Crítica de ‘After: Para Sempre’: o encerramento sem sentido de uma franquia sem graça Crítica de ‘After: Para Sempre’: o encerramento sem sentido de uma franquia sem graça

Crítica de ‘After: Para Sempre’: o encerramento sem sentido de uma franquia sem graça

Apesar da melhora da atuação de Hero Fiennes Tiffin, ‘After’ continua entregando um roteiro vergonhoso

Matheus Mans   |  
13 de setembro de 2023 00:01
- Atualizado em 28 de setembro de 2023 19:59

É impressionante (e um tanto surreal, para falar a verdade) que a franquia After, um das coisas mais ultrajantes do cinema mundial nos últimos anos, tenha chegado ao seu quinto capítulo — é After: Para Sempre, que estreia nos cinemas brasileiros já nesta quarta-feira, 13 de agosto. A saga de Tess e Hardin tinha sequer história para um único filme de 90 minutos. Mas, de alguma forma, conseguiram esticar a saga ao longo mais de sete horas. Como?

A resposta, um tanto quanto triste e deprimente, está estampada e emoldurada neste quinto capítulo que traz um dos roteiros mais vergonhosos do ano: sem história nova, ele dá voltas e voltas em algo que seria resolvido em 10 minutos.

Qual é a história de After: Para Sempre?

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Parcialmente inspirada no livro Before, também de Anna Todd, a trama mostra as idas e vindas da vida de Hardin (Hero Fiennes Tiffin) após Tessa (Josephine Langford) descobrir que ele escreveu um livro sobre os dois. Nessa tentativa de superar o amor de sua vida, que agora não quer mais saber do rapaz, ele parte para Lisboa, capital de Portugal, para reencontrar um amor do passado (Mimi Keene) e, quem sabe, superar Tessa e encontrar uma nova ideia para um livro.

Enquanto isso, nós, espectadores, também somos convidados a saber um pouco mais sobre o passado de Hardin antes de conhecer Tessa, principalmente no que envolve seu relacionamento com Nathalie, essa jovem vivida por Keene.

Pra variar, atores ruins em cena

Confesso que, quando soube da sinopse de After: Para Sempre, já veio um frio na barriga. Que me perdoem as fãs, que me atacaram violentamente no último ano, quando falei mal do astro, mas Hero é um péssimo ator. Como ele seguraria uma trama praticamente sozinho? É aí que vem a surpresa: pela primeira vez desde que a saga começou nos cinemas, o sobrinho de Ralph Fiennes não é o pior em cena. Keene (Close) e Benjamin Mascolo (A Vida é Agora), que interpreta um rapaz que ninguém consegue entender bem quem é, conseguem superar o jovem ator britânico.

É preocupante quando Josephine Langford, a melhor do elenco, sai de cena (Crédito: Diamond Films)

Mimi Keene consegue ser apenas um pouco pior do que Hero: ela traz uma artificialidade irritante, também vítima de um roteiro péssimo (que falaremos logo mais), complicando a vida de quem quer acreditar que ela é uma pessoa real, de verdade. Mas é Benjamin que rouba a cena, no pior sentido possível. O jovem ator italiano aparece em apenas duas cenas e, mesmo assim, estraga tudo: faz uma careta fixa, que nunca sai do rosto, e acha que está atuando de verdade.

Hero, enquanto isso, faz o que sempre fez, mas com um pouco mais de qualidade — parece que, de alguma forma, ele está aprendendo. Talvez por ser um Hardin mais introspectivo, sem exigir demais do rapaz, fique mais fácil para ele. Vai saber. O fato é que ele estraga menos do que nas outras apresentações, só na média e sem cenas constrangedoras.

O pior de tudo em After: Para Sempre é o roteiro

O que é constrangedor, e que dá vontade de se enfiar debaixo da poltrona do cinema, é o roteiro, assinado pela também diretora Castille Landon (dos dois últimos filmes de After). Roteiro, afinal, tem que saber mostrar o sentimento dos personagens sem nunca ser didático demais, óbvio demais. O personagem não deve falar que está sofrendo o tempo todo, mas sim mostrar isso por meio de gestos e, claro, atuação. Landon, porém, joga tudo isso para o diálogo.

Tudo aqui é milimetricamente falado e exposto, sem nunca encontrar espaço para o que o roteiro diga por si só. Além disso, é impressionante a quantidade de falas que são artificiais até o último fio de cabelo: a maioria dos personagens diz coisas que não são naturais, que não são faladas por alguém real. É, basicamente, uma idealização do que é o amor de dois personagens estereotipados na cabeça de alguém que nunca, de forma alguma, viveu de verdade um amor.

Hero Fiennes em cena de 'After: Para Sempre'
Talvez Hero não esteja tão mal em cena já que o roteiro entrega tudo mastigado, sem exigir nada do astro (Crédito: Diamond Films)

Frases de efeito são jogadas a todo o momento, sem nunca ter exata consciência de como isso soa ridículo na voz de pessoas — afinal, na hora de escrever o texto, o papel aceita tudo. A coisa fica ruim quando é filmada e divulgada.

Além disso, para e pense bem: pra que mais essa história? Pra que isso tudo? Parece que há uma tentativa de criar um arco de redenção para Hardin, mas não faz sentido algum! Para mostrar que ele mudou, mostram que ele cometeu um ato horroroso pouco antes de conhecer Tess. Depois, o coitadinho está arrependido e pronto para uma nova vida. É tosco, é burro, é ultrajante. Fora que, para um personagem ter sua redenção, precisamos nos importar com ele, não é?

Enfim: After: Para Sempre encerra sua trajetória nos cinemas (se tudo der certo e não inventarem outro filme!) como uma das piores coisas no cinema recente. Afinal, não apenas produziu cinco filmes horrorosos, como também influenciou e inspirou produções tão ruins quanto, como Minha Culpa. O jeito é torcer para que isso seja o fim.

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