‘4×100: Correndo por um Sonho’ usa o esporte para falar de representatividade feminina ‘4×100: Correndo por um Sonho’ usa o esporte para falar de representatividade feminina

‘4×100: Correndo por um Sonho’ usa o esporte para falar de representatividade feminina

O filme, com inspiração em ‘Menina de Ouro’, usa o esporte como pano de fundo para falar de união feminina

25 de junho de 2021 10:04
- Atualizado em 28 de junho de 2021 10:02

Os Jogos Olímpicos estão chegando – e um ótimo esquenta é a produção nacional ‘4×100: Correndo por um Sonho’, que estreou nesta semana nos cinemas. O filme conta a história de cinco atletas que precisam trabalhar em equipe para conquistarem uma medalha na corrida de revezamento 4×100 metros na Olimpíada de Tóquio.

O Filmelier conversou com o elenco – Thalita Carauta, Fernanda de Freitas, Roberta Alonso, Priscila Steinman, Cintia Rosa, Augusto Madeira – e o diretor Tomás Portella sobre a importância da história para o esporte brasileiro e para as mulheres.

4x100: Correndo por um sonho mostra união feminina em busca de um sonho
Cintia Rosa, Kauê Telloli, Roberta Alonso, Augusto Madeira, Fernada de Freitas, Priscila Steinman e Thalita Carauta (Foto: Divulgação/Gullane)

Por meio de cinco personagens que conseguem ser bem reais, com todos seus nuances e problemas, acompanhamos as dificuldades de como é ser uma atleta e também uma mulher no Brasil. ‘4×100: Correndo por um Sonho’ consegue ser um filme feminista de uma forma leve, sem forçar a barra ou apelar para excessos.

‘Menina de Ouro’: uma das inspirações de ‘4×100’

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A história da produção partiu da atriz Roberta Alonso, que escreveu o argumento. “Eu idealizei esse filme há 15 anos justamente por acreditar que o esporte é uma ferramenta extremamente poderosa para uma sociedade saudável, para jovens terem uma oportunidade melhor na vida”, conta ela.

“Eu convivi com muitos atletas e eu pegava um pouco da vivência deles. Se hoje não se fala tanto de esporte feminino, imagina 15 anos atrás, todos os filmes que tinham eram sobre homens até que veio ‘Menina de Ouro‘, que é uma produção que também me inspirou. Então, eu pensei, vamos falar da mulherada no esporte.”

Demorou, mas finalmente podemos ver o belo trabalho que Roberta Alonso projetou em ‘4×100: Correndo por um Sonho’. Mesmo com a direção de um homem, a produção não perde seu poder e representatividade feminina. O diretor, Tomás Portella, contou que foi um desafio e um ensinamento trabalhar na produção.

“[Me senti] Totalmente inseguro e por isso eu me cerquei de mulheres incríveis que me ajudaram. Eu tomei muita porrada para conseguir, tem a falta de conhecimento, não é o meu conflito. Foi muito difícil, eu não estava nem um pouco seguro. É muito importante quando você constrói um ambiente que não é o seu lugar de fala, você se sentir inseguro, do contrário você que vai fazer merda com certeza”, conta ele.

“Se o mundo fosse gerido
por mulheres, se fosse
matriarcal, sem dúvida
estaríamos vivendo em
um mundo muito melhor”

E, de fato, ele estava rodeado de mulheres, assim como Augusto Madeira, que acredita que essa troca de experiência é fundamental para o papel do homem não só na mídia, mas no mundo.

“Os homens em geral estão no estado de reeducação. Digo por mim, eu, um homem de 50 anos que nasci e cresci no subúrbio carioca, estou em constante reeducação e transformação”, disse o ator.

“Nascemos machistas, racistas, misóginos e vamos nos entendendo, melhorando e nos esforçando a cada dia. Eu falo por mim e por milhares de brasileiros, mas é sempre um luxo trabalhar com mulheres tão talentosas. Se o mundo fosse gerido por mulheres, se fosse matriarcal, sem dúvida estaríamos vivendo em um mundo muito melhor, não tenho a menor dúvida disso”, completou.

'4x100: Correndo por um sonho' mostra união feminina em busca de um sonho
‘4×100: Correndo por um Sonho’ consegue ser um filme feminista uma forma leve, sem forçar a barra ou apelar para problematizações. (Foto: Divulgação/Gullane)

As atrizes, assim como na narrativa, desenvolveram uma relação de amizade e admiração no decorrer das filmagens. Priscila Steinman (a personagem Bia no filme) conta que desde o primeiro contato, as atrizes – que nunca tinha trabalho juntas, sequer se conheciam – construíram uma relação muito forte e bonita, que conseguiu ser transmitida através do filme:

“Nós criamos de fato essa amizade e é muito bonito de ver, a gente vibrava muito uma pela outra. O filme acabou, ele tem quase três anos, e quando a gente se vê, mesmo que virtualmente, a gente transborda amor, e é muito bonito porque o filme trouxe isso pra gente. Não foi só um presente profissionalmente, mas pessoalmente também. Nós somos cinco mulheres de personalidades muito diferentes e nosso valores fazem a intercessão,e no filme, o aprendizado é que faz isso, de que o coletivo precisa estar potente e isso cria a união das personagens.”

O filme foca em mulheres reais e diversas

‘4×100: Correndo por um Sonho’ consegue trazer para tela diferentes personalidade femininas com uma dose grande de realidade. Livre de clichês e estereótipos, acompanhamos dilemas reais e a importância da união.

“A sintonia que a gente teve no set ela está na tela e não foi só nas filmagens não, ela começou antes. A gente já se gostou de cara, foi impressionante como a gente se amou e se uniu dessa forma, sentimos que rolava muita sintonia”, relata a atriz Cintia Rosa, que vive a atleta Jaciara.

“Isso foi importante para as personagens, a gente pode mostrar a diversidade da mulher. As mulheres não são uma coisa só, elas são muito diversas, tanto em personalidade quanto gosto e visões de vida. Puxando para Jaciara, eu tô representando aqui também as mulheres que não querem ter filho, que querem viver a vida dessa forma. Eu acho importante também falar sobre esse assunto”, conclui.

'4x100: Correndo por um sonho' mostra união feminina em busca de um sonho
Fernanda de Freitas e Roberta Alonso durante as filmagens de ‘4×100: Correndo por um Sonho’ (Foto: Divulgação/Gullane)

“A união e o acolhimento entre elas vai levá-las a um objetivo final, a um sonho. Acho que essa é a grande mensagem, ver como os personagens vão amadurecendo, até conseguirem conquistar o que querem. Não necessariamente a medalha, mas a união desse grupo, acho que isso é mais bonito”, completa Fernanda Freitas, que interpreta Maria Lúcia.

Como pontuou Thalita Carauta (a Adriana na história): “É um filme que tem o atletismo como contexto, mas não é sobre isso, é um filme sobre a relação dessas mulheres e a superação. É uma história que fala muito sobre delicadezas”.

O esporte acaba sendo pano de fundo para mostrar essa conexão feminina e o quão importante ela é.

Encontre mais sobre ‘4×100: Correndo por um Sonho’, incluindo trailer e link para a compra de ingressos nos cinemas.

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