7 filmes indispensáveis para conhecer a obra de Alfred Hitchcock 7 filmes indispensáveis para conhecer a obra de Alfred Hitchcock

7 filmes indispensáveis para conhecer a obra de Alfred Hitchcock

Hitchcock é considerado até hoje o mestre do suspense e sua filmografia faz jus a esse título

30 de dezembro de 2020 09:00
- Atualizado em 2 de janeiro de 2021 11:11

Alfred Hitchcock é um dos nomes mais importantes do cinema e sua influência ainda é frequente nos filmes contemporâneos. O diretor nos deixou há 40 anos, em 29 de abril de 1980 e, desde então, tem sido difícil encontrar outro realizador que tenha tanta facilidade em reinventar o suspense como Hitchcock fez.

Para quem gosta dele, é possível dizer que a indústria cinematográfica se divide em duas partes: antes e depois de Hitchcock. Não tem como pensar em construir um clima de mistério sem a mente brilhante do cineasta inglês. Ainda que existam outros cineastas que transitem pelo gênero, nenhum conseguiu deixar sua marca tão forte como Hitchcock.

François Truffaut e Alfred Hitchcock para o livro ‘Hitchcock/Truffaut’ (Foto: Reprodução/Companha das Letras)


Como fã do britânico, assisti a quase todos os filmes que ele já dirigiu e posso dizer que Alfred Hitchcock não tem só produções impecáveis. Como todo profissional, ele foi construindo sua carreira e melhorando com o tempo. A fase do cinema mudo possui produções difíceis de assistir, que são bem a caráter de estudo e de análise para entender melhor sua evolução. Mas logo no começo da carreira, dava para perceber o caminho que ele gostaria de seguir com suas produções.

Hitchcock conquistou os ingleses para depois ir à Hollywood

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Antes de conquistar Hollywood, Hitchcock fez o mundo conhecer seus filmes ingleses: ‘Assassinato (1930)’, ‘O Homem Que Sabia Demais’ (1934) – que foi refilmado em 1956 – , ‘Os 39 Degraus’ (1935), ‘Sabotagem’ (1936), ‘A Estalagem Maldita’ (1939), entre outros.

Hitchcock ganhou o merecido reconhecimento ainda na Inglaterra, mas seus longas-metragens passaram a se tornar ainda mais autênticos na fase de Hollywood. Para conhecer a obra do cineasta inglês não basta ter visto ‘Psicose (1960)’, Hitchcock tem muitos outros títulos excelentes.

Antes de entrar na fase de sucesso, é preciso conhecer o lado raiz do diretor e um de seus longas-metragens britânicos que mostram o quanto ele tinha talento para o suspense é ‘A Dama Oculta’ (1938). A narrativa acompanha uma senhora que desaparece misteriosamente em um trem. Isso deixa a jovem que estava ao lado dela intrigada, ela passa a procurá-la com a ajuda de um músico, até descobrirem que estão envolvidos em um esquema de espionagem.

‘A Dama Oculta’ ganhou uma nova versão cinematográfica em 1979 e uma para televisão em 2019 (Foto: Reprodução/Criterion)

Na era de Hollywood, não tem como fugir de ‘Rebecca: Uma Mulher Inesquecível’ (1940), um marco na carreira do cineasta e sua estreia no cinema norte-americano. Inclusive, esse ano, a Netflix lançou sua versão da história e entregou um resultado diferente do que foi visto no filme da década de 1940.

Na produção, uma jovem recém-casada que se muda para a mansão de seu marido, onde ele vive assombrada pela memória da falecida esposa, Rebecca. Mesmo após a morte, o legado dela permanece. O romance gótico fez muito sucesso e ganhou dois prêmios Oscar em 1941: Melhor filme e Melhor fotografia em preto-e-branco.

Com ‘Rebecca’, Hitchcock ganhou Hollywood

Depois de ‘Rebecca’, o resto é história, mas entre esse filme e ‘Psicose’ existe uma seleção boa para conhecer melhor o cineasta. Em 1948, Hitchcock lançou ‘Festim Diabólico’, uma das primeiras tentativas no cinema de fazer uma produção em plano sequência. Não tem como não falar que o inglês mudou a indústria cinematográfica depois de descobrir esse fato.

Claro que apesar de vender essa ideia, o filme não foi feito em um só plano, na verdade são 10. Afinal, imagina o desafio que o mestre do suspense teve para usar essa ideia usando película. O truque é que em algumas sequências ele estrategicamente trocava o rolo de filme em cenas que não ficava tão nítido o corte – como em fundo escuros.

‘Festim Diabólico’ tem James Stewart no papel principal, ele participou de 4 filmes de Hitchcock (Foto: Reprodução/20th Century Fox)

Outro fato curioso sobre ‘Festim Diabólico’ é que essa foi a primeira vez que o diretor trabalhou com cor. Entretanto, mesmo após esse filme, Hitchcock ainda fez mais produções em preto e branco, como é caso de ‘Psicose’, que foi lançado em 1960.

‘Disque M para Matar’ e ‘Janela Indiscreta‘ são outros títulos impecáveis do cineasta e que foram lançados no mesmo ano. Ambos inovam na montagem por funcionarem quase como uma peça de teatro, não existem muitas cenas externas, grande parte das duas produções foram gravadas em um cômodo só e abordam o voyerismo.

Em ‘Janela Indiscreta’ o cenário principal e onde toda a história se desenvolve é no apartamento em que James Stewart está confinado após quebrar a perna. Seu principal entretenimento é observar a vizinhança com um binóculo, tudo ganha uma nova proporção quando ele se convence de que viu um assassinato.

‘Janela Indiscreta’ é estrelado por James Stewart e Grace Kelly (Foto: Reprodução/Paramount Pictures)

Grande parte de ‘Disque M para Matar’ também tem seu desenrolar em apenas um cômodo de uma casa. Existem cenas externas, assim como em ‘Janela Indiscreta’, mas o foco acaba sendo em um lugar só. A história acompanha um ex-tenista profissional que decide matar sua mulher, para poder herdar seu dinheiro

Ainda na década de 1950, o cineasta fez ‘Um Corpo que Cai’, que é considerado um dos melhores filmes já feitos na história do cinema segundo uma pesquisa da revista Sight and Sound do British Film Institute realizada em 2012. Foi a primeira vez em 50 anos que ‘Cidadão Kane’ (1941) foi desbancado.

Na trama, um detetive aposentado, que sofre de um terrível medo de alturas, passa a seguir a esposa de um amigo a pedido do próprio. A mulher demonstra uma estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos.

Novamente vemos James Stewart como astro de mais um filme de Hitchcock, ‘Um Corpo que Cai’ é estrelado por ele e Kim Novak (Foto: Reprodução/Universal Pictures)

‘Um Corpo que Cai’ tem uma bela reviravolta no roteiro e um famoso truque de câmera inventado por Hitchcock para poder representar a sensação de vertigem do protagonista – em inglês, o filme se chama ‘Vertigo’ e a tradução literal disso é vertigem. Assim como no caso do sucesso de Orson Welles, ‘Um Corpo de Cai’ não fez sucesso quando foi lançado, seu reconhecimento no mundo cinematográfico veio depois.

Finalmente chegamos em ‘Psicose’, que é tido como a produção que mudou para sempre o gênero do suspense. Hitchcock entregou ao mundo sua obra-prima em 1960 e tudo mudou. O diretor conseguiu até mesmo fazer a censura da época aprovar a cena nudez.

O filme foi feito na época do Código Hays, normais aplicadas aos longas-metragens lançados em 1930 e 1968 pelos grandes estúdios. Nos anos 1960, ele começou a cair em desuso, mas ainda assim, ‘Psicose’ foi polêmico. Não só pela nudez quanto pela violência.

A atriz Janet Leigh aparece apenas no primeiro ator de ‘Psicose’ e foi o suficiente para que ela ganhasse um Globo de Ouro por sua atuação (Foto: Reprodução/Universal Pictures)

Inclusive, esse é um dos motivos da produção ter sido rodado em preto e branco provavelmente tem a ver isso. Hitchcock usou uma mistura de chocolate para a cena do chuveiro. Se ‘Psicose’ fosse colorido as cenas com sangue tomariam uma proporção ainda mais chocante.

O filme custou 800 mil dólares e na época em que Hitchcock foi entrevistado por Truffaut (para o livro Hitchcock/Truffaut), ele contou que ‘Psicose’ já tinha rendido mais de 13 milhões de dólares, isso em 1967. A produção fez sucesso entre a crítica também, foi indicado a 4 prêmios Oscars e conquistou um Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante para Janet Leigh. Vale dizer que a atriz protagonizou possivelmente uma das cenas mais famosas da história do cinema.

Hitchcock não se resume à ‘Psicose’

Depois do sucesso estrondoso de ‘Psicose’, Alfred Hitchcock dirigiu logo em seguida mais um suspense marcante: ‘Os Pássaros’ (1963). No intervalo entre os dois filmes, o diretor se ocupou com as séries ‘Alfred Hitchcock Apresenta’ e ‘The Alfred Hitchcock Hour’.

Dessa vez, Tippi Hedren é a protagonista e ‘Os Pássaros’ entrega tudo que se pode esperar de uma boa trama. No entanto, a produção envolve polêmicas, Hedren foi realmente ferida em uma das cenas .Em um programa de TV em 1968, o cineasta contou que 3.200 pássaros foram treinados para o filme e ainda assim, a atriz sofreu nas filmagens.

Mesmo com esse advento e rumores de bastidores, Tippi Hedren chegou a estrelar outro filme de Hitchcock. No ano seguinte, ela foi a estrela de ‘Marnie, Confissões de uma Ladra’, um thriller psicológico que tem também Sean Connery no elenco.

7 curiosidade sobre Os Pássaros, de Alfred Hitchcock | Blog 365 Filmes
‘Os Pássaros’ veio logo depois do sucesso de ‘Psicose’ (Foto: Reprodução/Universal Studios)

Com mais de 70 filmes no currículo, os últimos filmes dirigidos por Alfred Hitchcock foram ‘Cortina Rasgada’ 1966, ‘Topázio’ 1969, ‘Frenesi’ 1972, e ‘Trama Macabra’ 1976, que foi sua última produção. O diretor morreu em 1980, aos 80 anos, e deixou o projeto ‘Kaleidoscope’ incompleto. Reza a lenda, que esse seria o filme mais hitchcockiano de toda a era Hitchcock. Infelizmente, o trabalho não foi para frente.

Apesar dessa filmografia de respeito Alfred Hitchcock nunca ganhou um Oscar por seus trabalhos como diretor. O filme ‘Rebecca’, sua estreia em Hollywood como já foi citado, levou o prêmio de melhor filme no Oscar em 1941, o cineasta foi indicado como melhor diretor, mas não ganhou o prêmio – que foi para John Ford por ‘As Vinhas da Ira’. Para quem não sabe, o prêmio de melhor filme é para os produtores dos longas-metragens e não para os realizadores.

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