Ian McKellen e Patrick Stewart criticam acordo do Brexit Ian McKellen e Patrick Stewart criticam acordo do Brexit

Ian McKellen e Patrick Stewart criticam acordo do Brexit

Novo acordo do Brexit impede que artistas do Reino Unido viajem pela Europa sem visto, prejudicando diretamente atores e cantores

19 de fevereiro de 2021 13:53

Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit (uma abreviação para “British Exit”, ou “saída britânica”, na tradução literal para o português), teve um impacto em diversos setores do mercado internacional. E um deles é o cinematográfico.

A União Europeia não conseguiu chegar a um acordo para que os trabalhadores da indústria criativa viajassem sem visto pelo continente. Nesta semana, diversos artistas como Ian McKellen, Elton John, Ed Sheeran e Patrick Stewart expressaram descontentamento com esse cenário.

Sir Ian McKellen e Sir Patrick Stewart se juntaram aos artistas contra o novo acordo da Brexit (Foto: Divulgação/BBC)

Paul W. Fleming, secretário-geral da Equity, sindicato britânico que representa atores e profissionais criativos como Helen Mirren, Olivia Colman e Tom Hiddleston, conversou com o Deadline sobre como enxerga essa situação.

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Fleming acredita que os artistas tenham se tornado um “dano colateral”, já que o governo priorizou outros setores do mercado e não a indústria criativa. Antes, os atores freelancers, por exemplo, poderiam trabalhar na UE até janeiro simplesmente entrando em um avião, trem ou balsa.

Agora, eles precisam ir atrás de documentações caras que podem levar meses para serem processadas. Há também um preconceito no meio devido a esse novo acordo e o quão prejudicial ele se torna aos vistos como “estrangeiros”.

O que muda afinal?

Paul W. Fleming explica que, quando se trata de mídia gravada, em que o tempo de retorno é curto, as filmagens geralmente são rápidas e exigem que os artistas estejam prontos para viajar – variando de onde seja a locação.

Esse tipo de situação fica inviável com o Brexit. “As pessoas que perdem não são as que trabalham nos sucessos de bilheteria. Serão os membros ativos comuns da Equity, que conseguirão uma pequena parte em uma série da Netflix”, conta Fleming.

Cerca de 43% dos membros da Equity, disseram que o Brexit afetou negativamente sua confiança em conseguir trabalho, de acordo com uma pesquisa realizada pelo sindicato. Cerca de 31% dos entrevistados viram anúncios de emprego e/ou chamadas de elenco pedindo apenas portadores de passaporte da União Europeia.

Ou seja, atores de séries pequenas e também filmes sofrerão com esse impacto, que poderá se observado pelos consumidores de serviços de streaming.

Qual a opinião dos atores em relação ao Brexit?

No começo de janeiro, diversos artistas se juntaram em uma carta aberta publicada no The Times. Ian McKellen e Patrick Stewart se juntaram aos profissionais da indústria criativa que criticam esse acordo comercial pós-Brexit do governo britânico, se juntando a nomes como Elton John, Ed Sheeran, Sting e outros.

Em uma nova publicação, McKellen e Stewart pedem que o governo britânico faça uma nova avaliação de suas regras. Eles clamam que falta uma representação aos artistas que desejam trabalhar na Europa pós-pandemia.

“Antes, podíamos viajar para a Europa sem visto. Agora temos que pagar centenas de libras, preencher formulário após formulário e passar semanas esperando a aprovação – só para podermos fazer nosso trabalho”, diz a nova carta divulgada na NME. “Para um setor que está profundamente enraizado na comunidade internacional – do teatro e da dança em turnê ao cinema, televisão e comerciais – que deve funcionar com rapidez, flexibilidade e demanda, este é um golpe desastroso”.

Ainda de acordo com o Deadline, o governo está em contato com quem trabalha na indústria criativa para encontrar um consenso sobre qual caminho seguir. Paul W Fleming está diretamente envolvido nas conversas e está ajudando a defender seus membros. “Estamos trabalhando de boa fé. Não vou permitir que nossos membros sejam enganados e que nosso envolvimento seja percebido como consentimento para um mau negócio que daí resulta ”, finalizou.

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