como protagonista, a influenciadora digital Padgett Sawyer (Addison Rae). Após descobrir que seu namorado Jordan Van Draanen (Peyton Meyer) está a traindo, ela perde milhares de seguidores e decide transformar o garoto antissocial do colégio, Cameron (Tanner Buchanan), em rei do baile. Com um namorado, ela tem mais engajamento nas redes sociais.

Rachael Leigh Cook e Freddie Prinze Jr. em ‘Ela É Demais’ (Crédito: Divulgação/Miramax Films)

Jordan Van Draanen é um cantor famoso e também personalidade da internet. Ele é uma versão do personagem Matthew Lillard em ‘Ela é Demais’. Toda a construção dele destoa do outros adolescentes, figurino e estilo do cabelo, Jordan parece que saiu de uma comédia do fim dos anos 1990 e começo dos 2000.

Inclusive, Lillard faz uma participação no filme: ele é o diretor do colégio onde estudam os personagens. Rachael Leigh Cook, que é a protagonista da versão de 1999, também está no elenco: ela interpreta a mãe da Addison Rae. Cook, aliás, tem algumas cenas pontuais que rementem ao filme que ela estrelou.

A transformação de personagens que já são padrões de beleza

Tanto a versão de 1964 quanto a de 1999 têm alguns problemas. Afinal, a história foi escrita em 1913 e é, claramente, bastante misógina. Toda essa ideia de precisar mudar a aparência de uma mulher para ela ser aceita pela sociedade é completamente absurda.

No entanto, essa premissa foi muito comum em diversas comédias românticas ao longos dos anos. É bem recente a mudança nesse conceito, graças a desconstrução dos padrões de beleza que temos visto tanto na mídia, especificamente nas redes sociais.

Talvez esse seja um dos maiores problemas de ‘Ela é Demais’, ainda que o filme novo consiga mudar um pouco isso. O rapaz da história, Cameron, não sofre uma baita transformação. Na verdade, a protagonista só aprimora o que ele já é – até porque o ator nunca deixou de ser atraente. Ele não quebra a bolha, assim como Audrey Hepburn e Rachael Leigh Cook também não quebraram.

Tanner Buchanan sendo “tranformado” em ‘Ele É Demais’ (Crédito: Divulgação/Netflix)

Os três protagonistas dos longas citados estão dentro dos padrões de Hollywood – por mais que Hepburn fugisse um pouco do que era considerado bonito em sua época, ainda assim, sabemos que ela ser magra a coloca dentro do que é aceitável em uma sociedade que ainda é preconceituosa com pessoas gordas.

Claro que não é possível resolver todos os problemas do mundo com um filme com menos de duas horas. O diretor Mark Waters, o mesmo de ‘Meninas Malvadas’, fez um trabalho ótimo em ‘Ele é Demais’, tentando não forçar a barra em problemáticas que eram bem escrachadas nas outras adaptações de ‘Pigmalião’.

Em suma, ‘Ele é Demais’ sintetiza tudo que tem de divertido em ‘Minha Bela Dama’ e ‘Ela é Demais’ – além de dar uma nova cara e deixar mais atraente uma velha trama para uma geração que gosta de ver dançar sincronizadas e acha cada vez mais difícil ter uma vida longe do celular.

Quer saber mais informações do filme, incluindo o link para assistir online? Clique aqui!

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