Monos: Entre o Céu e o Inferno

Pode-se dizer que 'Monos' é um filme bonito. Elegante. Afinal, a estética do jovem diretor colombiano Alejandro Landes mostra que ele sabe como filmar. Ele comanda um plano-sequência impressionante, sabe onde posicionar a câmera e como inserir o espectador nesse ambiente. No entanto, uma pena, não sabe inserir o espectador na história — que, no final das contas, é muito mais importante do que qualquer ambientação. Afinal, neste longa-metragem, o cineasta coloca o público como um voyeur, um intruso na vida desses jovens milicianos que precisam manter uma estrangeira sequestrada enquanto vivem em sociedade na selva. Como uma espécie de distopia sem ter razão de ser, não compreendemos os meandros e a história desses jovens, nos restante apenas a admiração de planos e mais planos cinematográficos. Há, aqui, alguma potência narrativa. Uma pena, porém, que esteja enterrada tão fundo. Selecionado da Colômbia para concorrer a uma vaga no Oscar 2020 de Melhor Filme Internacional, 'Monos' sem dúvidas é um passaporte para Landes alçar novos voos. No entanto, falta para ele, antes de tudo, criar uma grande história. Esta aqui, apesar da similaridade com 'O Senhor das Moscas' e 'A Onda', acaba sendo apenas um quadro de arte moderna. Admira-se a beleza, mas não encontra conteúdo.

Matheus Mans

Editor do Filmelier