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‘Tenet’: vale a pena voltar aos cinemas para assistir ao filme de Christopher Nolan?
Apesar de alguns bons momentos, ‘Tenet’ é o pior roteiro da carreira de Nolan ao juntar uma história que beira o incompreensível com uma produção megalomaníaca
Christopher Nolan é um cineasta e roteirista fissurado pelo tempo. Em todos seus trabalhos, em maior ou menor magnitude, ele encontra espaço para brincar com a sensação de tempo linear e, sobretudo, dar novos significados ao tique-taque do relógio. É assim em ‘Insônia‘, ‘Dunkirk‘, ‘A Origem‘ e, até mesmo, na trilogia de Batman. E agora isso volta em ‘Tenet‘.
Como o próprio nome do longa-metragem sugere, Nolan aqui brinca com as idas e vindas do tempo. Com antes e o depois, o passado e o futuro. Aqui, a linearidade some — um pouco do que já tinha apresentado em ‘Interestelar‘, quando o personagem de Matthew McConaughey entra em contato com sua filha pela malfadada estante. Em ‘Tenet’, o antes e o depois se chocam.
Assim, a partir dessa colisão de mundos, Nolan traça sua narrativa mais difícil e incompreensível. Com um roteiro assinado apenas por ele, deixando seu irmão e parceiro de longa data de fora, ‘Tenet’ é daqueles filmes que precisam ser vistos e revistos. Afinal, são quase duas histórias em um. Uma trama segue direção linear, enquanto outra surge no caminho.
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Dessa forma, por mais bem intencionado que seja Nolan com essa história maluca, tudo é muito “sem pé, nem cabeça”. Subtramas complexas são resolvidas em um passe de mágica. Objetos de cena, que exigem um contexto ou uma explicação um pouco mais demorada, apenas surgem na cena. E o filme vai se desgastando, sendo sustentado apenas por seu visual.
Pontos positivos de ‘Tenet’
‘Tenet’ surgiu com a obrigação, após insistência do próprio Christopher Nolan, em ser o filme de abertura dos cinemas após relaxamentos de quarentena ao redor do mundo. Ainda que tenha tido um resultado bom em países estrangeiros, os números foram catastróficos nos Estados Unidos. Até agora, não se sabe exatamente o tamanho do estrago com este longa. E de fato, Nolan tem um ponto na sua birra. Foi valioso voltar aos cinemas com o espetáculo visual de ‘Tenet’. Ainda que alguns efeitos beirem o ridículo, como soldados andando de costas numa batalha, tudo é muito grandioso, muito explosivo. Muito uau. Algumas sequências chegam a ter semelhanças claras com ‘Velozes & Furiosos’, dada a intensidade das cenas. Além disso, John David Washington (‘Infiltrado na Klan‘) mostra os motivos de ser tão celebrado lá pelas bandas de Hollywood. Está magnético na tela como o misterioso personagem Protagonista. Robert Pattinson não está tão bem quanto em ‘O Farol‘ ou ‘O Diabo de Cada Dia‘. Mas, ainda assim, é uma presença marcante no desenvolvimento geral da história de ‘Tenet’.
E o que atrapalha?
Como dito, ‘Tenet’ é um filme que se complica demais. Demais! A sensação é de que Nolan teve uma ideia brilhante, como é a premissa do filme, e simplesmente não soube como resolvê-la. Joga essa ausência de respostas no colo do espectador, como se ele fosse o responsável imediato em ter que entender e compreender tantas idas e vindas, passados e futuros, por aí vai. Assim, dessa maneira, o filme fica desconjuntado. Quando há a primeira bagunça temporal, com as coisas já não andando mais de maneira linear, a sensação é de desespero. Nada se encaixa direito, como se fosse um quebra-cabeça em que as peças foram cortadas. E não adianta se sentir mal por não ter entender a história, caro leitor. Aposto que nem Nolan a entendeu. Por fim, há um problema estranho para aquele que dirigiu Heath Ledger como Coringa, o marcante vilão de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’: o antagonista de ‘Tenet’ é terrível. Caricato, óbvio e de intenções batidas, que lembram as motivações de um Thanos genérico, o vilão de Kenneth Branagh (‘Dunkirk’) não dá medo algum, servindo apenas como um estepe. É uma pena, enfim, que tenhamos que esperar para um novo filme de Nolan, que geralmente demora três anos entre um longa e outro. Afinal, por mais este seja o trabalho mais grandioso do diretor até agora, a queda também foi maior. A expectativa não se cumpriu. E a dica é: vá ao cinema apenas se sentir seguro. Não vá atrás de nenhum cineasta britânico…