Filmes mais cedo no streaming são “o modelo certo para o futuro”, diz CEO da ViacomCBS Filmes mais cedo no streaming são “o modelo certo para o futuro”, diz CEO da ViacomCBS

Filmes mais cedo no streaming são “o modelo certo para o futuro”, diz CEO da ViacomCBS

O Paramount+, que chega nesta semana, terá (nos EUA) blockbusters em seu catálogo cerca de 45 dias após a estreia nos cinemas

2 de março de 2021 14:06

Nesta semana, a ViacomCBS lança nos EUA e na América Latina o Paramount+, plataforma de streaming que chega para concorrer diretamente com Netflix e Disney+. Um dos diferenciais do serviço será o fato de contar com filmes de cinema, da Paramount Pictures, mais rapidamente em seu catálogo – e o CEO do conglomerado, Bob Bakish, falou que acredita que a estratégia é o futuro.

Durante uma conferência virtual de tecnologia da Morgan Stanley nesta terça, 2, o executivo comentou que “acredito que essa é uma oferta sustentável”. E completou: “é o modelo certo para o futuro”, além de afirmar que conversou com os cineastas envolvidos nas produções antes do anúncio.

O famoso Bronson Gate da Paramount Pictures em Hollywood - o estúdio é parte da ViacomCBS (Foto: Renan Martins Frade)
O famoso Bronson Gate da Paramount Pictures em Hollywood – o estúdio é parte da ViacomCBS (Foto: Renan Martins Frade)

No atual momento, a indústria do cinema vive uma grande transformação. A ameaça da Netflix e o crescimento do video on demand já eram tendência há anos, mas a pandemia (que tirou o público dos cinemas) acelerou o processo por parte dos grupos de mídia mais tradicionais.

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A Disney, por exemplo, lançou ‘Mulan‘ no Disney+ norte-americano por um custo adicional. Já ‘Raya e o Último Dragão’ está chegando de forma híbrida, nos cinemas e no streaming ao mesmo tempo, também por um valor além da assinatura. Por outro lado, ‘Soul‘ entrou direto no catálogo da plataforma, sem valores a mais.

A WarnerMedia foi mais agressiva. Todos os filmes do estúdios até o final de 2021, começando por ‘Mulher-Maravilha 1984’, chegarão ao HBO Max junto com os cinemaso que irritou os cineastas. Tudo isso sem custos adicionais, mas por um período limitado.

A estratégia da ViacomCBS é um híbrido entre os dois modelos. Longas como ‘Missão: Impossível 7’ e ‘Um Lugar Silencioso: Parte II‘ terão as tradicionais janelas nos cinemas. A diferença é que eles chegarão mais rápido no Paramount+. No caso desses dois blockbusters, 45 dias após a estreia na tela grande – mas esse período poderá variar entre 30 a 90 dias, dependendo do título.

‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ é um dos filmes que terá janela curta nos cinemas, chegando mais cedo ao Paramount+ (Foto: divulgação / Paramount Pictures)

O caminho é parecido com o da Universal Pictures, com os filmes chegando ao streaming 31 dias após a tela grande. A diferença é que a Universal preferiu lançar os longas no chamado PVOD (sigla para premium video on demand), permitindo o aluguel ou compra desses títulos.

“Alguns desses outros filmes que foram feitos, não está claro para mim se foram sustentáveis Mas, esse [nosso] movimento… Coloca os títulos nos cinemas, então as pessoas podem ter a experiência da tela grande, se quiserem”, martelou Bob Bakish na conferência.

O que são janelas?

O que os estúdios estão, neste momento, é buscando uma forma de adaptar as famosas janelas de conteúdo para o mundo pandêmico (e após o final da covid-19, também). As janelas são períodos de exclusividade da exploração de um produto audiovisual em uma única mídia.

Até 2020, um longa normalmente era exclusivo dos cinemas por 90 dias, no que os americanos chamam de “theatrical window”. Depois, o título ficava disponível em plataformas de video on demand de aluguel e compra. Por fim, após cerca de outros três meses, entrava na TV paga e/ou em plataformas como HBO GO, Netflix, Amazon Prime Video e afins.

O que ViacomCBS, WarnerMedia e Disney estão fazendo é reduzir essas janelas, ou misturá-las – acabando com a exclusividade. Tudo para acompanhar as mudanças de comportamento dos espectadores, mas também para turbinar as assinaturas de suas plataformas de streaming – métrica que virou ouro para os investidores dos grupos de mídia.

A caixa d’água que é um dos símbolos dos estúdios da Paramount em Hollywood (Foto: Renan Martins Frade)

Tudo isso vai de encontro à fala de Bakish: a dúvida agora é se a conta fecha, se exibidores podem continuar existindo e se as assinaturas do VOD pagam os custos das produções. É por isso que a Disney criou o Premier Access no Disney+: custear um filme que, sozinho, o valor mensal do assinante não bancaria.

E no Brasil?

Apesar da fala do CEO, a ViacomCBS ainda não se pronunciou sobre a janela curta dos filmes da Paramount Pictures no Paramount+. Ao Filmelier, o conglomerado informou que “esses detalhes serão divulgados oportunamente, conforme os lançamentos ocorrerem na região.”

O mesmo acontece na WarnerMedia. O HBO Max só chega por aqui em junho, e o grupo não confirmou sobre os lançamentos simultâneos no Brasil. ‘Liga da Justiça de Zack Snyder‘, longa que seria exclusivo da plataforma, chegará ao Brasil agora em março via PVOD.

Já a Universal tem praticado as janelas normais no Brasil, ao menos até aqui.

A única que está adotando a mesma estratégia no Brasil e nos EUA é a Disney. ‘Soul’ chegou direto ao Disney+, enquanto ‘Raya e o Último Dragão’ sairá nos cinemas ao mesmo tempo em que fica disponível no Premier Access da plataforma.

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