‘Vai Dar Nada’ inaugura os filmes brasileiros originais do Paramount+ ‘Vai Dar Nada’ inaugura os filmes brasileiros originais do Paramount+

‘Vai Dar Nada’ inaugura os filmes brasileiros originais do Paramount+

Comédia, dirigida por Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, fala sobre um grupo diverso de personagens da periferia

Matheus Mans   |  
20 de maio de 2022 12:16

Primeiro filme brasileiro original do Paramount+, ‘Vai Dar Nada’ – que já está disponível na plataforma – mostra que o streaming está começando com o pé direito nesse mercado. Afinal, o longa conta com três nomes brilhantes envolvidos: Jorge Furtado (‘O Homem que Copiava’) e Ana Luiza Azevedo (‘Aos Olhos de Ernesto’) na direção e Guel Arraes (‘O Auto da Compadecida’) no roteiro. No elenco, nomes como Cauê Campos, Rafael Infante e Katiuscia Canoro.

A história é criativa: ao invés de focar em apenas um personagem, o roteiro de ‘Vai Dar Nada’ traz um grupo de pessoas interligadas. Começa com Kelson (Campos), que ganha dinheiro roubando carros e motos. Para escapar das perseguições policiais com mais facilidade, compra uma moto de um golpista (Infante) casado com uma policial (Canoro). Só que o veículo pertence a um bandido perigoso (Heinz Limaverde) que, agora, quer a moto de volta.

Cena de Vai Dar Nada
Jéssica Barbosa interpreta uma jovem batalhadora em ‘Vai Dar Nada’ (Crédito: Divulgação/Paramount+)

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“É o melhor filme sobre DPVAT feito no Brasil”, brinca Jorge Furtado, em entrevista coletiva com a presença do Filmelier. “Estávamos pesquisando coisas e encontramos a história real de um rapaz que se envolvia com uma moto, e tinha que vender, era uma confusão de leis sobrepostas. As pessoas vivem com muitas leis. A lei escrita, a lei da polícia, a lei da sobrevivência, que é fundamental. O brasileiro faz muitas coisas para sobreviver. Desde ‘Saneamento Básico’ que não fazia comédia. Comédia mesmo. É um riso que transforma. Não é só rir pra aliviar, é pra refletir também”.

Importância de ‘Vai Dar Nada’

O elenco, em uníssono, confirma que a experiência, dessa vez, vai além de uma comédia banal. Além da história não ficar presa em clichês triviais do gênero, ‘Vai Dar Nada’ também abre as portas da produção brasileira em uma nova plataforma de streaming. “Quando fiquei sabendo que ia rolar, fiquei um tempo sem acreditar. Quando foram surgindo os nomes do elenco, a parada foi ganhando peso. Aí veio a notícia de que seríamos o primeiro longa original do Paramount+. Espero que seja o primeiro de muitos”, torce Cauê, conhecido também por seu trabalho em ‘D.P.A.’.

Mudou algo na preparação do filme? “Quando a gente vê aquela montanha, ficamos nervosos. Já teve ‘Poderoso Chefão’, Tarantino”, comenta Furtado, sobre a abertura da Paramount. “Faria igualzinho se fosse para o cinema”.

Jéssica Barbosa (premiada pelo filme ‘Besouro’), que interpreta uma jovem correta e em formação para ser advogada, também celebra a liberdade que sentiu durante a produção de ‘Vai Dar Nada’. “Mais do que entretenimento, eu fico feliz pela experiência de estar participando de um projeto cuja aposta da Paramount era ir além do entretenimento. Quando falo das questões que para mim são importantes enquanto artista negra, elas puderam ser trazidas para o filme. A arte é um espaço de descanso, mas também do pensar. O filme consegue agregar tudo isso”, celebra a atriz.

Katiuscia Canoro, em busca de novos desafios

Dentro dessa história, um dos papéis mais interessantes é de Katiuscia Canoro. Conhecido por seu trabalho no passado no humorístico ‘Zorra Total’, a atriz aqui interpreta Suzi, uma policial que tem um pé no mundo do crime ao facilitar a receptação de motos roubadas pelo marido, o pilantra vivido por Infante. No entanto, ela não é uma personagem simples: Katiuscia, que foi convidada para interpretar a personagem, é a baliza moral dessa história.

“Ela é uma anarquista punk. Ela contesta o sistema. Prefere estar dentro do sistema para jogar a bomba ali dentro”, diz a atriz, em entrevista exclusiva ao Filmelier. “Ela pergunta pro Kelson se ele tem arma para explicar que não quer roubo, só furto de carro novo por ter seguro. Já que quem perde é o banco. Essa fala define muito a personalidade dessa mulher contestadora do sistema. Apesar de viver dentro da polícia, do sistema da polícia, ela tá dentro dos valores dela, dos valores que ela acredita de vida. São acima do que é o ideal, do que foi ensinado. Ela é muito inteira”.

Cena de Vai Dar Nada
Cauê Campos e Katiuscia Canoro em cena de ‘Vai Dar Nada’ (Crédito: Divulgação/Paramount+)

Katiuscia celebra também as mudanças que o filme traz. Não só de ser a primeira produção brasileira de um serviço de streaming, mas também por algumas ressignificações. ‘Vai Dar Nada’, por exemplo, é um “favela movie” em sua essência. Mas, assim como ‘Alemão 2‘ fez recentemente, não traz os mesmos estereótipos fundados por filmes como ‘Cidade de Deus‘ e ‘Tropa de Elite‘. Apresenta, na verdade, olhares que direcionam o subgênero para outro caminho.

“A gente precisa se reconhecer na arte. Seria muito raso levar tudo isso para um lugar de estereótipo. Qualquer pessoa vai assistir e se reconhecer ali. Jorge e Guel têm uma visão humana muito profunda. Uma empatia que vai além da academia, do talento deles. Pega em um lugar da alma. Acho que comédia, para existir, tem que ter crítica”, diz a atriz. E sobre o Paramount+? “É libertador agora ter essa liberdade vasta de fazer sua arte no Brasil, ainda mais nesse momento que o artista é visto dessa maneira ruim. O artista virou um vagabundo. Mas, ao mesmo tempo, os serviços de streaming estão vindo mostrando que a gente precisa de cultura. O povo precisa se reconhecer na própria cultura”.

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