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Em um relatório de governança socioambiental divulgado nesta terça (30), a Netflix informou que, durante 2020, retirou alguns conteúdos de seu catálogo a pedido dos governos de Turquia e Singapura. É a segunda vez que a empresa divulga esse relatório anual – e faz parte de seu compromisso de cumprir as determinações locais, mas dando publicidade a esses pedidos.
Tais medidas são, por definição, enquadradas como censura – definição que engloba a proibição do acesso a qualquer conteúdo (incluindo artístico) por critérios políticos ou morais.
Em abril de 2020, a pedido do Conselho Supremo de Rádio e TV da Turquia, a Netflix retirou o episódio ‘Family Ties’, da segunda temporada série ‘Designated Survivor’, do catálogo naquele país.
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O capítulo em questão traz o presidente da Turquia exigindo a extradição de um líder da oposição. Protagonizada por Kiefer Sutherland (que vive o presidente dos EUA), a série é de ficção, mas tem, sim, inspiração em fatos. A Turquia é governada desde 2002 por Recep Tayyip Erdoğan – até 2014 como primeiro ministro e, a partir daquele ano, como presidente. A liderança de Erdoğan é conhecida pela supressão dos dissidentes e pela pesada censura – que levou a prisão de centenas de jornalistas e à proibição do acesso à Wikipedia entre 2017 e 2020, por exemplo. Em 2016 o país passou por uma frustrada tentativa de golpe contra o presidente e, desde então, é palco de diversos protestos. Atualmente, a Turquia é a 104ª (de 166 países) no Índice de Democracia da revista The Economist. O Brasil, para comparação, ocupa o 49º posto. A instituição turca também demandou, em setembro do mesmo ano, a retirada do filme ‘Cuties‘ do catálogo da Netflix no país. O longa foi polêmica em outros países, inclusive no Brasil, por, na visão de muitos, sexualizar crianças. A plataforma cumpriu o pedido. Ações parecidas aconteceram em Singapura. Em maio, a autoridade do país asiático exigiu a remoção da série ‘Receita da Boa’ (‘Cooked With Cannabis’, no original); em agosto, pediu o mesmo em relação ao filme documental ‘Maior Viagem: Uma Aventura Psicodélica‘. Ambas as produções abordam o tema do consumo de maconha e Singapura é reconhecida por ter uma das leis mais restritivas do mundo em relação às drogas. Porte de pequenas quantidades ou o uso de maconha pode resultar em uma pena de prisão de até dez anos por lá, enquanto quantidades maiores podem ser enquadradas como tráfico – o que resulta em pena de morte. O pequenos país de Singapura é uma república parlamentar comandada praticamente por um único partido, com pouca oposição. Para The Economist, trata-se da 74ª democracia do mundo. Vale lembrar que, no mesmo relatório, a Netflix assumiu o compromisso de reduzir a emissão de gases poluentes.