Morre Roger Michell, diretor de ‘Um Lugar Chamado Notting Hill’ Morre Roger Michell, diretor de ‘Um Lugar Chamado Notting Hill’

Morre Roger Michell, diretor de ‘Um Lugar Chamado Notting Hill’

Mitchell tinha 65 anos e estava percorrendo o circuito de festivais com o seu mais recente filme, ‘The Duke’; relembre a carreira do cineasta

23 de setembro de 2021 17:21

Roger Michell, diretor de filmes como ‘Um Lugar Chamado Notting Hill‘, ‘Amor Obsessivo’ e ‘Minha Prima Raquel‘, morreu ontem, 22, aos 65 anos. A morte foi anunciada nesta quinta, 23, pelo assessor de imprensa do cineasta e a causa não foi divulgada.

“É com grande tristeza que a família de Roger Michell, diretor, escritor e pai de Harry, Rosie, Maggie e Sparrow, anuncia sua morte aos 65 anos em 22 de setembro”, diz o breve comunicado.

Michell estava percorrendo os festivais com o seu mais recente longa, ‘The Duke’ – a aparição mais recente foi no começo de setembro, em Telluride.

Vida e obra de Roger Michell

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Nascido em 5 de junho de 1956 na cidade sul-africana de Pretória, Michell era filho de um diplomata britânico que estava em serviço no país. Também por causa disso, o futuro cineasta passou a infância em cidades como Beirute (Líbano), Damasco (Síria) e Praga (República Tcheca). De volta ao país de sua família, estudou em Cambridge – onde dirigiu dezenas de peças.

A partir de 1979 se tornou diretor e roteirista freelancer no teatro, sendo que o maior sucesso dessa primeira parte da carreira foi a peça ‘Private Dick’. Em meados da década seguinte, entrou para a Royal Shakespeare Company, onde ficaria por seis anos.

Como você pode ver, o tradicional teatro inglês é responsável não só por “emprestar” grandes atores e atrizes para o cinema, mas também ótimos diretores.

Depois de fazer o curso de direção da BBC, Michell passou a atuar também em outras mídias. Estreou na TV como diretor da minissérie ‘Downtown Lagos’, em 1992.

Cena de 'The Buddha of Suburbia', minissérie dirigida por Michell (Crédito: divulgação / BBC)
Cena de ‘The Buddha of Suburbia’, minissérie dirigida por Michell (Crédito: divulgação / BBC)

No ano seguinte comandou outra minissérie, ‘The Buddha of Suburbia’, adaptação de um livro de Hanif Kureishi sobre um jovem indiano com problemas para viver na sociedade britânica. A produção, aclamada pela crítica na época, contou com trilha sonora de ninguém menos que David Bowie, que também teve Michell como o diretor do clipe do tema principal.

A estreia no cinema foi em 1997, em ‘My Night with Reg’, com uma história LGBTQI+ sobre um grupo de amigos que se reúne após perder alguém muito próximo para a Aids. No ano seguinte foi a vez de ‘Lutando Pela Paz’, longa sobre uma família que tem problemas com simpatizantes do IRA – organização que luta pela independência da Irlanda do Norte.

A mudança na vida de Michell foi mesmo em 1999, com ‘Um Lugar Chamado Notting Hill’. O filme, que tem Hugh Grand e Julia Roberts no elenco, é certamente uma das comédias românticas mais memoráveis já feitas.

Julia Roberts, Roger Michell e Hugh Grant passando o texto de 'Um Lugar Chamado Notting Hill' (Crédito: divulgação / Columbia Pictures)
Julia Roberts, Roger Michell e Hugh Grant passando o texto de ‘Um Lugar Chamado Notting Hill’ (Crédito: divulgação / Columbia Pictures)

Com roteiro de Richard Curtis, o longa traz uma encantadora história sobre um amor que supera a diferença de dois mundos – uma atriz com um dono de livraria; uma americana com um britânico; uma famosa com uma pessoa desconhecida. Tudo isso com o charme do bairro que dá nome à obra. Reprisado à exaustão na TV, é uma daquelas histórias que nos toca não importa quantas vezes assistimos.

Em 2002 assinou ‘Fora de Controle’, elogiado thriller com Ben Affleck e Samuel L. Jackson. No ano seguinte foi a vez de ‘Recomeçar’, com um Daniel Craig pré-James Bond. A parceria entre os dois se repetiria em 2004, em ‘Amor Obsessivo’. Os dois longas ajudaram Craig entrar no radar para se tornar o 007.

‘Venus’, de 2006, foi mais um trabalho elogiado de Roger Michell, com o veterano Peter O’Toole em um papel que lhe rendeu a oitava indicação ao Oscar de Melhor Ator.

Depois disso, o diretor entrou em um período mais dedicado ao teatro, com menos filmes. É dessa época o longa ‘Manhã Gloriosa’, com Harrison Ford, Rachel McAdams e Diane Keaton nos bastidores de um programa matinal da TV americana, que acabou motivando críticas negativas.

Michell voltou aos holofotes do cinema nos últimos anos. Em 2017 lançou ‘Minha Prima Raquel’, com outra Rachel -Weiz – em um drama cheio de mistério e romance que se passa nos anos 1830.

'A Despedida', com Susan Sarandon, é o mais recente filme de Michell lançado no Brasil (Crédito: divulgação / Califórnia Filmes)
‘A Despedida’, com Susan Sarandon, é o mais recente filme de Michell lançado no Brasil (Crédito: divulgação / Califórnia Filmes)

No ano seguinte dirigiu ‘Chá Com as Damas‘, um tocante documentário com quatro grandes dramas da dramaturgia britânica (Judi Dench, Eileen Atkins, Joan Plowright e Maggie Smith) conversando sobre a carreira acompanhadas de um gostoso chá. Um verdadeiro abraço afetivo para todos os fãs das atrizes e das produções da terra de Elizabeth II.

Coincidência ou não, o lançamento mais recente do cineasta no circuito comercial foi ‘A Despedida‘, com ótimas atuações de Susan Sarandon, Kate Winslet e Sam Neill. No longa, Sarandon é uma mãe com doença terminal que procura reunir a família por uma última vez antes de morrer – mas, como acontece nesses encontros, sabemos que não é uma despedida fácil. Apesar do tema, é um filme afetivo, comovente e, o mais importante, otimista.

Talvez o longa-metragem funcione como uma metáfora para a própria partida de seu diretor.

Para depois de ‘The Duke’, Roger Michell estava preparando o documentário ‘Elizabeth’, que está em pós-produção.

Clique aqui para conferir alguns filmes do cineasta disponíveis para assistir online – que é onde, certamente, ele continuará sempre vivo.

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