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Lee Jung-jae, ator de ‘Round 6’, fala sobre novo filme ‘Operação Hunt’

Astro coreano Lee Jung-jae conversou com o Filmelier sobre sua jornada para dirigir o longa de ação e espionagem

Matheus Mans   |  
26 de janeiro de 2023 19:00
- Atualizado em 31 de janeiro de 2023 18:53

Coreia do Sul, década de 1980. Dois agentes rivais, Park Pyong-ho (Lee Jung-jae) e Kim Jung-do (Jung Woo-sung), estão incumbidos de uma tarefa complicadíssima, mas essencial: descobrir um espião norte-coreano dentro da Agência Central de Inteligência da Coreia (KCIA) e, assim, evitar uma conspiração maior para assassinar o presidente. Essa é a trama de ‘Operação Hunt‘, filme que chega aos cinemas brasileiros já na próxima quinta-feira, 2 de fevereiro.

Além de protagonizar o filme, Lee Jung-jae é o nome por trás das câmeras. O astro, conhecido por seu trabalho na série ‘Round 6’, da Netflix, faz sua estreia na direção em grande estilo: não só dirige um filme que também é estrelado por ele próprio, como também mergulha no complicado e intrincado gênero da espionagem. Além disso, por também ter desdobramentos políticos, acaba colocando um tempero histórico no meio de toda essa trama de ação.

Em ‘Operação Hunt’, Lee Jung-jae não só dirigiu o filme, como também interpretou um dos protagonistas (Crédito: Synapse)

Segundo ele conta ao Filmelier, em entrevista por e-mail, tudo isso surgiu quase por acaso. “Eu não sabia que iria escrever e dirigir um filme. É de alguma forma semelhante ao fato de que me tornei ator por acaso. A oportunidade apareceu e eu dei o meu melhor”, diz. “O filme foi concluído em quatro anos. Foi um grande desafio para mim. Pude aprender não só sobre a experiência de filmagem, mas também sobre todas as etapas de produção e filmagem de um filme desde a pré-produção até a pós-produção, e também trabalhos que continuam além do lançamento”.

‘Operação Hunt’: um filme que nasceu para ser de Lee Jung-jae

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De acordo com entrevista de Lee ao jornal The Korea Times, o trabalho de ‘Operação Hunt’ nasceu como de produtor. De posse dessa história, o astro de ‘Round 6’ começou o trabalho de tentar transformar a trama em cinema. Assim, ele procurou uma série de diretores para dirigir ‘Operação Hunt’. No entanto, todos eles acabaram recusando a oferta. “Eu literalmente entrei em contato com os 20 maiores cineastas da Coreia. Eles acharam o projeto muito difícil, então isso me deixou sem outra escolha a não ser dirigi-lo sozinho”, disse ele, explicando como chegou ao posto de diretor.

Assistindo ao longa-metragem, fica a sensação de que a tarefa não foi nada fácil. Filmes de espionagem, por si só, já são complicados: trazem elementos da ação, com cenas de luta e perseguição, e também histórias que vão para todos os lados, com reviravoltas em vários momentos. ‘Operação Hunt’, porém, complica ainda mais a equação, acrescentando tramas políticas e fatos históricos da Coreia do Sul. Tudo isso em uma história que prende a atenção.

Em um primeiro momento, uma das ações tomadas pelo astro da Coreia do Sul foi reescrever parte do roteiro, assinado pelo estreante Jo Seung-Hee, que antes focava em um único protagonista, enquanto a nova história abraça esses dois agentes rivais da KCIA. A mensagem geral do filme e o relacionamento entre os personagens também mudaram com o tempo. Depois, é claro, entrou um profundo e cuidadoso trabalho com o elenco da produção.

“Passei por muitos ensaios com os atores antes mesmo das filmagens”, explica o ator coreano, ao ser questionado sobre como conseguiu chegar no clima da história de ‘Operação Hunt’. “Tínhamos muitos ensaios com antecedência, então pudemos nos divertir mais na gravação. Também tivemos muitas conversas. Os atores que trabalharam juntos sempre se comunicaram sobre pensamentos, valores, personagens e cenas. Consegui expressar adequadamente as cenas do filme, como as linhas emocionais e a tensão, comunicando-me e cooperando incessantemente”.

Uma história política e de reflexão

Apesar das boas atuações e de todo o clima de filme de espionagem, um elemento de ‘Operação Hunt’ rouba a cena: o tom político da produção, que traz aspectos importantes sobre a história da Coreia do Sul. Esse ponto do filme, aliás, passou por algumas transformações. Depois do longa-metragem fazer sua estreia mundial na seção fora da competição Midnight Screening do 75º Festival de Cinema de Cannes, Lee recebeu feedback de que o filme era “muito local” e o público global não consegue acompanhar a história por não estar familiarizado com a política coreana.

'Operação Hunt': um clássico filme de espionagem de Lee Jung-jae com um tempero político (Crédito: Synapse)
‘Operação Hunt’: um clássico filme de espionagem com um tempero político (Crédito: Synapse)

Foi aí que o cineasta e roteirista começou o seu trabalho de reeditar o filme e fazer gravações adicionais. Não só a trama ficou mais palatável, deixando a trama política da Coreia do Sul mais compreensível até para quem nunca ouviu falar sobre história do país asiático, como o filme se tornou um sucesso comercial, sendo vendido para 140 países.

Hoje, Lee Jung-jae celebra o resultado do filme e confirma que a mensagem política é um dos corações de ‘Operação Hunt’. “Achei que precisávamos continuar nos perguntando se nossas crenças eram baseadas na verdade. É por isso que esse valor e essa ideia deram origem ao filme”.

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