“É um filme especial”, diz atriz de ‘As 4 Filhas de Olfa’, indicado ao Oscar “É um filme especial”, diz atriz de ‘As 4 Filhas de Olfa’, indicado ao Oscar

“É um filme especial”, diz atriz de ‘As 4 Filhas de Olfa’, indicado ao Oscar

Ichraq Matar conversou com o Filmelier sobre a experiência de atuar em um filme que mistura ficção com documentário

Matheus Mans   |  
5 de março de 2024 11:17

A atriz Ichraq Matar estava estudando teatro quando foi convidada pela diretora Kaouther Ben Hania a atuar em um pequeno papel no premiado filme O Homem que Vendeu Sua Pele. Foi transformador. “Fiquei encantada com a atmosfera, pela filmagem, como cada um dos departamentos estava fazendo o seu melhor para o projeto ter sucesso”, conta a atriz. Não deu outra: hoje ela estuda cinema e está em As 4 Filhas de Olfa, estreia de quinta, 7.

Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, o filme tece um retrato íntimo e comovente de uma mãe devastada pelo desaparecimento de suas filhas, de apenas 15 e 16 anos, que se juntam ao grupo terrorista ISIS. Nós, espectadores, somos confrontados com contradições, ambiguidades e problemáticas da experiência materna. Olfa é retratada com toda sua humanidade, com falhas e qualidades, enquanto luta para lidar com a dor da perda e culpa.

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E o que Matar tem a ver com um documentário? Ben Hania – uma cineasta que se mostra cada vez mais brilhante – colocou três atrizes em cena. Uma interpretando a mãe, Olfa, em cenas mais intensas, enquanto Matar e Nour Karoui vivem as filhas que foram embora.

As 4 Filhas de Olfa: entre ficção e documentário

Para Matar, que faz sua primeira personagem inspirada em uma pessoa real, o processo foi complicado – ainda que natural. “Desde o início, desde o processo de seleção, tive que assistir vídeos de Ghofrane e Rahma na prisão”, explica ela, citando as duas filhas de Olfa. “Tive que encontrar coisas em comum entre nós, assim como os pontos de diferença. Além disso, o roteiro não era normal, com cenas com fases da vida de Olfa e suas filhas”.

As 4 Filhas de Olfa (Four Daughters)
Matar e Nour Karoui vivem as filhas que foram embora em As 4 Filhas de Olfa (Crédito: Synapse)

As 4 Filhas de Olfa, assim, desperta como uma espécie de processo terapêutico – para a mãe e as duas filhas que ainda vivem em casa, como também, de alguma forma, para as próprias atrizes que interpretam as filhas que se foram. Olfa se confronta com seus sentimentos contraditórios, enquanto relações renascem ou são, aqui, reconstruídas.

Tudo isso, conta Matar, com um processo bem diferente nos bastidores. “Nós não sabíamos como seria o filme no final”, explica ela, em entrevista. “Filmamos durante um mês e a câmera estava sempre gravando. Foi especial ter a presença da família, dos membros reais da família. Como atriz, normalmente eu recebo o roteiro, eu conheço o personagem e se tenho perguntas para entender o personagem, eu faço perguntas. Eu pergunto ao diretor. Só que, desta vez, não perguntamos ao diretor. Tínhamos os personagens reais conosco. Então, perguntamos a Olfa e suas filhas sobre os personagens e sobre toda a família”.

Matar acredita que As 4 Filhas de Olfa possui uma importância para além da história familiar – principalmente quando junta atrizes e as pessoas reais dessa história.

“É um filme especial na forma e no conteúdo”, afirma. “Fala sobre maternidade, a relação entre uma mãe e suas filhas, sobre adolescência, sobre violência, sobre radicalização, sobre liberdade, amor, desejo, sobre o impacto da situação política na situação social e nas famílias. Fala também sobre o trabalho dos atores. E a diretora conseguiu criar um espaço seguro para nós, para que possamos nos expressar livremente e confortavelmente”.

As 4 Filhas de Olfa estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 7 de março. Clique aqui para comprar ingressos.

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