Entre os ringues e Hollywood: como The Rock se tornou o ator mais cobiçado do cinema Entre os ringues e Hollywood: como The Rock se tornou o ator mais cobiçado do cinema

Entre os ringues e Hollywood: como The Rock se tornou o ator mais cobiçado do cinema

Dwayne Johnson é a estrela principal de ‘Alerta Vermelho’, filme com Ryan Reynolds e Gal Gadot que chega na Netflix nesta sexta, 12

Matheus Mans   |  
12 de novembro de 2021 11:13
- Atualizado em 15 de novembro de 2021 12:50

Dwayne Douglas Johnson. The Rock. Ou apenas Dwayne Johnson. Não importa como você chama o astro, mas com certeza sabe quem é essa figura que se tornou chamariz de bilheteria em Hollywood. Dono de um carisma ímpar e um físico que o distingue rapidamente de qualquer outro ator em cena, The Rock foi dos ringues da WWE ao estrelato mundial.

Mais uma prova disso é ‘Alerta Vermelho’, longa-metragem que chega ao catálogo global da Netflix nesta sexta-feira, 12. Mesmo ao lado de Ryan Reynolds e Gal Gadot, que interpretam, respectivamente, Deadpool e Mulher-Maravilha no universo do filmes baseados nos quadrinhos, Dwayne ainda assim é encarado como o verdadeiro protagonista desse investimento da Netflix. 

Investimento, sim. O longa-metragem é a produção mais cara da história da plataforma, custando em torno de US$ 200 milhões apenas para produzi-lo e superando com certa folga os US$ 160 milhões de ‘O Irlandês’. Não só é mais uma cartada do serviço de streaming para abocanhar mais espaço no cinema de ação, como também mostra a empresa alçando voos maiores.

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Coincidentemente – ou não – The Rock é a estrela de outra novidade deste dia 12: ‘Jungle Cruise’, longa-metragem que, após passar pelos cinemas e pelo Premier Access, entra de vez no catálogo regular do Disney+. Isso em um dia importante para a plataforma, que está promovendo diversos lançamentos e investindo pesado em marketing como parte do Disney+ Day.

E como Dwayne Johnson conseguiu fazer esse caminho tão complicado entre os ringues da WWE ao panteão intocável de deuses de Hollywood?

The Rock no ringue

Nascido em 1972, em Hayward, na Califórnia, Dwayne Douglas Johnson não tinha outro caminho na vida a seguir senão abraçar a luta livre. Afinal, essa era a profissão de seu avô, Peter Maivia, e seu pai, Rocky Johnson. Ele até tentou escapar dessa sina logo no começo da carreira, quando passou a praticar futebol americano universitário pela Universidade de Miami.

No entanto, seu tamanho de 1,96 metro e a herança familiar o atraíram para os ringues. Chamado originalmente de Rocky Maivia, ele conquistou praticamente todos os prêmios possíveis no universo da luta livre: foram 17 títulos na WWE, incluindo dez reinados como campeão mundial, além de vencer outras competições, como o Intercontinental Championship.

The Rock em luta na WWE
Dwayne Johnson se tornou astro dentro dos ringues da WWE (Crédito: Divulgação/WWE)

Essa trajetória na WWE foi, assim, determinante na forma como Dwayne Johnson seria encarado pelo público dos Estados Unidos. Em 1996, ano de sua estreia, venceu o Survivor Series ao lutar com oito homens até ser o último a sobrar no ringue. No entanto, nessa época, Dwayne Johnson ainda focava em homenagear avô e pai. Havia pouco de sua personalidade.

Isso só mudou em 1997, quando o lutador começou a se chamar em terceira pessoa como The Rock. Ele mudou de visual, assim como sua postura. Ficou mais ácido, provocativo e, acima de tudo, bem-humorado. Foi neste período que sua fama extrapolou os ringues. Ganhou fãs ao redor dos Estados Unidos e se tornou, de fato, uma figura da cultura popular.

Entrada nos cinemas

Com tanto sucesso dentro da WWE, Dwayne Johnson logo começou a conquistar outros espaços. Primeiramente, em 2000, lançou a autobiografia ‘The Rock Says…’, co-escrita com Joe Layden e que chegou, logo de cara, na primeira posição da lista de best sellers do The New York Times. Não bastasse isso, ainda ficou na lista durante várias semanas.

Depois, no ano seguinte, um passo ainda mais ousado: interpretou o bizarro Escorpião-Rei — alvo de piadas por conta do visual estranhíssimo — em ‘O Retorno da Múmia’. Apesar das críticas e da estranheza, The Rock já bateu um recorde nessa época: embolsou US$ 5,5 milhões pelo papel. É o maior valor pago a um ator em sua estreia na indústria de Hollywood. 

The Rock fez sua estreia nos cinemas no filme ‘O Retorno da Múmia’ (Crédito: Divulgação/Universal Pictures)

Não teve mais volta. Apesar de se manter nos ringues da WWE até 2004, ele logo ganhou um filme só para chamar de seu com ‘O Escorpião Rei’, em 2002. Depois, embarcou em uma série de papéis menores em filmes de ação (‘Bem-Vindo à Selva’, ‘Com as Próprias Mãos’), ficção científica (‘Doom: A Porta do Inferno’) e até biografias (‘A Gangue está em Campo’). 

Em 2007, porém, The Rock viu que poderia ganhar espaço em um outro universo: o do cinema familiar. Estrelou ‘Treinando o Papai’, típica produção da Disney exaustivamente reprisada na ‘Sessão da Tarde’. Também apareceu em comédias, como ‘Agente 86’, trazendo essa sua veia cômica, e no cinema de fantasia familiar com ‘A Montanha Enfeitiçada’.

Dwayne Johnson ou The Rock?

Essa mistura de comédia com ação e cinema familiar acabou se tornando a marca registrada no astro no restante de sua carreira. No começo dos anos 2010, por exemplo, Johnson reforçou sua presença nesses três gêneros ao participar de filmes tão distintos como ‘O Fada do Dente’, em 2010, ‘Velozes & Furiosos 5: Operação Rio’, em 2011, e ‘Viagem 2’, em 2012.

É na metade da década, enfim, que fica a sensação de que Dwayne Johnson ganha pernas próprias em Hollywood e, após atritos com Vin Diesel nos bastidores da franquia ‘Velozes & Furiosos’, ganha histórias para chamar de suas. ‘Sem Dor, Sem Ganho’, ‘Hércules’, ‘Terremoto: A Falha de San Andreas’ e ‘Um Espião e Meio’ colocam The Rock como protagonista.

A partir daí, ele entra naquele panteão de deuses intocáveis de Hollywood que chamam bilheteria apenas por ter o nome no cartaz. São, assim, figuras como Tom Cruise, Meryl Streep, Tom Hanks, Leonardo DiCaprio, Angelina Jolie e Brad Pitt que fazem companhia ao The Rock nessa espécie de altar. Estúdios, hoje, pagam cifras imensas para tê-lo no elenco.

The Rock luta contra o mundo e a natureza em ‘Terremoto: A Falha de San Andreas’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures)

No entanto, desde 2016, The Rock passou a selecionar melhor seus projetos e é raro vê-lo em produções menores. ‘Moana: Um Mar de Aventuras’, ‘Baywatch: S.O.S. Malibu’, ‘Jumanji: Bem-Vindo à Selva’, ‘Rampage: Destruição Total’, ‘Arranha-Céu: Coragem Sem Limite’ e ‘Jungle Cruise’ são apostas altos de Dwayne Johnson e estúdios, com investimentos altos.

Ao mesmo tempo, é interessante como ele conseguiu manter sua personalidade em todos esses filmes. Ele é sempre aquele homem destemido que vence obstáculos inimagináveis (terremotos, prédios em processo de destruição, selvas perigosas e por aí vai), mas que faz piadas com tudo ao seu redor e, no fundo, não leva a sério essa personalidade.

Próximos passos

Agora, os passos largos (Dwayne calça 46!) de The Rock apontam para um futuro de mais apostas em blockbusters e em grandes franquias em alta. Nada de desafios em dramas independentes ou papéis que lhe tirem da zona de conforto. Desde ‘Alerta Vermelho’, passando por ‘Adão Negro’ e até o novo ‘Terremoto: A Falha de San Andreas 2’: todos são blockbusters. 

Por isso, não é surpresa alguma que um filme protagonizado por Dwayne Johnson tenha ultrapassado o valor de um longa-metragem como ‘O Irlandês’, de Martin Scorsese. Hoje, The Rock é o rosto e a aposta mais alta de Hollywood para manter o público grudado nas telas — seja no streaming ou nos cinemas.

Ou seja: espere mais Dwayne Johnson por aí.

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