‘7 Prisioneiros’, da Netflix, é promessa brasileira para temporada de premiações ‘7 Prisioneiros’, da Netflix, é promessa brasileira para temporada de premiações

‘7 Prisioneiros’, da Netflix, é promessa brasileira para temporada de premiações

Longa-metragem com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros fez sucesso no Festival de Toronto

Matheus Mans   |  
16 de setembro de 2021 17:08
- Atualizado em 17 de setembro de 2021 12:51

Se havia alguma dúvida, não há mais: o filme ‘7 Prisioneiros’, lançamento da Netflix para novembro e exibido esta semana no Festival de Toronto, é uma das grandes apostas do Brasil para a temporada de premiações. Afinal, o longa-metragem (já assistido pelo Filmelier como parte da programação do TIFF) é daqueles que parecem ser preparados do começo ao fim para fazer uma jornada bonita não só no Brasil, como em Hollywood.

Com produção de Fernando Meirelles (‘Cidade de Deus’) e Ramin Bahrani (‘O Tigre Branco’), o longa-metragem conta a história de quatro jovens levados do interior de São Paulo para a capital. Lá, eles são levados para trabalhar no ferro velho de Luca (Rodrigo Santoro), um homem duro e que trata eles como escravos: sem salário, com dívida alta e sem muitas opções.

7 Prisioneiros
Rodrigo Santoro e Christian Malheiros em cena de ‘7 Prisioneiros’, drama exclusivo da Netflix (Crédito: Divulgação/Netflix)

🗣 Confira os filmes que estão dando o que falar no Festival de Toronto – e que serão lançados nos próximos meses.

Aos poucos, a câmera de Alexandre Moratto (‘Sócrates’) vai focando em Mateus (Christian Malheiros). Esforçado, trabalhador e atento ao que acontece ao seu redor, ele começa a tratar Luca de maneira diferente. Ao invés das farpas, responde justamente o que o dono do ferro velho quer ouvir. E assim, aos poucos, tenta encontrar meios de sair dessa situação.

Com o pé nas premiações

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O filme é, sem dúvida alguma, a produção com mais possibilidade de chegar e ser considerada em premiações como o Oscar e afins. Afinal, ainda que seja apenas o segundo longa-metragem de Moratto, há nomes de peso por trás. Primeiramente, há a distribuição global da Netflix, que deve fazer com o que o filme chegue em mais mãos mais rapidamente.

Em 2019, quando ‘A Vida Invisível’ foi selecionado pela comissão brasileira para concorrer a uma vaga no Oscar em 2020, uma das justificativas foi que a compra do filme pela Amazon facilitaria a distribuição em outros países — e olha que era o ano de ‘Bacurau’. Acabou não funcionando, mas por conta de outros problemas que falamos daqui a pouco.

Voltando para ‘7 Prisioneiros’, o filme ainda tem na produção dois nomes com certo trânsito por Hollywood. Fernando Meirelles, cineasta de ‘Cidade de Deus’ e da conceituada O2, é bem conhecido por seus pares e certamente ajudaria no processo. Por fim, ainda tem Ramin Bahrani, de ‘O Tigre Branco’, surpreendentemente indicado a Melhor Roteiro em 2021.

Se esses três nomes (Netflix, Meirelles e Bahrani) entrarem com força na divulgação e no marketing do filme, talvez tenhamos uma possibilidade de indicação não vista desde ‘O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias’ — o último brasileiro a entrar na shortlist da maior premiação do cinema, em 2008. E lembrando que o último nacional a ser indicado foi ‘Central do Brasil’, no longínquo 1999.

‘7 Prisioneiros’ é brasileiro

Agora, voltando para a questão de quando falamos da não-indicação de ‘A Vida Invisível’. Os votantes do Oscar falam, todo ano, como buscam histórias universais, mas que tragam acertadamente algo do país que representam. Como exemplo: ‘Druk: Mais uma Rodada’, de 2021, fala sobre amigos e bebedeira. Mas também sobre os costumes da Dinamarca. 

‘A Vida Invisível’ é um dramalhão bonito e emocionante, mas o que tem de Brasil realmente ali? A história poderia se passar no Paraguai, na Colômbia, no Chile. O mesmo pode ser aplicado em vários outros selecionados brasileiros dos últimos anos, como ‘O Grande Circo Místico’, ‘Pequeno Segredo’ e até mesmo o queridinho drama ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’.

Outros, enquanto isso, tinham essa “brasilidade” e até certo aspecto universal, mas faltava em divulgação e distribuição, como foi o caso de ‘Que Horas Ela Volta?’, ‘Bingo: O Rei das Manhãs ‘ e ‘O Som ao Redor’. Faltava essa completude de dinheiro e histórias que os votantes procuram. Agora, enfim, parece que essa conjunção dos astros finalmente aconteceu.

‘7 Prisioneiros’, afinal, fala muito sobre a realidade brasileira. Passado na periferia de São Paulo, mostra a luta de pessoas do interior para uma vida mais tranquila, com trabalho de carteira assinada e garantias. É quase como um filme-denúncia. Por outro lado, a história forte (com Rodrigo Santoro, outro nome conhecido em Hollywood) expande suas fronteiras.

Seleção de ‘7 Prisioneiros’

Fica, agora, o aguardo sobre a seleção da comissão brasileira, definida pela Academia Brasileira de Cinema. Antes, a escolha do representante brasileiro era feita pelo extinto Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Audiovisual – o que resultou, em tempos recentes, nas seleções de ‘Pequeno Segredo’, que foi um pequeno escândalo na época, e ‘O Grande Circo Místico’.

Após isso, com a instituição dessa comissão, os especialista selecionados têm acertado nas escolhas e colocado as opções mais possíveis de realmente concorrer a alguma vaga no Oscar do ano seguinte.

Para 2022, o páreo, por enquanto, parece tranquilo. Pela frente, parece ter ‘Medusa’ e ‘A Nuvem Rosa’. No entanto, de olho na reação da imprensa internacional com esses mesmos dois filmes no Festival de Toronto, há um fortalecimento de ‘7 Prisioneiros’, amplamente elogiado — ainda que, no Rotten Tomatoes, todos os três filmes estejam com notas altas dos críticos.

É esperar pra ver. Pode ser que surja alguma boa surpresa, pode ser que haja uma decepção lá no final do caminho. Pode ser que escolham e nem ao menos seja selecionado. Tudo aqui é palpite e apontamentos. Mas que o Brasil tem uma chance de ouro para ser indicado (ainda que dificilmente vença), isso temos. E, cá entre nós: o Brasil está precisando disso.

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