‘Raya e o Último Dragão’ é um sopro de esperança em forma de filme da Disney ‘Raya e o Último Dragão’ é um sopro de esperança em forma de filme da Disney

‘Raya e o Último Dragão’ é um sopro de esperança em forma de filme da Disney

Com roteiristas de ascendência asiática, a animação consegue unir representações culturais, poder feminino e reforçar a nova cara das princesas da Disney; saiba o que esperar do longa

4 de março de 2021 09:49

Raya e o Último Dragão‘ é a mais nova animação da Disney – e já pode ser considerada como mais um acerto da Casa do Mickey. Afinal, o estúdio volta a nos contemplar com uma história leve, divertida e cheia de esperança, que tem sido algo necessário nos últimos meses. Tudo isso ao continuar com a trajetória da nova geração de princesas e também abordando o luto.

Com direção de Don Hall (‘Moana: Um Mar de Aventuras’) e Carlos Lopez Estrada (‘Summertime’), o longa é um conto místico baseado no sudeste asiático. A estreia nos cinemas brasileiros acontece hoje, 4, e no Disney+ amanhã, 5 – com um custo adicional de R$ 69,90, no que a plataforma chama de Premier Access

A nova geração de princesas da Disney

Com Raya, a Disney perpetua a nova era das princesas, as guerreiras e o quão autossuficientes elas são. Tanto que, novamente, o estúdio mostrou que não é preciso de romance para que uma narrativa protagonizada por mulheres seja bem desenvolvida.

'Raya e o Último Dragão' é um sopro de esperança em forma de filme da Disney
‘Raya e o Último Dragão’ é uma mistura de esperança com fé na humanidade (Foto: divulgação / Disney)

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Essa premissa foi vista também em ‘Valente’ (2012), em ‘Frozen’ (2013), em ‘Moana’ (2016) e também no live-action de ‘Mulan’ (2020), que é diferente do desenho de 1998. Esses filmes mostram que o estúdio está se preocupando mais na construção de personagens femininas que se bastam.

Outro ponto importantíssimo é em relação à antagonista: Há uma desmistificação da rivalidade feminina, porque no fim das contas o que realmente importa é a união. Afinal, não só as mulheres, mas nenhuma pessoa consegue absolutamente nada sozinha.

É extremamente importante para as meninas esse novo exemplo de princesa para se espelhar. A construção de que as mulheres precisam de um príncipe encantado para se sentirem completas formou gerações, estruturando um ideal inatingível. Agora, temos uma forma melhor de representação feminina.

Um dos melhores filmes da Disney sobre luto

Apesar de ser uma produção leve, não deixa de ser uma história sobre a vida – tirando a parte fantasiosa. É bem intrigante a forma como o luto foi retratado, afinal, praticamente todos os filmes da Disney costumam tratar desta temática. Frequentemente temos que lidar com a dor logo nos primeiros minutos dos longas, afinal matar um personagem querido é uma ferramenta comum nos roteiros.

Em ‘Raya e o Último Dragão’, quase todos os personagens estão lidando com a solidão. A perda é o grande motivador de todos eles, assim como a esperança por dias melhores. Logo, a discussão sobre confiar e entender que podemos escolher as pessoas que decidimos amar ganha um peso ainda maior.

'Raya e o Último Dragão' é um sopro de esperança em forma de filme da Disney
Kelly Marie Tran (‘Star Wars: Os Últimos Jedi’) emprestou sua voz para Raya (Foto: divulgação / Disney)

Representativa importa mais que tudo nos últimos anos

As princesas com raízes europeias e norte-americanas estão ficando em segundo plano e dando espaço para outras culturas. Depois de ‘Mulan’, que foi lançado em 1997, finalmente a Disney deu espaço para outra protagonista asiática.

Apesar de Raya vir de um lugar fictício, a história carrega uma forte influência de diversas regiões da Ásia. Afinal, representatividade importa e isso tem ganhado mais peso nos últimos anos.

E claro que é impossível também não relacionar Raya com Mulan, duas exímias lutadoras que querem proteger seus pais a qualquer custo e são amigas de um dragão bem-humorado.

Além disso, ‘Raya e o Último Dragão’ surge em um contexto onde a cultura oriental nunca esteve tão em alta – especialmente no cinema, quando lembramos que o melhor filme de 2020 do Oscar foi ‘Parasita’, uma produção sul-coreana.

‘Mulan’ foi a primeira princesa chinesa da Disney (Foto: divulgação / Disney)

No entanto, há pouca representação disso nos Estados Unidos: ainda não é comum vermos por lá atores do leste-asiático e falta espaço para minorias. As mudanças que acontecem ainda não aos poucos.

Nesse contexto de representatividade é importante citar que apesar dos diretores de ‘Raya e o Último Dragão’ não terem ascendência asiática, os roteiristas Adele Lim (‘Podres de Ricos’) e Qui Nguyen têm. Lim nasceu na Malásia e Nguyen é de família vietnamita.

Assim como o elenco original de vozes, que traz nomes como Kelly Marie Tran (‘Star Wars: Os Últimos Jedi’), Awkwafina (‘A Despedida’), Daniel Dae Kim (‘Lost’), Gemma Chan (‘Podres de Ricos’), Sandra Oh (‘Killing Eve’) e Izaac Wang (‘Bons Meninos’). Por outro lado, essa representatividade não é refletida no elenco de dublagem brasileiro.

O próximo passo da Disney, agora, é ter uma princesa latina no cinema. O próximo filme animado do estúdio será ‘Encanto’, uma história sobre a cultura colombiana.

O sopro de esperança de ‘Raya e o Último Dragão’

‘Raya e o Último Dragão’ foi anunciado em 2019, no evento Disney D23 Expo, e naquele momento ninguém imaginava o que iríamos enfrentar em 2020. O longa foi finalizado no ano passado, já no meio da pandemia do novo coronavírus, e a história consegue sintetizar muito do que estamos vivenciando. 

Mesmo sem prever o futuro, os roteiristas conseguiram construir uma história necessária para trazer um pouco de fé na humanidade. Sabemos que não estamos na melhor situação – especialmente morando no Brasil – mas há sempre espaço para transformações se confiarmos uns nos outros. Essa é a grande mensagem da história.

Awkwafina dá voz ao dragão de ‘Raya e o Último Dragão’ (Foto: divulgação / Disney)

‘Raya’ vai muito além de mais um filme bonito, ele tem propósito – assim como grande parte das narrativas que a Disney traz para o universo cinematográfico. É poderoso o quanto o filme ressoa a importância da união, amizade e que só isso pode fazer com que os seres humanos cheguem a algum lugar, tudo se resume a vencer nossas diferenças.

‘Raya e o Último Dragão’ é mais um exemplo de uma produção feita tanto para as crianças quanto para os adultos. É relevante o público infantil assistir e absorver as mensagens, assim como para os mais velhos voltarem a ter um pouco de esperança.

Dias melhores hão de vir.

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