Cannes: 5 filmes brasileiros para ficar de olho no festival Cannes: 5 filmes brasileiros para ficar de olho no festival

Cannes: 5 filmes brasileiros para ficar de olho no festival

Os representantes brasileiros estão usando o festival como palco para trazer os problemas que o país está enfrentando – em relação a pandemia e o audiovisual

13 de julho de 2021 09:00
- Atualizado em 28 de julho de 2021 14:55

Este ano, o Brasil não está com uma presença tão forte no Festival de Cannes, mas os projetos brasileiros seguem com visibilidade. Claro que um dos maiores destaques é a presença de Kleber Mendonça Filho como membro do júri da edição 74ª, o que demonstra prestígio pelo trabalho dele e também pelo cinema nacional.

O brasileiro entrou no seleto grupo de Cannes e é o maior representante da América Latina na premiação. Ele foi indicado para a Palma de Ouro duas vezes, com ‘Aquarius‘ e ‘Bacurau‘, com quem divide a direção com Juliano Dornelles. Com o mais recente filme, se consagrou com o Prêmio do Júri na Riviera Francesa, em 2019, em um empate com o francês ‘Os Miseráveis’.

Na abertura do festival, ele fez um discurso criticando o governo brasileiro e sobre a situação da Cinemateca Brasileira. Leia mais clicando aqui.

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Além disso, teve a exibição marcada por protestos contra o governo de Jair Bolsonaro de ‘O Marinheiro das Montanhas’, de Karim Aïnouz, na mostra Sessões Especiais, fora da competição. Aïnouz, aliás, é bem conhecido em Cannes. Já concorreu com ‘Madame Satã’ (2002), ‘O Abismo Prateado’ (2011) e ficou com o prêmio Un Certain Regard, em 2019, por ‘A Vida Invisível‘.

Karim Aïnouz e seu ‘O Marinheiro das Montanhas’

Em ‘O Marinheiro das Montanhas’, acompanhamos um retrato íntimo do diretor inspirado na história de seus pais. No longa, Aïnouz embarca em uma viagem à Argélia em busca da cidade natal de seu pai. Em um trajeto de barco, ele faz uma travessia marítima até às Montanhas Atlas em Kabylia – uma região montanhosa no norte do país.

Faixa protesta contra as mortes no Brasil por causa da pandemia após exibição de 'Marinheiro das montanhas', de Karim Aïnouz, no Festival de Cannes — Foto: Divulgação
Após exibição de ‘Marinheiro das montanhas’, teve um protesto contra as mortes no Brasil por covid-19 (Reprodução/G1)

A história, narrada pelo diretor, se entrelaça entre presente, passado e futuro. Fora os detalhes da jornada de Karim Aïnouz, ‘O Marinheiro das Montanhas’ traz também filmagens caseiras e fotos de família em paralelo a vida do realizador.

‘O Marinheiro das Montanhas’ foi exibido na última sexta-feira, 9, e foi aplaudido por 15 minutos. “Uma emoção gigante ter feito o filme. Ter passado aqui hoje. Ter tido a recepção que teve”, contou o diretor ao G1.

A première do filme foi marcada por protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e sua gestão durante a pandemia de covid-19. “Além das mais de 500 mil mortes com a Covid, muitas outras vidas foram perdidas por responsabilidade direta desta administração genocida. Como acontece em governos autoritários, os artistas, a ciência e as universidades públicas foram os primeiros a ser atingidos”, disse Karim Aïnouz após a projeção.

‘Medusa’

‘Medusa’, da diretora Anita Rocha da Silveira, de ‘Mate-me Por Favor’, contempla a Quinzena dos Realizadores, uma mostra paralela de Cannes. O filme propõe uma reflexão sobre a pressão que a sociedade coloca sobre as mulheres para serem perfeitas.

‘Sideral’: curta-metragem de Carlos Segundo

Dentro da competição, temos ‘Sideral’, que concorre à Palma de Ouro na categoria de curtas-metragens. O filme de Carlos Segundo narra a vida de uma família, formada por faxineira, um mecânico e seus dois filhos. Eles são impactados pelo primeiro foguete com uma tripulação brasileira.

Sideral': Filme potiguar concorre à Palma de Ouro em Cannes
Cena de ‘Sideral’ (Divulgação/Miguel Sampaio)

Jasmin Tenucci mostra seu ‘Céu de Agosto’

Outro curta que concorre também à Palma de Ouro é ‘Céu de Agosto’, da diretora e roteirista Jasmin Tenucci, de séries e desenhos animados como ‘Historietas Assombradas (para Crianças Malcriadas)’. A produção fala sobre uma mulher grávida que é responsável pela avó doente. Como pano de fundo para a história, tem as incessantes queimadas na Amazônia.

‘Cantareira’ de Rodrigo Ribeyro

A sessão de curtas realmente é onde os brasileiros estão dominando. ‘Cantareira’, de Rodrigo Ribeyro, foi selecionado para o Festival de Cannes 2021, na Cinéfondation, mostra dedicada a produções estudantis. O filme foi trabalho de conclusão de curso de Ribeyro e já conseguiu o renome de chegar à Riviera Francesa.

Curta brasileiro é selecionado para mostra no Festival de CannesCurta brasileiro é selecionado para mostra no Festival de Cannes | Vida & Arte - O POVO - Notícias de Cultura e Lazer
‘Cantareira’ de Rodrigo Ribeyro (Divulgação/Academia Internacional de Cinema de São Paulo)

‘Cantareira’ narra a história de Bento, um trabalhador e morador do centro de São Paulo. Ele decide voltar ao lugar à casa do avô Silvio na Serra da Cantareira, onde nasceu, em busca de paz e um emprego.

Protestos políticos

E para fechar, não poderíamos deixar de citar a fala de Kleber Mendonça Filho na abertura do Festival. O diretor falou sobre a situação do Brasil, em relação ao audiovisual – ele citou sobre o estado da Cinemateca Brasileira – e a pandemia de coronavírus. Confira abaixo o vídeo com a fala do realizador:

 

O Festival de Cannes começou no dia 6 de julho e vai até, sábado, 17 de julho.

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