Cinearte, tradicional cinema de São Paulo, fecha as portas por falta de patrocínio Cinearte, tradicional cinema de São Paulo, fecha as portas por falta de patrocínio

Cinearte, tradicional cinema de São Paulo, fecha as portas por falta de patrocínio

‘Parasita’ será o último filme a ser exibido no espaço, originalmente inaugurado em 1963

19 de fevereiro de 2020 17:47
- Atualizado em 17 de junho de 2020 12:30

O cinéfilo paulistano perderá um importante espaço. O Cinearte, um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo, anunciou que encerra as atividades hoje, quarta-feira (19). O último filme também é representativo: o vencedor do Oscar ‘Parasita’, em sessão das 21h30.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o custo mensal de manutenção do cinema é de aproximadamente R$ 200 mil, englobando aluguel, condomínio e constas de consumo como água e luz – e a conta não está mais fechando.

Nos últimos anos, o local foi mantido com a ajuda de patrocinadores, que emprestavam a sua marca ao nome do Cinearte – primeiro a Bombril, depois a Livraria Cultura e, por fim, a Petrobras. O acordo com a petrolífera brasileira foi encerrado em 31 de março do ano passado, dentro do atual governo, o que levou a atual situação.

A marcante fachada do Conjunto Nacional, onde fica o cinema (crédito: Flickr / Kleist Berlin)

O Estadão informa que nos últimos cinco meses o responsável pelo espaço, Adhemar Oliveira (que toca, também, o Espaço Itaú de Cinema), tentou buscar novos associados, mas não encontrou interessados.

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Inaugurado em 1963 com o nome de Cine Rio e apenas uma sala (com 500 lugares), o cinema é um dos mais antigos e tradicionais de São Paulo. Localizado no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, o local fechou as portas pela primeira vez em 1978, retornando quatro anos depois como Cine Arte 1.

Em 1998, já como Cinearte, o cinema passou para as mãos de Adhemar Oliveira. Hoje, o espaço conta com duas salas: uma de 300 lugares e uma segunda de 100, além de um café.

As últimas sessões programadas para esta quarta são, na sala 2, ‘Jojo Rabbit‘ (18h30), ‘Judy: Muito Além do Arco-Íris‘ (20h30) e, na sala 1, ‘Parasita‘ (19h e 21h30).

A entrada do antigo Cine Rio, com ‘Calígula’ em destaque (crédito: reprodução / blog Salas de Cinema de São Paulo)

Independente do encerramento de hoje ser definitivo ou não, o Cinearte durou muito mais que o vizinho Cine Astor, desativado em 2001 – atualmente, o espaço é ocupado pela Livraria Cultura. Em 2010, o tradicional Gemini, também localizado na Paulista, fechou. Tudo parte de uma nada nova crise dos cinemas de rua, que vem pelo menos desde os anos 1990.

O Cine Belas Artes é outro da região que se esforça para sobreviver. Depois de ficar alguns anos fechado por falta de patrocínio, o espaço retornou com apoio da Caixa, também encerrado no atual governo. Após uma nova ameaça de fechamento, o Belas Artes anunciou no ano passado um acordo de naming-rights com a cerveja Petra.

Resta agora saber se o Cinearte terá a mesma sorte do Belas Artes, retornando no futuro com um novo apoio, ou o mesmo destino de Astor e Gemini.