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Amazon pode comprar a MGM por US$ 9 bilhões, dizem sites
A MGM já foi uma das gigantes de Hollywood e turbinaria a presença da empresa de Seattle no streaming
Renan Martins Frade | 18/05/2021 às 12:42 - Atualizado em: 18/05/2021 às 13:04
Como diz o velho bordão: "the plot thickens" - ou "a trama se adensa", em uma tradução livre. Após WarnerMedia e Discovery anunciaram planos para uma fusão, a Amazon estaria interessada em adquirir aquele que já foi um dos grandes estúdios de Hollywood, a Metro-Goldwyn-Mayer.
De acordo com The Information, Variety e New York Times, a gigante do e-commerce está em conversações para comprar a MGM Holdings, no que seria um grande movimento da empresa no mercado de entretenimento. O valor na mesa, atualmente, é de US$ 9 bilhões - R$ 47,23 bilhões pelo câmbio atual.
Com a aquisição, a Amazon teria acesso a um catálogo estimado em 4 mil filmes, incluindo franquias como 'RoboCop', 'Rocky', 'O Hobbit', 'Stargate' e 'Legalmente Loira'. O estúdio ainda tem os filmes de James Bond, mas não está ainda claro como essa transação afetaria a propriedade do personagem - que pertente também à britânica EON Productions.

Além das produções anteriores, a Amazon levaria o direito de explorar esses personagens em futuros filmes. Um exemplo é a franquia 'Creed', que é um derivado dos filmes de Rocky Balboa e hoje é distribuída pela MGM e parceria com a Warner Bros. Pictures.
Com isso, a empresa fundada por Jeff Bezos ganharia mais armas para a chamada "guerra do streaming", uma disputa contra Netflix, Disney e outros players de mercado - que se intensificou ainda mais após a notícia do casamento entre WarnerMedia e Discovery.
Ainda que não seja uma empresa de entretenimento em seu núcleo, a Amazon utiliza o streaming de vídeo (entre outros serviços) para fidelizar o público ao seu e-commerce. É por isso que o Amazon Prime, que inclui a plataforma Prime Video, tem o subsidiado valor mensal de R$ 9,90.
Atualmente, o Amazon Prime Video tem mais de 175 milhões de usuários ativos em todo o mundo.
No entanto, o gigante de Seattle não é a única interessada na MGM: Apple e Comcast (dona da NBCUniversal) também fizeram ofertas pelo estúdio, mas a transação não foi (ainda) para frente.
Até hoje, a maior transação da Amazon foi a aquisição da rede varejista Whole Foods, que custou US$ 13,4 bilhões em 2017. Para efeitos de comparação, a Disney comprou a 21st Century Fox por US$ 71 bilhões, enquanto a AT&T desembolsou US$ 85 bilhões para comprar a então Time Warner em 2016 - e receberá US$ 43 bilhões pela fusão da empresa com a Discovery.
A conturbada trajetória da MGM
A Metro-Goldwyn-Mayer já foi uma das joias da coroa de Hollywood. Criada em 1924 a partir da fusão de Metro Pictures Coporation, Goldwyin Pictures e Louis B. Mayer Pictures, o estúdio era um dos "cinco grandes" da Era de Ouro do cinema norte-americano.

Clássicos como 'O Mágico de Oz' e a série de curtas animados 'Tom & Jerry' colocaram o famoso personagem Leo, the Lion no imaginário popular de gerações.
Já nos anos 1970, firmou uma parceria de distribuição com a United Arts, que seria adquirida de vez no começo da década seguinte. Dessa forma, trouxe para o seu guarda-chuva os filmes do personagem James Bond e de Rocky Balboa.
No entanto, uma série de administrações desastrosas e o declínio do chamado "studio system", com a proibição de distribuidores serem donos de salas de cinemas nos EUA, foram aos poucos levando a MGM ao declíneo.
Um dos maiores exemplos dessa fase é o envolvimento do investidor Kirk Kerkorian, que comprou o estúdio e emprestou o seu nome para o famoso cassino e hotel de Las Vegas. Depois, o grupo foi vendido para Ted Turner, que, por conta do grande volume de dívidas da MGM, revendeu a empresa para a Kerkorian.
No entanto, nessa transação, Turner manteve para si boa parte dos clássicos da MGM. Hoje, o catálogo (incluindo 'O Mágico de Oz') está com a Warner, que comprou a Turner Broadcasting System em 1996. Já os antigos estúdios da MGM em Culver City, Califórnia, foram vendidos e estão atualmente nas mãos da Sony.

Em 2010, a MGM entrou com um pedido de falência - ou, como é chamado em sua versão dentro da legislação brasileira, um pedido de recuperação judicial. A empresa vem desde então tentando se reerguer, inclusive por meio de parcerias com outros grandes estúdios para a distribuição de seus filmes - houve acordos com Sony, Warner e Universal.
Uma aquisição por uma gigante do streaming poderia ser o caminho para a velha MGM sobreviver no mundo "pós-cinemas" que vai se desenhando para o futuro.
- Leia também: Opinião: 2020, o ano em que o cinema morreu
Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.
Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.
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