Quem foi Hamilton e por que o musical sobre ele faz tanto sucesso? Quem foi Hamilton e por que o musical sobre ele faz tanto sucesso?

Quem foi Hamilton e por que o musical sobre ele faz tanto sucesso?

A obra foi bem-sucedida nos palcos e também no streaming, afinal a versão filme foi a produção mais assistida no Disney+ no mês em que foi lançada

30 de setembro de 2020 13:37
- Atualizado em 3 de novembro de 2020 00:43

Você já deve ter ouvido falar do musical ‘Hamilton‘, certo? Sim, a famosa peça da Broadway estrelada e escrita por Lin-Manuel Miranda. Se você ainda não conhece, precisa dessa imersão em sua vida. O musical é inspirado na biografia ‘Alexander Hamilton’, do historiador Ron Chernow e publicada em 2004 – e, agora, é um filme de enorme sucesso no Disney+ (ou Disney Plus, como preferir).

‘Hamilton’ foi indicada a 16 Tony Awards e venceu 11, incluindo Melhor Musical. Além disso, também recebeu o Prêmio Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical e o Prêmio Pulitzer de Drama, em 2016. Premiada é pouco para definir essa obra.

‘Hamilton’ é mais assistido no Disney+ do que qualquer produção na Netflix (Foto: Reprodução/)

Quem não pôde assistir à peça em Nova York poderá vê-la na plataforma da Disney, o Disney+, que chega ao Brasil 17 em novembro. O estúdio transformou a produção em um longa-metragem, que é uma edição de três apresentações feitas em junho de 2016 na Broadway (todas com o elenco original).

Quem foi o Hamilton do musical do Disney+?

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Você pode não saber, mas já viu o rosto de Alexander Hamilton, nem que tenha sido na televisão. O federalista estampa até hoje a nota de 10 dólares e é uma figura bastante representativa na história dos Estados Unidos. O fato curioso é que ele não nasceu na terra do Tio Sam, mas sim no Caribe.

Conhecido como um dos pais fundadores dos Estados Unidos, o político nasceu na ilha de Nevis, nas Antilhas, e veio de origem humilde, mas sempre demonstrou inteligência. Hamilton foi educado em casa por muito anos, até conseguir ir para Nova York estudar no King’s College (que agora é a Universidade Columbia) em 1773, com a ajuda de um ex-patrão. Ele tinha apenas 16 anos nessa época.

Apesar dos esforços, Hamilton não seguiu a carreira acadêmica, ele largou os estudos para seguir trilhar seu caminho na política. Ainda na adolescência começou escrever ensaios sobre movimentos de independência. Durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos contra a Grã-Bretanha, em 1777, ele foi nomeado capitão por George Washington, que era general.

Hamilton se tornou próximo de Washington não só por conta da guerra, mas também por suas ideias revolucionárias. O político se formou em Direito nessa época, foi inscrito na Ordem dos Advogados de Nova York e se tornou um defensor de causas com pouca visibilidade.

Secretário do tesouro

Anos depois da Guerra de Independência dos Estados Unidos, ele ajudou o país a não declinar com a independência e colaborou com a fundação do Banco de Nova York (o Bank of New York), em 1784. Após isso, em 1789, ele foi nomeado primeiro secretário do tesouro dos Estados Unidos por George Washington, que já era presidente.

Cena do musical 'Hamilton' do Disney+
Lin-Manuel Miranda como Hamilton e Leslie Odom Jr. como Aaron Burr (Foto: Divulgação / Disney)

Apesar de toda as conquistas, a vida do político também teve uma dose de escândalo – que é retratado no musical de Lin-Manuel Miranda. Hamilton era casado com Eliza Schuyler, mas teve um caso com Maria Reynolds, que também era casada, e foi chantageado pelo marido dela, James Reynolds. Eliza Schuyler perdoou o Hamilton e juntos eles tiveram 8 filhos.

A morte de Hamilton

Alexander Hamilton teve uma morte precoce, aos 49 anos, em um duelo com Aaron Burr, vice-presidente dos Estados Unidos. Na época, Thomas Jefferson tinha sido eleito presidente, com apoio de Hamilton. Burr se sentiu insultado e demandou um pedido de desculpas, que não veio – e o vice-presidente desafiou Hamilton a um duelo, algo que era comum naquela época.

De acordo com o livro de Thomas Fleming, ‘Jefferson Versus Hamilton: The Trial That Shook The Nation’ (em tradução livre, “Jefferson contra Hamilton: O Julgamento que chocou a nação”), William P. Van Ness, que testemunhou o ocorrido, disse que Hamilton atirou por cima da cabeça de Burr, enquanto o vice-presidente acertou o adversário, que acabou ferido gravemente.

O político chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu e morreu em 12 de julho de 1804. Esse foi o fim da carreira de Aaron Burr, que foi julgado por homicídio, mas se livrou de todas as acusações.

E a versão filme do musical?

Para entender melhor o efeito do musical ‘Hamilton’, o Filmelier conversou com a publicitária Rafaela Sehn, que já trabalhou no mercado cinematográfico e assistiu à peça duas vezes – em 2018 na Broadway, em Nova York, e também em Londres, no ano passado. Além de ter visto a produção ao vivo, ela assistiu ao filme do Disney+ e fez uma comparação das duas versões.

“A experiência teatral é otimizada ao extremo no filme e não deixa a desejar em absolutamente nada. Supera todas as expectativas. O medo que eu tinha em relação às particularidades da gravação de um filme sobrepostas num espetáculo musical, resultou no que eu mais gostei da coisa toda. Todos os recursos possíveis são otimizados ali e a câmera conta uma história por um ponto de vista diferente do que se vivencia”, conta a publicitária.

“A adaptação nos permite saciar
a necessidade de assistir
repetitivamente o espetáculo”

Outro ponto que ela cita, é que a versão cinematográfica se torna mais acessível – não só para quem não pôde assistir à peça, como para quem foi e não conseguiu um lugar privilegiado. “‘Hamilton’ é a prova de que uma adaptação não desmerece o formato original, e que o desdobramento disso pode tornar do teatro musical algo cada vez mais acessível para um público cada vez mais amplo”, completa.

Cena do musical/filme 'Hamilton'
Em julho, ‘Hamilton’ foi mais assistido no Disney+ do que qualquer produção na Netflix (Foto: Reprodução/Disney)

“A adaptação nos permite saciar a necessidade de assistir repetitivamente o espetáculo e prestar a devida atenção em diversos detalhes que se acumulam ao vivo, e que portanto, muito provavelmente, passam despercebidos”, pontua Rafaela. “A acessibilidade do conteúdo que a adaptação provêm, também amplia a importante discussão sobre o fato de que Hamilton é na verdade uma releitura recontextualizada da história americana”.

Negros e latinos

‘Hamilton’ foi muito elogiado, premiado e criticado – por colocar um elenco majoritariamente negro e latino para interpretar figuras histórias que apoiavam a venda e compra de escravos. Rafaela Sehn também se ateve a isso.

“O espetáculo faz um corte na realidade escravocrata americana de 1800 ao ter todo o seu elenco escalado por uma estratégia color blind, ou seja, o elenco, negro em sua maioria, interpretam em seus personagens figuras históricas conhecidas por serem donos de escravos. Tal fato é considerado polêmico por muitos, e genial por outros, mas o que há de concordarmos é que com a distribuição mais acessível do conteúdo, permite que mais pessoas possam fazer parte desta conversa e através dela aprenderem o que muito provavelmente nunca pararam para questionar”.

Independente da controvérsia, o sucesso da produção é inegável, tanto pelas premiações quanto pelos números. A versão filme do musical ‘Hamilton’ foi a produção mais assistida no Disney+, superando qualquer conteúdo da Netflix em julho – o mês que o filme chegou ao streaming.

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