Com ‘Os Espetaculares’, André Pellenz se arrisca no streaming Com ‘Os Espetaculares’, André Pellenz se arrisca no streaming

Com ‘Os Espetaculares’, André Pellenz se arrisca no streaming

Longa-metragem é o primeiro lançamento digital de Pellenz, conhecido por seus trabalhos em ‘Minha Mãe é uma Peça’ e ‘Detetives do Prédio Azul’

Matheus Mans   |  
3 de setembro de 2020 17:52
- Atualizado em 4 de setembro de 2020 10:06

Você pode não saber quem é André Pellenz, mas há grandes chances de ter visto algum filme que ele dirigiu. Afinal, o carioca é responsável por algumas das maiores bilheterias do cinema nacional dos últimos tempos. ‘Minha Mãe é uma Peça’ vendeu mais de 4,5 milhões de ingressos. O infantil ‘Detetives do Prédio Azul’ bateu 1,2 milhão de tíquetes. Agora, depois desses números, Pellenz se lança para uma estreia digital com ‘Os Espetaculares’.

Novidade em plataformas de vídeo on demand desta quinta-feira, 3, o longa-metragem é uma comédia como Pellenz sabe fazer. Na trama, um comediante de stand-up (Paulo Mathias Jr., do ‘Zorra’) se vê entre dois universos. De um lado, busca meios para servir como inspiração ao filho, apesar de ser um pouco arrogante. Do outro, batalha ao lado de dois colegas (Rafael Portugal e Luísa Périssé) para vencer um concurso de stand-up.

Longa-metragem é protagonizado por Paulo Mathias Jr., Rafael Portugal e Luísa Périssé (Crédito: Divulgação/Califórnia Filmes)

Assim, a partir disso, Pellenz faz humor enquanto trilha esse drama familiar do personagem. “O filme surgiu como a ideia de um documentário sobre comediantes de stand-up”, contextualiza Pellenz ao Filmelier. “Mas logo acabamos partindo para a ideia de uma ficção. A gente quis falar muito sobre temperamento de humoristas e não só fazer piada. Juntou a vontade de contar essa história com uma experiência minha com o meu filho”.

Para além do humor

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Apesar de ter ficado conhecido pelo humor, Pellenz rejeita rótulos. Apesar de ter várias comédias no currículo (‘Minha Mãe é uma Peça’, ‘Tudo Acaba em Festa’), o carioca também já trafegou por outros gêneros. Fez os dois filmes da aventura infantil ‘Detetives do Prédio Azul’, a série dramática ‘Natália’ e até o romance ‘Gosto se Discute’. No futuro, espera fazer um road movie com o título ‘830 Litros’, inspirado em um tio de Pellenz.

Em ‘Tudo Acaba em Festa’, por exemplo, Pellenz seguiu pelo caminho do humor americano, mas achou espaço para colocar personagens baseados em arquétipos da psicologia analítica de Carl Gustav Jung — vertente da psicologia que o diretor diz admirar. Em ‘Gosto se Discute’, trouxe discussões sobre sensibilidades e até perda de paladar. Agora, volta à psicologia nas falas do filho do protagonista, com conceitos de Freud.

“O humor precisa ter conteúdo. A gente tenta ir além da sucessão de piadas”, conta o diretor. “Quero circular por vários gêneros. Não quero ficar conhecido por um único estilo. Afinal, qualquer gênero de filme é arte. Me fascina a ideia de fazer um drama, uma aventura, um filme de mistério, um musical… Tem muita coisa para a gente explorar. Até mesmo dentro da comédia, que é um gênero muito legal de trabalhar novas questões”.

Paulo Mathias Jr. ressalta a importância de um roteiro com profundidade. “É um filme divertido, é uma comédia. Mas a diversão está nos outros personagens. Para meu personagem, aquela história é um drama”, diz. “Eu sou movido a desafios e estou há um tempão na prateleira do humor. E nem sempre fui isso. No teatro, no início, eu fazia peça para chorar. Gostei da ideia do filme por ser diferente. É um filme sobre relacionamentos. 

Pellenz digital

E a pergunta que não quer calar: como é para Pellenz fazer seu primeiro lançamento digital? Como é entrar nesse universo do streaming?

“É um misto de sentimentos. Fico frustrado por não ir numa sala de cinema assistir ao filme”, conta Pellenz. “É a primeira vez que estou lançando um filme de forma remota e é o lançamento mais democrático que já tive. Claro que tem um frio na barriga, mas é muito bacana saber que qualquer pessoa no Brasil pode assistir ao filme de casa, sem depender do cinema de sua cidade. Afinal, muitas vezes, acabamos perdendo espaço à estrangeiros”.

Depois de vários sucessos de bilheteria, Pellenz faz seu primeiro lançamento remoto (Crédito: Divulgação/Imagem Filmes)

Mathias Jr. também lamenta, em um primeiro momento, não ter poder assistir ao filme num telão — ainda que tenha ido conferir o longa em um drive-in. Afinal, este é o primeiro protagonista do ator de ‘Zorra’. Mas ele também celebra a presença digital. “É um momento que muita gente ainda está em casa e que há dúvidas sobre a segurança da reabertura dos cinemas”, afirma. “Acho que é uma carta inteligente essa estreia digital”.

Por fim, Pellenz faz sua previsão sobre o futuro dos cinemas. Afinal, se até ele se rendeu ao digital, será que ainda há espaço para a tela escura? “Não acho que o cinema vá morrer. O digital não anula a estreia tradicional. É um complemento. Afinal, hoje, você fica escravo da bilheteria. Disputa espaço a tapa”, afirma. “No futuro, as duas coisas vão conviver. Vamos ter lançamentos simultâneos. Com isso, o cinema será mais democrático”.