WarnerMedia e Discovery anunciam fusão para enfrentar Netflix e Disney WarnerMedia e Discovery anunciam fusão para enfrentar Netflix e Disney

WarnerMedia e Discovery anunciam fusão para enfrentar Netflix e Disney

Novo grupo de mídia irá nascer com marcas como HBO, CNN, Warner Bros. Pictures, Cartoon Network, Discovery Channel, Discovery Home & Health e muitas mais

17 de maio de 2021 10:32
- Atualizado em 21 de maio de 2021 20:15

A guerra dos streamings ganha um novo capítulo nesta segunda, 17. É que a AT&T anunciou nesta manhã que irá separar de seu conglomerado de telecomunicações a WarnerMedia, que será em seguida combinada com a Discovery, Inc. O negócio irá criar uma nova empresa de mídia, que funcionará de forma separada.

A WarnerMedia tem em seu guarda-chuva empresas e marcas como a Warner Bros. Pictures, Warner Bros. Television, HBO, CNN, Cartoon Network e, mais recentemente, a plataforma de streaming HBO Max.

Já a Discovery, Inc. é o grupo de mídia responsável por diversos canais de TV, incluindo o Discovery Channel e Discovery Home & Health. Em janeiro passado, lançou a plataforma de streaming Discovery+.

O negócio ainda depende de aprovações regulatórias – nos EUA e em outros países onde as empresas funcionam, incluindo no Brasil. A previsão é completar a união até meados de 2022.

A estátua do Pernalonga que recepciona os visitantes nos estúdios da Warner Bros., em Burbank, Califórnia (Foto: Renan Martins Frade)
A estátua do Pernalonga que recepciona os visitantes nos estúdios da Warner Bros., em Burbank, Califórnia (Foto: Renan Martins Frade)

A nova empresa será liderada pelo atual CEO da Discovery, David Zaslav. Na posição, ele terá o grande desafio de enfrentar a Netflix – que, por mais que não tenha o longo histórico de WarnerMedia e Discovery, está ditando as cartas naquilo que é presente e futuro no mercado de entretenimento: o video on demand.

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“A nova empresa irá competir globalmente no mercado direto para o consumidor, que é de rápido crescimento – combinando o conteúdo através de nosso portfólio, incluindo o HBO Max e o recém-lançado Discovery+”, informa o press release que anunciou o negócio. “A transação irá combinar a biblioteca de conteúdo da WarnerMedia com propriedades intelectuais com presença global da Discovery”.

“Esses ativos são melhores e mais valiosos juntos”, pontuou Zaslav no comunicado.

Além de maior investimento em conteúdo, as empresas afirmam que o negócio irá trazer também, pelo menos, US$ 3 bilhões em cortes de custos por conta da sinergia trazida pela união.

De Time Warner para WarnerMedia

O negócio é mais um estágio das inúmeras mudanças que ocorreram com a Warner nas últimas décadas.

Em 1990, a antiga Warner Communications – criada a partir do centenário estúdio Warner Bros. – se fundiu com a Time, na época uma gigante do mercado editorial.

A famosa caixa d'água da Warner Bros. (Foto: divulgação Warner Bros. Studios)
A famosa caixa d’água da Warner Bros. (Foto: divulgação Warner Bros. Studios)

Em 2001, o grupo foi comprado pela AOL, se transformando na AOL Time Warner. O portal de internet, no entanto, sofreu com o mercado pós-estouro da bolha, perdendo relevância dentro do grupo, que voltou a se chamar Time Warner em 2003.

Já em 2018, a AT&T, gigante do mercado de telecomunicações, comprou o grupo, que foi renomeado WarnerMedia. A partir disso, promoveu uma série de restruturações para combater o rápido crescimento da Netflix no mercado de entretenimento direto para o consumidor – mais especificamente, o streaming de vídeo.

A partir dessas sinergias e redirecionamentos, o conglomerado lançou, no ano passado, o HBO Max – plataforma de streaming que reúne todo o enorme catálogo da WarnerMedia, de clássicos a conteúdos recentes. O serviço, no entanto, ainda não conseguiu ganhar a tração do Disney+, por exemplo.

Entra a Discovery

A Discovery, Inc. é, certamente, mais famosa pelo canal de TV homônimo, Discovery Channel. Foi pode ele onde começou o grupo, em 1985.

Em 1996, a empresa assumiu o nome de Discovery Communications e lançou diversos canais pagos, como Animal Planet, Discovery Travel & Living, Discovery Kids e muito mais.

David Zaslav chegou ao posto de presidente da empresa em 2006, vindo da NBCUniversal. Durante o período com o executivo, a Discovery passou a expandir sua presença na mídia digital, se transformando ainda mais em uma empresa de conteúdo – e não apenas programadora de canais pagos.

Já com o nome de Discovery, Inc., entrou no mercado de streaming apenas recentemente, a partir do fim da década passada. O Discovery+ foi anunciado em março de 2020, sendo lançado quase um ano depois. Ainda não está presente no Brasil.

Tela inicial do Discovery+, plataforma de streaming do grupo (Imagem: reprodução / Discovery, Inc.)
Tela inicial do Discovery+, plataforma de streaming do grupo (Imagem: reprodução / Discovery, Inc.)

Os relatos mais concretos sobre uma fusão das duas empresas começaram a surgir ainda no último fim de semana, com veículos como a Variety e Bloomberg informando sobre um encontro entre executivos que aconteceu ontem (16). O movimento foi visto como surpreendente, considerando a ainda recente aquisição da Warner pela AT&T.

Pelo negócio, a AT&T irá receber US$ 43 bilhões, enquanto seus acionistas terão 71% da nova empresa criada a partir da união. Já os acionistas da Discovery terão 29% da nova companhia.

Disney e National Geographic

Além da clara tentativa de competir com a Netflix, o negócio também permite olhar para a Disney. O outro grande grupo de mídia tem, em seu portfólio, o National Geographic, que veio da compra da 21st Century Fox e que se tornou um dos pilares do conteúdo direto para o consumidor do Mickey, principalmente no Disney+.

O grande diferencial é que a Discovery, além de seus documentários, tem uma grande experiência na produção de conteúdo de entretenimento e reality shows, o que certamente irá complementar o catálogo da Warner – e trazer ainda mais sinergias.

O mesmo acontece com Cartoon Network e Discovery Kids: são marcas que, ainda que ambos infantis, possuem perfis e faixas etárias diferentes. Um é famoso por um certo ar de anarquia, enquanto o outro tem o perfil educativo. O conteúdo infantil é um caminho importante para a formação de público e engajamento de mais assinaturas no video on demand.

Mais informações sobre o negócio – incluindo o novo nome do grupo, reestruturações internas e outros detalhes – devem surgir nos próximos meses.

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