Bong Joon-ho muito além de ‘Parasita’: conheça 6 filmes do diretor Bong Joon-ho muito além de ‘Parasita’: conheça 6 filmes do diretor

Bong Joon-ho muito além de ‘Parasita’: conheça 6 filmes do diretor

Bong Joon-ho fez história ao ser o primeiro sul-coreano ao ganhar o Oscar de melhor direção

31 de dezembro de 2020 09:09
- Atualizado em 4 de janeiro de 2021 11:19

Um dos grandes destaques de 2020 foi o reconhecimento do cinema sul-coreano com o diretor Bong Joon-ho, que ganhou visibilidade ao longo dos últimos anos. Afina, agora, ele finalmente mostrou ao mundo o poder de suas produções entregando uma de suas obras-primas, ‘Parasita’.

2020 tinha tudo para dar certo quando o longa-metragem ganhou praticamente todos os prêmios possíveis – incluindo o Oscar. Assim, pela primeira vez na história, um longa-metragem estrangeiro (e de língua não inglesa) conseguiu o feito de levar a estatueta de melhor filme na premiação de Hollywood.

Bong Joon Ho comemora os aplausos à ‘Parasita’ em Cannes-2019 – o filme recebeu a Palma de Ouro naquela edição (crédito: divulgação / Festival de Cannes)

Como se não fosse o suficiente, Bong Joon-ho ainda foi eleito o melhor diretor, também no Oscar. Ele foi o primeiro asiático a conseguir tal honra. Por conta disso, decidimos apresentar mais sobre outras produções dele, que garantimos que são tão boas quanto o premiadíssimo ‘Parasita’.

Antes de ‘Parasita’, Bong Joon-ho já mostrava seu diferencial

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O diretor começou sua carreira testando diversas funções antes de achar seu lugar. Ele tentou ser diretor de fotografia, trabalhou com roteiros e dirigiu três curtas, isso em 1994. Em menos de 10 anos, conseguiu dirigir um filme e assinou também o roteiro, que foi uma colaboração com outros dois roteiristas, Ji-ho Song e Derek Son Tae-woong.

‘Cão Que Ladra Não Morde’ foi a estreia Bong Joon-ho e já com uma característica muito presente do cineasta: o humor ácido, que está em quase toda sua filmografia. O cineasta mostrou sua personalidade na direção no primeiro longa, ao trazer um tema inusitado: uma comédia que usa o conflito de classes como plano de fundo.

Doona Bae e Sung-Jae Lee em ‘Cão Que Ladra Não Morde (Barking Dogs Never Bite)’ (Foto: Reprodução/Magnolia Pictures)

Bong Joon-ho mescla o tom leve com paralelos sociais, como foi visto em ‘Parasita’ (2019). O teor social muito forte está sempre presente em suas produções e ele sempre busca dar voz para as minorias. Essa abordagem não costuma ser tão comum em filmes europeus e norte-americanos.

As histórias do diretor conseguem facilmente se aproximar a uma realidade brasileira. Afinal, comunidades carentes são sempre abordadas, assim como o sonho da ascensão social. Em ‘Cão Que Ladra, Não Morde’, acompanhamos dois extremos, Ko Yun-ju (Sung-Jae Lee), um professor que pretende comprar seu cargo em uma universidade, e a contadora Park Hyun-nam (Doona Bae, a Sun de ‘Sense 8’), que sonha em aparecer na televisão por um ato heroico.

Se você tem estômago fraco, logo no início Bong Joon-ho avisa que nenhum animal foi ferido na produção do filme. Sem entregar muito da história, amantes de cães podem ficar desconfortáveis, mas vale muito a pena assistir esse longa. Todo o desenrolar de como os protagonistas se encontraram ajuda a criar uma trama divertida.

Song Kang-Ho e Kim Sang-kyung são os protagonistas de ‘Memórias de um Assassino’ (Foto: Reprodução/Neon)

Mudando de cenário, no ano seguinte, Bong Joon-ho encarou um suspense baseado em fatos reais. Em ‘Memórias de um Assassino’ (2001), dois detetives investigam o assassinato de um mulher, que não tem pistas. As situações de humor ficam a cargo de um terceiro policial que chega para ajudar na investigação e acaba atrapalhando a dinâmica dos outros. Esse filme marca o começo da parceria do cineasta com o ator de ‘Parasita’, Song Kang-Ho.

O cineasta mostra versatilidade para debater temas importantes

O terceiro longa-metragem de Bong Joon-ho, lançado em 2006, é uma ficção científica que flerta com terror. ‘O Hospedeiro’, que também tem a participação da atriz Doona Bae e de Song Kang-Ho, acompanha os habitantes de uma cidade que é invadida por um monstro – criado por um erro humano – que surge no rio Han – que é o mais importante da Coreia do Sul – e passa a atacar as pessoas. Na trama, uma garotinha é raptada pela criatura e sua família não mede esforços para encontrá-la.

A produção do filme foi levada bem a sério, tanto que grande parte foi filmada no esgoto e os atores tiveram que ser vacinados para não correrem nenhum risco. ‘O Hospedeiro’ é mais um belo exemplo que como Bong Joon-ho consegue usar diferentes formas e temas para fazer uma boa crítica social e política. Pegando o contexto atual da pandemia de coronavírus, esse filme é muito atual pois faz um paralelo de como o governo prioriza tudo exceto o bem estar da população.

Ko A-sung trabalhou pela primeira vez com Bong Joon-ho em ‘O Hospedeiro’ e anos depois em ‘Expresso do Amanhã’ (Foto: Reprodução/Showbox Entertainment)

Bong Joon-ho vai muito além de ‘Parasita’

Voltando ao suspense, em 2009, Bong Joon-ho dirige e roteiriza um de seus melhores filmes – não vou chamar de melhor pois ainda ele ainda nos entregará ótimos trabalhos. ‘Mother: A Busca Pela Verdade’ fala sobre o poder do amor materno ao contar a história de uma viúva que cuida sozinha de seu filho único, que é acusado de assassinato.

A produção é uma tremenda “busca pela verdade” com todos as nuances de sobre como enfrentar isso deve ser difícil. O filme traz um sentimento semelhante ao de ‘Memórias de um Assassino’, mas o desenvolvimento é mais denso e surpreendente. Novamente, como já foi citado, vemos que o diretor sul-coreano coloca em cena uma comunidade pobre e todo o processo de marginalização da sociedade.

Hye-ja Kim entrega uma atuação incrível em ‘Mother: A Busca Pela Verdade’ (Foto: Reprodução/CJ Entertainment)

Com o sucesso de crítica das produções já citadas, Bong Joon-ho ganhou o mercado ocidental e dirigiu sua primeira produção com astros de Hollywood: ‘Expresso do Amanhã’. Estrelada por Chris Evans, Song Kang-ho, Tilda Swinton, Jamie Bell, Octavia Spencer, John Hurt e Ed Harris, a ficção científica baseada na graphic novel ‘O Perfuraneve’ de Jacques Lob foi muito bem recebida pelo público.

No filme, os únicos sobreviventes de uma fracassada tentativa de conter o aquecimento global são obrigados a viver em um trem separados em vagões que determinam sua condição social – tema sempre presente nas obras do sul-coreano. A história faz um incrível crítica ao capitalismo e é um soco no estômago quando pensamos que de fato o meio-ambiente está sendo destruído.

Chris Evans é o protagonista de ‘Expresso do Amanhã’, na época ele já tinha feito o primeiro Capitão América (Foto: Reprodução/RADiUS-TWC)

Depois de ‘Expresso do Amanhã’, Bong Joon-ho se uniu à Netflix para dirigir umas das primeiras produções originais do streaming, ‘Okja’. Lançando em 2017, o longa-metragem rodou diversos festivais e mostrou um outro lado do cineasta, o fofo. A narrativa é apaixonante e tem uma mensagem forte – especialmente para quem mudou os hábitos alimentares por conta da preservação da natureza.

Na trama, Tilda Swinton interpreta a dona de uma poderosa empresa que apresenta ao mundo uma nova espécie animal, apelidada de “super porco”. Então, 26 desses bichos são enviados para países distintos, de forma que cada fazenda que o receba possa apresentá-lo à sua própria cultura local.

A ideia é que eles fiquem espalhados ao redor do planeta por 10 anos, sendo que após este período participarão de um concurso que escolherá o melhor super porco. Uma década depois, uma adolescente se torna anima de um deles e convive com ele desde a infância, a Okja, que foi criado pelo seu avô. Prestes a perdê-la devido ao concurso, ela faz de tudo para não se separar de Okja.

‘Okja’ tem no elenco Tilda Swinton, Paul Dano, Ahn Seo-hyun e Jake Gyllenhaal e competiu pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 2017 (Foto:Reprodução/Netflix)

Depois da parceria com a Netflix em 2017, Bong Joon-ho dirigiu – até então – sua obra mais elogiada e que caiu no gosto do mundo, ‘Parasita’. Com apenas 7 longas-metragens no currículo ele já conseguiu mais reconhecimento do que muitos diretores, o que é uma conquista para cineastas do leste-asiático. Certamente, podemos esperar mais ótimas produções do sul-coreano nos próximos anos.

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