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Depois de um leilão que envolveu gigantes de tecnologia e entretenimento, a MGM tem um novo dono. A Amazon anunciou nesta quarta (26) a compra do tradicional estúdio de Hollywood por US$ 8,45 bilhões, cerca de R$ 45 bilhões na cotação atual.
Agora, a Amazon passa a ter acesso a uma grande biblioteca de títulos, incluindo 4 mil filmes e 17 mil horas de séries, para o seu serviço de streaming por assinatura, o Prime Video.
Além disso, o pacote traz inúmeras franquias de sucesso que ainda vão render novas produções, como ‘James Bond’, ‘O Hobbit’ e ‘Rocky’. São o que o mercado chama de “propriedades intelectuais”.
No comunicado que confirmou o negócio, a Amazon informa que a MGM “complementa o trabalho da Amazon Studios, que tinha como foco primário a produção de séries de TV, e a Amazon vai ajudar a MGM a preservar o patrimônio e o catálogo de filmes, e fornecer aos consumidores um grande acesso a esses trabalhos. Pela aquisição, a Amazon vai empoderar a MGM para continuar fazendo o que faz de melhor: grandes histórias”.
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Hoje, o Prime Video, que faz parte do pacote de serviços Amazon Prime, tem 175 milhões de usuários ativos em todo o mundo. A união não quer dizer que, a partir de agora, tudo que a MGM produzir será lançado diretamente no streaming, via Prime Video. A Amazon Studios costuma preservar uma janela de exclusividade nos cinemas antes, ao menos no período pré-pandemia. Há, também, acordos anteriores vigentes. Atualmente, muitos filmes da MGM estão, no Brasil, disponíveis no Telecine. Levará algum tempo para que todas essas produções cheguem ao Prime Video. Além disso, a EON Productions, também dona da franquia ‘James Bond’, até hoje foi bastante conservadora com a estratégia de lançamento dos longas do personagem. A produtora inglesa tem voz final no marketing e na forma como seus produtos são distribuídos. Isso pode se tornar um motivo de atrito para a companhia liderada por Jeff Bezos, inclusive. Trata-se da segunda maior aquisição do gigante da internet. Em 2017, a Amazon comprou a Whole Foods, do varejo de alimentação, por US$ 13,7 bilhões. Agora, as duas empresas aguardarão a aprovação dos órgãos reguladores.
A conturbada trajetória da MGM
A Metro-Goldwyn-Mayer já foi uma das joias da coroa de Hollywood. Criada em 1924 a partir da fusão de Metro Pictures Coporation, Goldwyin Pictures e Louis B. Mayer Pictures, o estúdio era um dos “cinco grandes” da Era de Ouro do cinema norte-americano.
Clássicos como ‘O Mágico de Oz‘ e a série de curtas animados ‘Tom & Jerry’ colocaram o famoso personagem Leo, the Lion no imaginário popular de gerações.
Já nos anos 1970, firmou uma parceria de distribuição com a United Arts, que seria adquirida de vez no começo da década seguinte. Dessa forma, trouxe para o seu guarda-chuva os filmes do personagem James Bond e de Rocky Balboa.
No entanto, uma série de administrações desastrosas e o fim do chamado “studio system”, com a proibição de distribuidores serem donos de salas de cinemas nos EUA, foram aos poucos levando a MGM ao declínio.
Um dos maiores exemplos dessa fase é o envolvimento do investidor Kirk Kerkorian, que comprou o estúdio e emprestou o seu nome para o famoso cassino e hotel de Las Vegas. Depois, o grupo foi vendido para Ted Turner, que, por conta do grande volume de dívidas da MGM, revendeu a empresa para a Kerkorian.
No entanto, nessa transação, Turner manteve para si boa parte dos clássicos da MGM. Hoje, o catálogo (incluindo ‘O Mágico de Oz’) está com a Warner, que comprou a Turner Broadcasting System em 1996. Já os antigos estúdios da MGM em Culver City, Califórnia, foram vendidos e estão atualmente nas mãos da Sony.
Em 2010, a MGM entrou com um pedido de falência – ou, como é chamado em sua versão dentro da legislação brasileira, um pedido de recuperação judicial. A empresa vem desde então tentando se reerguer, inclusive por meio de parcerias com outros grandes estúdios para a distribuição de seus filmes – houve acordos com Sony, Warner e Universal. A aquisição pela Amazon é o caminho para a velha MGM sobreviver no mundo “pós-cinemas” que vai se desenhando para o futuro.