Mercado de cinema

Com liminar negada pela Justiça, Cinemateca Brasileira deve ser gerida pela União

Ontem (3), foi divulgado na Folha de S.Paulo que a Justiça Federal negou a liminar de tutela provisória do Ministério Público Federal (MPF). O pedido era para que a União renovasse o contrato de gestão da Cinemateca Brasileira com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp).

A ação também pedia o repasse de R$ 12 milhões, recursos que já eram previstos e alocados no orçamento para a preservação do instituição. A decisão era aguardada tanto pelos funcionários e gestores da Cinemateca quanto por profissionais e amantes de cinema.

Segundo o que foi publicado, a juíza federal Ana Lúcia Petri Betto afirma que a União adotou medidas de preservação do acervo, então, não há necessidade de uma ordem coercitiva. Vale ressaltar que a União não tem pago para manter e nem preservar o acervo da Cinemateca e nem os funcionários, que estão sem receber desde março deste ano.

“Se há perigo de dano ao patrimônio histórico-cultural que integram a Cinemateca Brasileira, ou mesmo, dano efetivo, cabe à União Federal cessá-los da maneira que julgar mais eficiente, com os recursos que possui”, disse a juíza.
Cinema Brasileira localizada na cidade de São Paulo (Foto: Raíssa Basílio)

Decisão sobre Cinemateca gera preocupação

Publicidade

Procurados pelo O Globo, o cineasta Roberto Gervitz, um dos organizadores do movimento SOS Cinemateca, e Carlos Augusto Calil, ex-diretor da Cinemateca, ficaram indignados com a decisão jurídica. “Eu achei inacreditável que a juíza não reconheça o caráter emergencial da liminar, é um absurdo. É algo difícil de entender, porque todos sabem a situação que a Cinemateca se encontra”, disse Gervitz. “Quando a ação surgiu, o governo começou a correr para parecer que estava fazendo algo, mas ele não faz nada há mais de um ano. Desde de 2019 que não cumpre com suas obrigações”. Carlos Augusto Calil, que geriu a instituição entre 1987 e 1992, também mostrou seu desconforto: “Ela lavou as mãos. A parte muito estranha é que ela não reconhece urgência da situação da Cinemateca. São oito meses sem receber recursos do governo federal, os salários estão atrasados, as contas de luz não foram pagas. E isso é um risco, pois grande parte dos documentos são preservados em ambientes com temperatura controlada”. Desde o início de 2020, antes mesmo da pandemia de coronavírus, a Cinemateca Brasileira começou a enfrentar a situação de abandono. O órgão era gerido pela Acerp, mas o último contrato vigente terminou em 2019.
Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

Escrito por
Raíssa Basílio

Notícias recentes

Crítica: ‘Back to Black’ segue caminhos tortuosos para falar sobre Amy Winehouse

Diretora Sam Taylor-Johnson mostra dificuldade em descobrir o melhor caminho da cinebiografia que passeia entre…

34 minutos atrás

Crítica de ‘Wild Diamond’: adolescente usa beleza como arma em filme de Cannes 2024

O longa estreia de Agathe Riedinger, 'Wild Diamond', é concorrente sério pelo prêmio de atriz…

2 horas atrás

‘The Last of Us’: O que esperar das 2ª e 3ª temporadas da série da HBO?

Veja primeiras imagens de The Last of Us, elenco e tudo o que sabemos sobre…

20 horas atrás

Filme de abertura de Cannes, ‘The Second Act’ tenta fazer graça com IA e cultura do cancelamento

Com Léa Seydoux, Louis Garrel e Vincent Lindon, o diretor francês Quentin Dupieux apresentou 'The…

2 dias atrás

Greta Gerwig em Cannes: “Eu vi mudanças substanciais com o #MeToo”

Greta Gerwig, que preside o comitê do Júri em Cannes, comentou sobre os avanços do…

2 dias atrás

Crítica: ‘O Tarô da Morte’ é ruim demais e nem a comédia espontânea consegue salvar

Longa-metragem fica se equilibrando em ideias pouco originais enquanto a condução da história se perde…

2 dias atrás