Comic-Con: Novas tecnologias podem ser determinantes no futuro do streaming Comic-Con: Novas tecnologias podem ser determinantes no futuro do streaming

Comic-Con: Novas tecnologias podem ser determinantes no futuro do streaming

Executivos e futurólogos debatem sobre como avatares e novas telas devem amplificar sensação de comunidade em serviços de streaming, ampliando alcance de plataformas

Matheus Mans   |  
23 de julho de 2020 19:40
- Atualizado em 15 de setembro de 2020 11:14

O streaming nunca esteve tão no centro das atenções como está agora. Afinal, com a pandemia do coronavírus, os cinemas fecharam e as plataformas digitais se tornaram o último refúgio de quem quer um bom entretenimento. E agora, olhando para o futuro, quais os próximos passos?

Para especialistas do setor de entretenimento, a tecnologia é o limite. Durante painel na Comic-Con@Home, a versão digital da San Diego Comic-Con, executivos do setor de tecnologia e cultura apontaram para novas formas de consumir conteúdo. E cravaram: a pandemia de covid-19 deve acelerar a “virtualização” do setor.

Assistir a filmes em casa, sentado na frente da TV, não será mais o bastante (Foto: Divulgação/Netflix)

Afinal, agora que recebeu toda essa atenção, as plataformas de streaming precisam intensificar a experiência do consumidor. Trazer novas formas de interação, vistas apenas numa sala de cinema. Amplificar a experiência. E, sobretudo, colocar o consumo de vídeo em casa em um outro patamar.

Coletividade no streaming

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Primeiramente, os executivos presentes no painel ‘The Future of Entertainment’ (ou ‘O Futuro do Entretenimento’, em tradução literal), que aconteceu nesta sexta (23), apontaram para uma solução que vem ganhando força: o avatar. Mais do que em jogos de videogame, essa pode ser a saída para a coletividade.

“O futuro será mais digital, talvez com avatares. Teremos comunidades inteiras digitalizadas”, opina Phil Quist, executivo do setor de música, ao ser questionado sobre o futuro do entretenimento como um todo. “Talvez tenhamos um festival realizado inteiramente digital. São novas sensações”.

Avatares de games, como ‘Minecraft’, podem ganhar espaço no mundo do cinema e do streaming (Foto: Divulgação/Microsoft)

Assim, ao invés de um usuário de serviço de streaming apenas ligar e começar a assistir a algum filme no escuro de seu quarto, ele pode ingressar em um mundo digital dessa plataforma com seu avatar. Escolher um filme que será exibido em determinado momento e ter a experiência coletiva.

Isso, com a pandemia, já começou a se concretizar no cenário da música. “Durante a quarentena, [a banda de k-pop] BTS fez um show que vendeu quase 1 bilhão de tíquetes”, conta ele. “Havia interação entre as pessoas no chat, o artista podia chamar o vídeo de alguém. É um novo mundo”.

Ted Schilowitz, futurologista da Paramount, corrobora essa visão. “Daqui cinco ou seis anos, esse tipo de tecnologia vai baratear. As pessoas vão estar sentadas em sua poltrona enquanto jogam baseball, futebol, futebol americano em um cenário digital lotado de outras pessoas”, afirma ele.

Avatar de Ted Schilowitz pode fazer coisas que o futurologista não consegue fazer — como dançar (Foto: Reprodução)

Novas telas

Obviamente, o avatar precisa de um ambiente digital para florescer. E como isso vai acontecer? Schilowitz, da Paramount, também tem a resposta. “A tela vai sumir. Teremos uma película entre realidade e virtual”, opina ele. “A pessoa vai escolher seu tamanho, tipo de experiência. Isso é realidade”.

Leslie Shannon, executiva de ecossistema da Nokia, concorda. “Entre 5 e 10 anos, veremos uma verdadeira união entre o real e o virtual”, disse a especialista, que também ressalta a importância da conexão. “Temos várias empresas mapeando o mundo em 3D agora. Será uma internet espacial”.

Por fim, Cathy Hackl, futurologista, ressalta a importância de olharmos para nós mesmos. “É muito interessante ver tudo que está acontecendo [na indústria do entretenimento]”, comenta ela. “Precisamos olhar para a tecnologia. Mas também precisamos olhar para a nossa humanidade”.

Tecnologia para além do streaming

Além das discussões sobre o consumo de conteúdo em casa, uma interessante novidade abordada no painel da San Diego Comic-Con é uma mudança estrutural nas produções de filmes. Afinal, mais do que aplicar efeitos especiais depois da produção, já é uma realidade aplicar durante.

“Cenários virtuais agora fazem parte do dia a dia. Assim, tudo é dinâmico. Tudo é em tempo real. Afinal, nós podemos colocar cenários virtuais em uma parede de LED, em alta resolução. Serve de guia para os personagens, como também é muito realista para os espectadores”, diz Schilowitz.

Com novos tipos de cenário, fundo verde será coisa do passado (Foto: Divulgação/Disney)

Assim, o diretor pode fazer alterações de cenário e efeitos especiais na hora. Quer que o cenário fique mais escuro? Passe do dia para a noite? Ou, ainda, quer tirar as montanhas que estão atrapalhando a jornada do herói? Por fim, quer adicionar mais personagens digitais, mudar textura? Tudo bem.

“O diretor vai falar o que quer. O técnico vai apertar alguns botões, pegar alguns arquivos. E pronto. Em dez segundos, estará na tela”, complementa o executivo da Paramount. “Há a magia de irmos filmar no local. Mas, aos poucos, nem vamos mais conseguir distinguir o que é real e o que não é”.

(Crédito da foto de abertura: Flickr/Knight Center for Journalism in the Americas, University of Texas at Austin)