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11 filmes de Spike Lee que você precisa assistir
Desde ‘Ela Quer Tudo’, passando por ‘Faça a Coisa Certa’ e até ‘Destacamento Blood’, Spike Lee trabalhou e construiu uma linguagem própria. Mergulhou na temática racial e foi um dos responsáveis por introduzir questões como discriminação e consciência social no cinema. É um cineasta autoral e de obra cada vez mais urgente e necessária. Por isso tudo, reunimos alguns dos principais filmes do cineasta para assistir, direto de sua casa. Assim, você conhece mais a luta racial enquanto se aprofunda na obra de Lee. Bons filmes!
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Desde ‘Ela Quer Tudo’, passando por ‘Faça a Coisa Certa’ e até ‘Destacamento Blood’, Spike Lee trabalhou e construiu uma linguagem própria. Mergulhou na temática racial e foi um dos responsáveis por introduzir questões como discriminação e consciência social no cinema. É um cineasta autoral e de obra cada vez mais urgente e necessária. Por isso tudo, reunimos alguns dos principais filmes do cineasta para assistir, direto de sua casa. Assim, você conhece mais a luta racial enquanto se aprofunda na obra de Lee. Bons filmes!
Dentre os filmes modernos de Spike Lee, ‘Infiltrado na Klan’ é o mais celebrado. Afinal, não só venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado como, também, moveu multidões aos cinemas -- como Lee não fazia desde ‘O Plano Perfeito’, de 2006. E não é pra menos. O longa-metragem, baseado em fatos reais, conta a história de um policial negro (interpretado por John David Washington, filho de Denzel Washington) que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan. Nos encontros presenciais ele, claro, era substituído por outro oficial, branco, vivido por Adam Driver (‘Star Wars: O Despertar da Força’). Apesar de serem eventos passados, o filme reverbera acontecimentos atuais, criticando o atual governo dos EUA (e o presidente Trump) – além de recapitular a origem da KKK a partir do filme ‘O Nascimento de uma Nação’. A direção de Lee traz seu estilo característico, com referências pertinentes. [-]
Dentre os filmes modernos de Spike Lee, ‘Infiltrado na Klan’ é o mais celebrado. Afinal, não só venceu o Oscar de Melhor... [+]
Filme mais recente de Spike Lee, lançado com exclusividade na Netflix, ‘Destacamento Blood’ dá continuidade ao que o cineasta começou a contar em ‘Infiltrado na Klan’. Na prática, as histórias não possuem conexão alguma. Por outro lado, o novo longa segue a linha de ressignificar eventos passados. Enquanto o de 2018 falava sobre a Ku Klux Klan revivida a partir do filme ‘O Nascimento de uma Nação’, a produção da Netflix busca dar novos olhares sobre a Guerra do Vietnã e mostrar, de maneira dolorosa, como a comunidade negra estava em meio ao fogo cruzado. Afinal, no Vietnã, eram mortos pelo inimigo criado pelo governo. Já nas ruas americanas, policiais matavam, prendiam sem motivo e agrediam. Dessa forma, se valendo da história de um quarteto de veteranos do exército e de referências explícitas de ‘Apocalypse Now’, Lee mostra como ideias e atitudes podem se perpetuar em diferentes sentidos e como a violência sempre acompanhou os povos periféricos. Tudo acompanhado de uma atuação de ponta de Delroy Lindo (‘O Nome do Jogo’) e uma fotografia deslumbrante. [-]
Filme mais recente de Spike Lee, lançado com exclusividade na Netflix, ‘Destacamento Blood’ dá continuidade ao que o cin... [+]
Apesar do barulho de seus filmes mais modernos, Spike Lee nunca mais atingiu a excelência como em ‘Faça a Coisa Certa’. Impecável de cabo à rabo, o longa-metragem é um retrato do cotidiano de um bairro periférico dos Estados Unidos como deve ser: um caldeirão de vários grupos sociais e étnicos e que está sempre prestes a explodir. Como linha narrativa, Lee -- que também atua como um dos protagonistas -- dirige a tensão que se vê nas ruas entre a comunidade negra local com o dono de uma pizzaria. Ele, afinal, vive às custas dessas pessoas, mas se distancia o máximo possível da cultura negra. Na parede do estabelecimento, apenas fotos de pessoas brancas. A partir disso, a cidade se divide. Um grupo quer promover um boicote. Outro quer conversar. Uma outra parcela quer deixar o dono da pizzaria na dele. Assim, nesse conflito, nasce uma das cenas mais emblemáticas da história do cinema. Destaque, ainda, para a sagacidade de Spike Lee no roteiro, que soube mesclar com surpreendente autoridade os ensinamentos de Martin Luther King (mais pacifista e adepto do diálogo entre a comunidade negra e instâncias superiores) e de Malcolm X (que aceitava ataques mais violentos). Não é à toa que foi [-]
Apesar do barulho de seus filmes mais modernos, Spike Lee nunca mais atingiu a excelência como em ‘Faça a Coisa Certa’.... [+]
Uma outra produção que flerta com uma análise social mais profunda é ‘Irmãos de Sangue’. Baseado no romance 'Clockers' (de onde tirou seu título original), escrito por Richard Price -- que co-escreveu o roteiro com o diretor Spike Lee, 'Irmãos de Sangue' é o nono longa-metragem na carreira do cineasta, já demonstrando uma maturidade estilística colocada a serviço da história. A produção é, em suma, um filme que vai além de seus personagens traficantes, policiais corruptos ou idealistas, para analisar a dinâmica complexa que existe nos Estados Unidos entre raças, forças da lei e comunidades marginais (geralmente afro-americanos), perpetuamente presos a miséria e criminalidade inevitáveis. É, talvez, um dos filmes mais estranhos de Lee, pois começou como um projeto de Martin Scorsese. No entanto, o diretor consegue contar uma história importante e urgente com sua visão particular. Foi selecionado para o Festival de Veneza de 1995. [-]
Uma outra produção que flerta com uma análise social mais profunda é ‘Irmãos de Sangue’. Baseado no romance 'Clockers' (... [+]
E Malcolm X não está presente na filmografia de Spike Lee de maneira metafórica apenas, como em ‘Faça a Coisa Certa’. O cineasta dirigiu este longa-metragem (e bota longa nisso, com mais de três horas de duração) sobre a vida de um dos principais líderes pelos direitos da população negra nos Estados Unidos. Por meio da Organização para a Unidade Afro-Americana, acirrou a luta racial nos Estados Unidos e trouxe propósito em várias pautas. Neste filme, Spike Lee se aprofunda na história de Malcolm X mostrando desde sua infância sofrida com o pai morto pela Ku Klux Klan, passando pelo protagonismo em ativismos universitários e até chegar em sua luta definitiva pelos direito humanos da população negra. Com ideais e propostas bem definidos, ajuda o público a entender melhor essa luta que se estende por anos e que, de alguma maneira, fala com os tempos atuais. [-]
E Malcolm X não está presente na filmografia de Spike Lee de maneira metafórica apenas, como em ‘Faça a Coisa Certa’. O... [+]
Em 1997, Spike Lee já era uma das vozes afro-americanas mais beligerantes da cena cinematográfica, com filmes como 'Faça a Coisa Certa' e 'Malcolm X'. Sua primeira incursão no cinema documental foi ‘Quatro Meninas'. O filme acompanha um crime, descrito por Martin Luther King Jr. como "um dos mais perversos e trágicos já perpetrados contra a humanidade", cometidos por membros da Ku Klux Klan em plena tensão racial durante o movimento dos direitos civis, marcando um importante ponto de virada para a promulgação da histórica Lei dos Direitos Civis de 1964. Apesar de ser um documentário, Lee mantém seu estilo visual característico, colocando-o a serviço dos poderosos testemunhos dos sobreviventes e das famílias das vítimas. Dessa forma, é possível sentir uma raiva justificada, assim como condenar o racismo e honrar memória de quatro meninas inocentes. [-]
Em 1997, Spike Lee já era uma das vozes afro-americanas mais beligerantes da cena cinematográfica, com filmes como 'Faça... [+]
Filme que serviu de inspiração para a série ‘La Casa de Papel’, ‘O Plano Perfeito’ mostra Spike Lee saindo de sua zona de conforto. Afinal, até então, ele estava acostumado a contar histórias mais intimistas, mais localizadas e com bandeiras raciais mais claras. Aqui, porém, ele inverte isso e parte para a direção de um thriller tradicional. Na trama, um assaltante (Clive Owen) monta um plano perfeito para assaltar um banco. Tudo é pensado até nos mínimos detalhes. Dessa forma, quando os investigadores e detetives chegam ao local (uma trinca brilhante, com Denzel Washington, Willem Dafoe e Chiwetel Ejiofor), as coisas nunca saem como o planejado. Os reféns são confundidos com sequestradores, as conversas com os criminosos não chegam a lugar algum e a política fica andando em círculos tentando descortinar aquele grupo. É emocionante, é empolgante e, sobretudo, bem pensado. Ainda por cima, vale dizer, Spike Lee encontra um espaço para reverberar algumas das bandeiras que levantou anteriormente sobre preconceito e igualdade racial. [-]
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Outra produção pouco usual na filmografia de Spike Lee é o potente ‘A Última Noite’. Baseado no romance homônimo de David Benioff, o longa-metragem se afasta das bandeiras de questões raciais típicas de sua filmografia (pelo menos na superfície), ainda que mantenha seu estilo visual hiperativo. Na trama, enquanto isso, encontra-se uma história poética de culpa e aceitação, com personagens moralmente complexos que permitem uma demonstração de talento de Edward Norton ('A Outra História Americana’), Rosario Dawson ('Controle Absoluto'), Philip Seymour Hoffman ('Magnólia'), Anna Paquin ('O Piano'), Barry Pepper ('À Espera de um Milagre') e Brian Cox ('Adaptação.’). [-]
Outra produção pouco usual na filmografia de Spike Lee é o potente ‘A Última Noite’. Baseado no romance homônimo de Davi... [+]
Essa reinvenção contemporânea do clássico absoluto de Samuel Beckett, 'Esperando Godot’ (com ecos de James Baldwin), é uma colaboração que nasceu como uma peça escrita pelo dramaturgo afro-americano Antoinette Nwandu em resposta ao assassinato de Trayvon Martin, e dirigida por Danya Taymor. 'Pass Over' é, assim, uma adaptação cinematográfica não da peça em si, mas de sua experiência como tal, filmada durante uma performance e dirigida por Lee em colaboração com Taymor. O resultado não é apenas a tradução do que acontece no palco para a linguagem cinematográfica (com o selo reconhecível do cineasta), mas também contém reações do público durante o desenvolvimento da peça. É uma obra que dá um significado totalmente novo ao ponto de vista afro-americano: o absurdo de viver à margem, na prisão invisível e inevitável do racismo sistêmico. [-]
Essa reinvenção contemporânea do clássico absoluto de Samuel Beckett, 'Esperando Godot’ (com ecos de James Baldwin), é u... [+]
Interessante notar, também, que Spike Lee por vezes se atreve a falar sobre sexualidade aqui e acolá. É o caso de ‘Ela Quer Tudo’, primeiro longa-metragem do diretor e que, depois de muitos anos, acabou virando série na Netflix. Na história, acompanha-se os amores, desilusões e desamores de Nola, uma mulher que não quer viver apenas uma história de amor e acaba se relacionando com três homens ao mesmo tempo. Hoje em dia, ainda assim ‘Ela Quer Tudo’ poderia soar provocativa. Imagine em 1986, época em que a libertação sexual era tabu. Ainda que de roteiro fraco e com alguns exageros visuais, o filme surpreende por sua história visionária e provocativa, além de colocar a mulher negra sem estereótipos, filtros e outras coisas do tipo. É um filme cru, claramente de baixíssimo orçamento, mas que possui sua importância histórica e alerta, desde cedo, para como Lee é um cineasta fora do comum, percebendo pautas e necessidade que surgem à frente. [-]
Interessante notar, também, que Spike Lee por vezes se atreve a falar sobre sexualidade aqui e acolá. É o caso de ‘Ela Q... [+]
Um outro filme da carreira de Spike Lee que também fala sobre sexualidade é o polêmico ‘Chi-Raq’. Afinal, ao contrário de ‘Ela Quer Tudo’, este longa-metragem não fala exatamente sobre liberdade sexual, mas sobre uso da sexualidade como arma. Afinal, a trama -- que é inspirada na peça grega ‘Lisístrata’, de Aristófanes -- conta a história de uma Chicago violenta e que normaliza cada vez mais as mortes causadas por gangues de homens negros da região. Determinadas a mudar isso, as mulheres se unem e decidem fazer uma greve de sexo. Assim, ainda que provocativo, ‘Chi-Raq’ se tornou datado antes mesmo de chegar às telonas, já que a luta feminista já ansiava por uma menor sexualização de seus corpos. No entanto, lá no fundo, dá para encontrar um filme interessante e coeso, que se arrisca bastante ao montar um roteiro todo calcado em rimas. Destaque, principalmente, para as atuações de Samuel L. Jackson (‘Capitã Marvel’), John Cusack (‘2012’) e uma arrebatadora Teyonah Parris (‘Cara Gente Branca’), que engole a trama para si. [-]
Um outro filme da carreira de Spike Lee que também fala sobre sexualidade é o polêmico ‘Chi-Raq’. Afinal, ao contrário d... [+]