Destaques na Netflix: as principais estreias do mês de abril de 2024

Do aclamado diretor Makoto Shinkai, de 'Your Name', 'Suzume' é a história da adolescente homônima que, após conhecer um misterioso viajante, se vê envolvida em uma épica aventura para fechar portais que se abriram no nosso mundo e devem ser fechados por uma chave mágica. Em chave de realismo mágico, Shinkai nos leva em uma viagem pelas feridas que os desastres naturais deixaram no Japão, mesmas que também deixam feridas em nossos corações. Se você gostou dos trabalhos anteriores do diretor, não hesite: você vai gostar muito de 'Suzume'.

Se 'Em Ritmo de Fuga' ('Baby Driver') significou o amadurecimento do estilo de Edgar Wright como diretor, 'Noite Passada em Soho' ('Last Night in Soho') vê esse estilo consolidado a serviço de um co-roteiro escrito por ele e por Krysty Wilson-Cairns ('1917') - que, embora não seja perfeito, é o mais interessante em sua filmografia até o momento. O enredo segue Ellie (Thomasin McKenzie), uma jovem que se muda para Londres para realizar seu sonho de ser estilista. Todas as noites, inexplicavelmente, ela tem sonhos vívidos em que é transportada de volta aos anos 1960 - sua época favorita - e vive como Sandie (Anya Taylor-Joy), uma jovem que aspira ser cantora - embora sua história se torne cada vez mais sombria, gradualmente invadindo a realidade de Ellie. Este é um thriller psicológico que combina influências dos estilizados giallos dos anos 1960, como ‘Repulsa ao Sexo’ de Roman Polanski, além de acenos visuais para ‘Suspiria’ de Dario Argento. Por outro lado, também tece uma crítica ao filtro idealizado com que todos nós - o público e o próprio realizador - habitualmente olhamos os “bons e velhos tempos”. Talvez, propõem Wright e Wilson-Cairns, aqueles não fossem tempos tão bons e as imagens oníricas escondem uma história de violência e abuso. A revelação final e o desenlace irão dividir as opiniões e acender o debate neste contexto, mas 'Noite Passada em Soho' é um tipo de filme cada vez mais raro, que consegue manter a marca reconhecível de um diretor, oferece um comentário social que inspira discussões e entretém como um bom blockbuster, tudo ao mesmo tempo.

O cineasta nova-iorquino Woody Allen (‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’, ‘Vicky Cristina Barcelona’) retorna com um elenco de novos rostos em uma comédia romântica muito típica de seu estilo, carregada de múltiplos enredos sobre amor e crises existenciais adornadas por diálogos engenhosos. Ok, ‘Um Dia De Chuva Em Nova York’ pode não ser uma obra-prima na prolífica filmografia do cineasta, mas é bastante divertido e muito por conta de um elenco carismático que inclui jovens talentos como Elle Fanning (‘Espírito Jovem’), Timothée Chalamet (‘Me Chame Pelo Seu Nome’) e Selena Gomez (‘Spring Breakers’), além de veteranos como Diego Luna (‘Rogue One: Uma História Star Wars’) e Jude Law (‘O Grande Hotel Budapeste’).

Um clássico com Eddie Murphy, que era um dos reis das comédias norte-americanas na década de 1980. ‘Um Tira da Pesada’ conseguiu unir um filme de ação com comédia e ser muito sucedido nessa proposta. Na trama, Axel Foley (Eddie Murphy) é um policial descolado e que usa (e abusa) do humor escrachado. A trilha sonora é muito representativa e faz uma associação quase direta a produção. ‘Um Tira da Pesada’ mantém sua grandiosidade até hoje, por ser um filme simples, divertido, bem construído e capaz de agradar espectadores de todas as idades.

O sucesso do clássico ‘Um Tira da Pesada’ pediu uma continuação, que conseguiu se manter tão boa quanto o filme original. Seguindo o primeiro filme, o roteiro continua bem construído, mesmo que seja simples, a grande diferença é o maior número de cenas de ação. ‘Um Tira da Pesada 2’ ainda traz as boas piadas do antecessor, mas dessa vez, Axel Foley (Eddie Murphy) tem problemas maiores para lidar. Com o aumento da adrenalina, tem até mesmo uma homenagem a Sylvester Stallone, que era um dos ícones da época. Em uma das cenas é possível ver um pôster do longa ‘Stallone Cobra’ - que, vale dizer, foi gravado a partir de um roteiro não aproveitado para o primeiro ‘Um Tira da Pesada’. O papel de Foley, inclusive, foi originalmente escrito para Sylvester Stallone.

Do cineasta Philip Martin (que dirigiu episódios de The Crown), este filme é um relato do que aconteceu nos bastidores para que a jornalista da BBC, Emily Maitlis, conseguisse entrevistar o príncipe Andrew de York sobre seus vínculos com o empresário Jeffrey Epstein, uma entrevista posteriormente descrita como 'um avião se chocando com um petroleiro, desencadeando um tsunami que, por sua vez, desencadeou uma explosão nuclear.' A versão cinematográfica não é tão emocionante: A Grande Entrevista segue Maitlis (Gillian Anderson) no processo de pesquisa, negociação e realização da entrevista, lidando com todo o processo com cuidado para não arruiná-lo. O filme, pelo menos, se une ao cânone cinematográfico de produções sobre jornalismo investigativo em redes de abuso sexual, como Spotlight, Ela Disse e O Escândalo.

Um documentário que explora como a internet progrediu desde a promessa de conhecimento democrático e entretenimento inocente até se tornar um terreno fértil para desinformação e até mesmo violência que se estende ao mundo real. A Rede Antissocial: Dos Memes ao Caos traça o caminho desde a rede social 4Chan e constrói sua genealogia até o Facebook e os eventos de 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos. Não apresenta reflexões que não sejam óbvias para aqueles que leram livros ou assistiram a outros filmes sobre o impacto das redes sociais, mas é um bom ponto de partida para aprender sobre como a desinformação funciona na internet.