Paramount+: Global, mas com diferenças no Brasil Paramount+: Global, mas com diferenças no Brasil

Paramount+: Global, mas com diferenças no Brasil

Questionada pelo Filmelier, a filial da ViacomCBS afirmou que detalhes sobre os filmes de cinema no Paramount+ “serão divulgados oportunamente” e que esportes e notícias “não estão previstos no Brasil”

26 de fevereiro de 2021 13:04
- Atualizado em 28 de fevereiro de 2021 22:27

Na última quarta-feira, 24, o conglomerado de mídia ViacomCBS apresentou, em um evento para investidores, todas as suas armas para enfrentar Netflix, Disney e Amazon na guerra do streaming. A maior delas é o Paramount+, serviço de streaming que chega aos EUA, Brasil e resto da América Latina na próxima semana, em 4 de março. No entanto, a plataforma que teremos aqui será levemente diferente da dos Estados Unidos, ao menos em termos de conteúdo.

Entre as diferenças cá e lá, o Paramount+ disponível nos EUA terá os filmes de cinema da Paramount Pictures em até três meses após a sua janela de exibição na tela grande. Em alguns casos, essa estreia no streaming por assinatura poderá acontecer entre 30 ou 45 dias após o lançamento nos cinemas.

Este último caso, mais curto, será o de blockbusters como ‘Um Lugar Silencioso: Parte II‘ e ‘Missão: Impossível 7’. No entanto, esses prazos não valem, ainda, para o Brasil.

O famoso Bronson Gate da Paramount Pictures em Hollywood - o estúdio é parte da ViacomCBS e empresta o seu nome para o Paramount+ (Foto: Renan Martins Frade)
O famoso Bronson Gate da Paramount Pictures em Hollywood – o estúdio é parte da ViacomCBS e empresta o seu nome para o Paramount+ (Foto: Renan Martins Frade)

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Questionada pelo Filmelier se teríamos por aqui a mesma estratégia de janela curta nos cinemas, a ViacomCBS informou que “esses detalhes serão divulgados oportunamente, conforme os lançamentos ocorrerem na região.”

Fica a dúvida, agora, se o conglomerado seguirá o mesmo caminho no Brasil. Há, ao menos, uma certeza: a afirmação deixa claro que não existirá uma definição única para essa questão, como a dos EUA, ao menos neste primeiro momento.

O fato é que o mercado brasileiro, com suas peculiaridades, fragilidades e receios dos exibidores, faz com que essa estratégia seja tratada com mais cautela.

O mesmo está acontecendo pelos lados da WarnerMedia: nos EUA, o grupo foi ainda mais agressivo, com lançamentos nos cinemas e no HBO Max no mesmo dia. A decisão causou um embaraço com cineastas, sendo a voz mais contundente a do diretor Christopher Nolan.

No Brasil, a WarnerMedia ainda não se pronunciou sobre a janela curta – o que também coloca em dúvida se ela realmente acontecerá por aqui.

Esportes, notícias e conteúdo ao vivo

Não é só isso. A ViacomCBS também informou ao Filmelier que “que esportes, conteúdos ao vivo e notícias, como foi citado [no evento], não estão previstos no Brasil neste primeiro momento do lançamento”. É, também, uma grande mudança em relação à estratégia nos EUA.

Lá, a CBS tem uma longa tradição nesses campos. Em 1934 ainda não era comum ter noticiário em rádio, quando a rede criou uma pioneira divisão de notícias. Quando migrou para a televisão, a CBS levou essa prática para a nova mídia.

'CBS This Morning', um dos destaques da programação jornalística/variedades da rede norte-americana (Imagem: reprodução / CBS)
‘CBS This Morning’, um dos destaques da programação jornalística/variedades da rede norte-americana (Imagem: reprodução / CBS)

No âmbito esportivo, o canal pode ser comparado com a nossa TV Globo: tem os direitos do futebol americano (profissional e universitário), além de campeonatos do “nosso” futebol como a UEFA Champions League.

Por isso, essas duas vertentes serão muito exploradas pelo Paramount+ na Terra do Tio Sam. “Poucas outras plataformas vão oferecer tanto esporte ao vivo”, disse Bob Bakish, presidente e CEO da ViacomCBS, durante o evento. Até mesmo o jornalismo local, das afiliadas, pintará no streaming em sua versão norte-americana.

O motivo de o Brasil não seguir a mesma linha de conteúdo é, claro, prático e mercadológico. Direitos esportivos são, além de muito caros, fatiados por território.

A ViacomCBS, por exemplo, levará o nosso Campeonato Brasileiro de futebol para os assinantes norte-americanos do Paramount+ por, certamente, um valor bem menor do que o Grupo Globo paga no nosso país. Já a Champions custa caro em qualquer parte do mundo, e entrar em um leilão desse em um novo território não soa muito prudente.

No Brasil, o conteúdo esportivo será em breve o trunfo de outra plataforma de streaming: o Star+, da Disney.

Já a ausência de canais ao vivo se assemelha à questão dos cinemas. A ViacomCBS não possuí canais abertos gratuitos aqui como tem nos EUA, apenas pagos – e liberá-los no Paramount+ poderia azedar a relação com as operadoras de TV paga.

Porém, vale ressaltar, foi exatamente isso que o Grupo Globo fez ao liberar canais abertos e pagos em um pacote mais caro do Globoplay.

Por fim, a falta que faz menos sentido é a do jornalismo. Claro, não há a necessidade de noticiário local no Paramount+, mas trazer a cobertura em âmbito nacional da CBS para o Brasil poderia ser interessante, talvez algo próximo o que a WarnerMedia faz na linear CNN International.

Muitos filmes e séries

Mesmo que sem duas partes de seu tripé, o Paramount+ ainda terá muitos atrativos no Brasil. Parte deles vem do enorme catálogo de filmes e séries da Paramount e da CBS, incluindo séries como ‘Frasier’ e ‘Cheers’, além de franquias de cinema como ‘Missão: Impossível’ e ‘O Poderoso Chefão’.

A famosa caixa d'água dos estúdios da Paramount, em Hollywood: o importância do conteúdo foi ressaltada em diversos momentos do evento (Foto: Renan Martins Frade)
A famosa caixa d’água dos estúdios da Paramount, em Hollywood: o importância do conteúdo foi ressaltada em diversos momentos do evento (Foto: Renan Martins Frade)

Foram anunciada produções exclusivas, também. Entre elas, a série ‘The Offer’, com os bastidores justamente da produção de ‘O Poderoso Chefão’. Isso se soma a um revival de ‘Frasier’ e outras produções anunciadas durante o evento.

Tudo isso por R$ 19,90 ao mês, como o Filmelier havia adiantado há algumas semanas.

Resta saber se, mesmo atrasada para a festa do streaming, a ViacomCBS poderá roubar a cena dos concorrentes.

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