Entre tantas opções, receba o que mais vale seu tempo! Toda sexta, no seu e-mail.
'The Boys in the Band' faz um retrato político e atual dos problemas enfrentados pela comunidade LGBT
Com elenco formado por atores LGBT, a produção mostra que a sociedade pode ter mudado, mas os problemas enfrentados pelas minorias se repetem
Raíssa Basílio | 01/10/2020 às 14:00 - Atualizado em: 01/10/2020 às 21:21
Nesta semana, o remake de 'The Boys in the Band' estreou na Netflix. O filme é baseado em uma peça de teatro homônima escrita por Mart Crowley que foi considerada inovadora quando lançada, em 1968. Devido ao sucesso, ela ganhou um filme nos anos 1970, que chegou ao Brasil com o título ‘Os Rapazes da Banda’.
- Leia também: ‘The Boys in the Band’, da Netflix, celebra a cultura LGBT e ganha elogios da crítica internacional
A história acompanha a reunião de um grupo de amigos gays que acaba tendo que lidar com um conservadorismo duvidoso de um convidado surpresa. Com drama, humor ácido e boas reflexões, a obra consegue fazer um retrato atual de uma sociedade preconceituosa mesmo se tratando de um texto dos anos 1960.
Clique aqui e encontre o trailer, mais informações e o link para assistir a 'The Boys in the Band' online.

'The Boys in the Band' voltou aos holofotes em 2018, quando Joe Mantello - conhecido diretor de musicais como 'Wicked' - trouxe à Broadway uma nova versão da peça com um elenco formado apenas por atores LGBT. Jim Parsons, Zachary Quinto, Andrew Rannells, Matt Bomer, Charlie Carver, Robin de Jesus, Tuc Watkins, Michael Benjamin Washington e Brian Hutchison são os protagonistas dessa trama, que inclusive voltaram aos seus personagens na adaptação feita para a Netflix.
Não só o elenco: Joe Mantello também assumiu a versão cinematográfica, que conta com a produção de Ryan Murphy, conhecido por dar visibilidade para a comunidade LGBT em seus projetos. Inclusive, Bomer, Quinto, Carver, Parsons, Washington e Parsons já trabalharam com Murphy. Os quatro últimos participaram das séries mais recentes do produtor na Netflix: 'Hollywood' e 'Ratched'.
Por que 'The Boys in the Band' foi considerada inovadora?
Infelizmente Mart Crowley não conseguiu ver sua obra nas telas de novo, já que morreu em março deste ano, mas seu legado continuará vivo por meio de suas histórias. O dramaturgo se mostrou à frente de seu tempo quando escreveu 'The Boys in the Band' numa época em que os homossexuais eram marginalizados pela sociedade.
A trama deixa bem nítido esse debate ao mostrar homens que se sentem oprimidos dentro de ciclo social - mesmo que seja formado apenas por gays. Os diálogos carregados de deboche e inveja acabam mostrando como os personagens não se sentem confortáveis nem em sua própria zona de conforto e os atores conseguem transmitir esse sentimento à tela com clareza.

A peça foi lançada em 1968 e, no ano seguinte, aconteceu a Rebelião de Stonewall em Nova York, nos Estados Unidos. O movimento foi marcado por uma série de manifestações da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia que aconteceu no bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan. Os protestos foram considerados o mais importante acontecimento pela luta dos direitos LGBT no país e a liberação gay.
'The Boys in the Band' não deixa de ser um retrato político de um grupo oprimido que não consegue se aceitar por um preconceito internalizado. E por mais que essa obra tenha 52 anos e as coisas tenham mudado, a homofobia ainda faz parte da nossa sociedade.
E sobre a adaptação da Netlix?
O filme é extremamente relevante, principalmente para quem não conhecia a obra original. Como em grande parte das adaptações de peças para o cinema que mantém a mesma estrutura teatral, 'The Boys in the Band' pode ser cansativo para quem não está acostumado, mas vale o esforço.
A produção consegue dosar cenas de humor, com drama e sarcasmo, e são discutidos temas que seguem em voga até hoje - como citamos acima. Além do preconceito com a comunidade LGBT, tem também discussão sobre racismo, desigualdade social, religião e aparência. Os personagens vivem em conflito por não aceitarem seus corpos, família, emprego e estilo de vida.
O único ponto que chega a incomodar é o clima tóxico na convivência entre os amigos. A impressão que dá é de que eles continuam a nutrir tais amizades pois aquele é o único lugar onde eles podem ficar longe da constante marginalização da sociedade. A amizade entre os personagens acaba funcionando como um refúgio seguro, mesmo que não ideal
E partindo do ponto vista feminino, outro fato que acabou sendo desagradável é a ausência de mulheres. Entendo que a proposta da peça seja focar nos homens e seus problemas, mas como se trata de uma adaptação, mudanças poderiam ser feitas. É um filme que trata de inclusão do ponto de vista racial, cultural e LGBT, mas falha ao não incluir a luta feminina.
Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.
Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.
Outras notícias

Além de 'Top Gun' e 'Missão: Impossível': conheça o fenômeno Tom Cruise
O astro é um dos mais bem-sucedidos atores do cinema mundial, e uma das últimas grandes estrelas de Hollywood

Alex Lawther comenta participação em 'Andor' e no mundo lúdico de 'Earwig'
O ator, que está nos lançamentos da MUBI, acaba de entrar também no universo do Star Wars

Após estreia de documentário, Ronaldo não descarta cinebiografia: "Seria bacana também"
‘Ronaldo, o Fenômeno’ estreia nesta sexta, 21, no Globoplay - e o craque afirma que ainda tem muita história para contar