‘Amarração do Amor’ faz humor para falar de religião ‘Amarração do Amor’ faz humor para falar de religião

‘Amarração do Amor’ faz humor para falar de religião

Caroline Fioratti dirige a história de um casal que se ama, mas se vê no meio de preconceitos dos seus pais religiosos

Matheus Mans   |  
14 de outubro de 2021 12:05
- Atualizado em 15 de outubro de 2021 11:13

Foi de um esbarrão na rua que nasceu o amor entre Bebel (Samya Pascotto) e Lucas (Bruno Suzano). Paixão à primeira vista. No entanto, à segunda vista, as coisas já começam a não ir tão bem. Afinal, Bebel é de família judia e o pai (Ary França) não aceita bem outras religiões. Já Lucas é umbandista, filho de uma dedicada mãe de santo (Cacau Protásio).

É dessa mistura de conflitos, amores e desencontros que nasce a trama de ‘Amarração do Amor’, novo filme da cineasta Caroline Fioratti (‘Meus 15 Anos’) que chega nesta quinta, 14, aos cinemas. Buscado a todo momento rir com as religiões e nunca rir das crenças, o longa faz humor com essa família em guerra por conta de seus preconceitos — lembrando um pouco ‘O Casamento de Romeu e Julieta’.

Amarração do Amor
Bastidores de ‘Amarração do Amor’, com a diretora Caroline Fioratti (Crédito: Divulgação/Downtown)

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“Fui criada por uma família umbandista. Minha experiência sou eu, criancinha, conversando com preto velho”, conta a diretora em entrevista ao Filmelier. “Me chamaram para dirigir e resolvemos que a gente queria falar sobre família, usando os núcleos familiares como esse microcosmos social que veem a própria religião e a do outro de forma diferente”. 

‘Amarração do Amor’ sem preconceitos

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Com tudo isso definido, chegou o desafio de falar sobre preconceito na religião sem cair em preconceitos — afinal, não há nada pior do que ridicularizar a crença dos outros. “A gente fez uma comédia de situação familiar. A religião apenas faz parte da vida dessas duas famílias”, diz Carol, questionada sobre esses limites. “Desde o começo temos consultoria”.

No roteiro, esse cuidado começou com a escalação de Marcelo Andrade que, além de ter trabalhado com Carol antes em ‘Meus 15 Anos’, também é umbandista. Ao lado dele, ainda tinha a consultoria da Mãe Nanci, do terreiro de Marcelo. Já Michel Gherman, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ, ajudou com o judaísmo.

Do lado dos atores, mais preparação. “Liguei para amigos. Tem muito judeu em São Paulo, com uma colônia muito forte. Liguei para eles e fui pra casa deles. Comecei a frequentar as festas desses amigos judeus”, conta Ary França (‘Durval Discos’). “Fui em várias prédicas, comecei a me envolver mesmo. E minha curiosidade começou a comovê-los e essa minha comoção também os emocionava. Fiquei muito envolvido”.

Cacau Protásio, enquanto isso, não nega que é católica fervorosa. Mas, mesmo assim, mergulhou de cabeça na umbanda. “[As produtoras do filme] sabiam que eu sou extremamente católica, de rezar terço todo dia, às 15h”, conta. “Fui no terreiro com a Mãe Nanci, que me deu assessoria. Falei com caboclo, falei com todo mundo. Não é a religião que quero seguir, mas foi muito ver o que é, como é. É bom saber que existe religião, que não é igual a sua, mas que fala de amor, fala de fé, fala de Deus”.

Sem preconceito

Já o casal protagonista, interpretado por Samya Pascotto e Bruno Suzano, não tem a raíz tão fincada na religião como os personagens de França e Protásio. Representando uma geração mais jovem, ligam pouco para essas diferenças. “A gente é a parte sofredora do filme. Os outros são preconceituosos e nós é que sofremos com esse preconceito”, diz Samya.

Nessa mistura, ‘Amarração do Amor’ vai além da comédia. Tem o drama desses dois jovens, que não conseguem ficar juntos. Fora, é claro, uma boa pitada de romance. Assim, de um lado, Ary França e Cacau Protásio brincam com esses personagens tão caricatos e, mesmo assim, tão reais. Do outro, esse casal de personagens conscientes no meio de tudo.

“A Mãe Nanci e o Michel Gherman, [consultores de ‘Amarração do Amor’], estavam muito felizes com o processo porque eles acreditavam que fazer um filme que fale de família e que atinja grande parte das pessoas por esse laço emotivo e divertido, iria passar bem o que são essas religiões e os conflitos dentro dessas religiões”, diz Carol. “Estamos falando de pessoas, dos brasileiros”.

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