Terry Gilliam é tema de retrospectiva no CCBB-SP Terry Gilliam é tema de retrospectiva no CCBB-SP

Terry Gilliam é tema de retrospectiva no CCBB-SP

‘Terry Gilliam: O Onírico Anarquista’ acontece gratuitamente em São Paulo entre 6 de abril e 2 de maio

Matheus Mans   |  
6 de abril de 2022 17:26

Anárquico. Provocador. Ousado. São vários os adjetivos que servem para descrever Terry Gilliam, diretor por trás de filmes como ‘Brazil’ e ‘Monty Python em Busca do Cálice Sagrado‘. Agora, ele será devidamente homenageado em ‘Terry Gilliam: O Onírico Anarquista’, a mais abrangente retrospectiva já feita no Brasil da obra do cineasta, ator e animador americano, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo entre 6 de abril e 2 de maio.

Presencialmente, a mostra contará com 28 produções, enquanto três filmes serão exibidos on-line, dois deles com recursos de acessibilidade, além das atividades paralelas como palestra, debate e curso. O evento é totalmente gratuito e, também acontece em Brasília, com o mesmo formato, entre os dias 22 de março a 17 de abril.

‘Os 12 Macacos’ será exibido presencialmente e online (Crédito: Divulgação/20th Century Studios)

Com curadoria do diretor, produtor, roteirista, escritor e crítico de cinema Eduardo Reginato e do cineasta e editor Christian Caselli, a mostra resgata toda a trajetória de Gilliam, que começou sua carreira como animador e cartunista, mas foi no cinema e televisão, tanto como diretor, roteirista ou ator, que se destacou. Aos 81 anos, e mais de 30 créditos de atuação e roteiro, além de outros 20 na direção, o americano radicado na Inglaterra fez parte da icônica trupe Monty Python, com a qual fez um de seus longas mais famosos: ‘Monty Python em Busca do Cálice Sagrado’.

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‘Terry Gilliam: O Onírico Anarquista’, no entanto, não se restringe aos longas do cineasta. Com o intuito de fazer um grande panorama de sua carreira, apresentará curtas raros, como ‘Storytime’, de 1968, primeira incursão na direção. Ao todo, serão 5 curtas, além de documentários sobre Gilliam e sua obra, como ‘Life of Python’, de Michael Redhead, e ‘Perdido em La Mancha’, de Keith Fulton e Louis Pepe, cujo tema é a primeira tentativa do diretor de filmar ‘O Homem que Matou Dom Quixote‘, em 2000, e se transformou num pesadelo. O projeto só saiu do papel duas décadas depois.

A programação completa da retrospectiva está disponível no site oficial do Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo.

Celebração de Terry Gilliam

Considerado um cineasta cult, Gilliam concorreu ao Oscar em 1986, pelo roteiro de ‘Brazil’, que escreveu com Tom Stoppard e Charles McKeown. No Festival de Cannes, ele exibiu ‘Medo e Delírio’ (1998), e, em Berlim, ‘Os 12 Macacos‘ (1996). Em 2005, ganhou um Leopardo de Honra, no Festival de Locarno.

A obra de Gilliam é marcada pela inventividade e o surreal, não por acaso, boa parte de seus filmes parecem se passar num mundo onírico – ou de pesadelo. Único americano do Monty Python, ele também é conhecido pelo humor ácido e a crítica ao mundo contemporâneo por meio do realismo fantástico, capaz de criar imagens poderosas, como os voos de Sam Lowry, em ‘Brazil: O Filme’, ou o universo delirante do Dr. Parnassus, no filme de 2009.

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Segundo Eduardo Reginato, Gilliam é fascinado pelo período Barroco por conta da pronunciada luta entre espiritualidade e ecletismo dicotômico. A partir disso, seu cinema combina elementos, antagônicos, como o belo e o feio, o antigo e o moderno. “Os filmes de Gilliam têm uma aparência distinta, não apenas em mise-en-scène, mas ainda na fotografia para criar uma atmosfera surreal de inquietação psicológica e um mundo fora de equilíbrio, sendo frequentemente usados ângulos incomuns de câmera. O famoso crítico americano Roger Ebert disse que o mundo de Gilliam é sempre alucinatório em sua riqueza de detalhes”, explica Reginato, por meio de nota para a imprensa.

Além disso, o cineasta traz em sua obra um tom de distopia moderna, o pesadelo da contemporaneidade soterrada sob burocracia e opressão. “São imensos cenários, uma arquitetura abrangente, decadente e opressora, são essas as representações fílmicas de Gilliam: dos sistemas infinitos e burocráticos, das instituições que aniquilam a liberdade do indivíduo, mas onde o indivíduo ainda tem uma última possibilidade de sonhar ou lutar tentando destruir um sistema autocrático”, diz Christian Caselli.

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