Ficção ou realidade? Coronavírus faz o mundo virar uma grande Gotham City Ficção ou realidade? Coronavírus faz o mundo virar uma grande Gotham City

Ficção ou realidade? Coronavírus faz o mundo virar uma grande Gotham City

Governos de vários estados e países estão usando monitoramento de celulares para acompanhar medidas de quarentena – o que faz lembrar uma passagem de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’

8 de abril de 2020 14:27
- Atualizado em 14 de julho de 2020 18:37

Às vezes, a linha entre a ficção e a realidade é bem tênue. Em muitos casos, roteiristas e cineastas usam elementos da vida real, que são extrapolados e transformados enredos de filmes. Em outros, é a ficção que inspira cientistas – como, por exemplo, os foguetes de Flash Gordon ou os comunicadores de ‘Star Trek‘. Dessa vez, por coincidência ou não, são elementos do filme ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas‘ que viraram realidade bem no meio da crise causada pelo novo coronavírus.

Desde o começo do mês de abril, as operadoras de celular estão fornecendo aos governos brasileiros nas esferas federal, estadual e municipal os dados de deslocamento de seus aparelhos – e, por consequência, de seus usuários. São 222,2 milhões de linhas em todo o país.

Na maior iniciativa no nosso país, os dados são disponibilizados pelas operadoras Algar Telecom, Claro, Oi, Tim e Vivo ao Ministério da Ciência, Inovação, Tecnologia e Comunicação com o objetivo de acompanhar a movimentação das pessoas durante a pandemia da covid-19, verificando se elas estão seguindo a recomendação de ficar em casa e se é necessário, por exemplo, intensificar as medidas para evitar aglomerações.

O monitoramento feito pelo governo de Israel (crédito: Twitter / Israel)

“Os dados fornecidos visam exclusivamente o combate à covid-19. Estarão em nuvem pública (data lake) e organizados de forma agregada […] e anônima, de acordo com as normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e do Marco Civil da Internet”, garantiu o ministério por meio de um comunicado.

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No caso específico do estado de São Paulo, a operadora Vivo e uma empresa de geolocalização são parceiras da iniciativa, verificando se as pessoas estão se deslocando mais de 200 metros. Os dados são gerenciados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo. No Rio de Janeiro, a parceria estadual é com a TIM.

Além do Brasil, outros países tomaram a mesma iniciativa – incluindo China, Itália e Israel.

Já o Google, a partir da geolocalização dos aparelhos Android, está fazendo algo parecido com o Relatórios de Mobilidade Comunitária, que é disponibilizado de forma pública.

Ficção?

Guardadas as devidas proporções, as iniciativas lembram algo visto em ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas‘. No longa de 2008, o Homem-Morcego (Christian Bale) aproveita uma tecnologia criada por Lucius Fox (Morgan Freeman), chamada “gerador de alta frequência”, para transformar todos os celulares de Gotham City em uma grande sonar, mostrando onde todos os habitantes estão – e gravando suas vozes. Com a ajuda do sonar, o herói encontra o vilão Coringa (Heath Ledger).

Confira a cena a seguir.

No mesmo diálogo, Fox coloca as questões morais que o assunto levanta – ainda que, no caso do filme, o grau de vigilância seja muito maior e claramente ilegal.

Ficção à parte, é inegável que os celulares se transformaram em uma ferramenta importante para monitorar as políticas de isolamento social e de quarentena em épocas de novo coronavírus – e que vão levantar debates acalorados depois que a crise passa.