Diretora de ‘Distante da Árvore’: “Um sonho realizado conseguir fazer animação 2D feita à mão” Diretora de ‘Distante da Árvore’: “Um sonho realizado conseguir fazer animação 2D feita à mão”

Diretora de ‘Distante da Árvore’: “Um sonho realizado conseguir fazer animação 2D feita à mão”

Conversamos com a diretora Natalie Nourigat e produtora Ruth Strother sobre o curta animado exibido antes de ‘Encanto’

1 de dezembro de 2021 12:16
- Atualizado em 2 de dezembro de 2021 13:18

‘Encanto’, nova filme da Disney, está em cartaz nos cinemas brasileiros. Como é a tradição do estúdio, antes da exibição do longa principal tem um curta-metragem – e a escolha da vez é ‘Distante da Árvore’ (‘Far From the Tree’, no original). Aqui no Filmelier tivemos a oportunidade de entrevistar as responsáveis por essa tocante animação, a diretora Natalie Nourigat e produtora Ruth Strother.

A história sobre guaxinins, que foi exibida no Festival de Cinema de Animação de Annecy no início deste ano, é de extrema de delicadeza e muito sensível, refletindo sobre as famílias – assim como ‘Encanto’.

Um dos guaxinins de Distante da Árvore - o filme não tem diálogos (Crédito: divulgação/Disney)
Um dos guaxinins de ‘Distante da Árvore’ – o filme não tem diálogos (Crédito: divulgação/Disney)

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O curta, feito com computação gráfica e animação tradicional, tem uma ligação muito forte com a diretora, o que deixa ainda mais bonito.

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“Este filme é inspirado na minha vida. Quando eu era criança, cresci no noroeste do Pacífico, essa parte bastante selvagem e linda dos Estados Unidos que é o Oregon. Minha família costumava ir pra essa praia, Cannon Beach, para viagens em família com bastante frequência. E essa é uma memória bastante agradável de mim, junto com a minha família, nesse lugar maravilhoso, nesse lugar grande, aberto e selvagem”, começou a contar Natalie Nourigat, que fez sua estreia na direção com ‘Aluna de Intercâmbio’ (2020), parte do especial da Disney Pane Elétrica.

Ambientado em uma praia noroeste do Pacífico, ‘Distante da Árvore’ mostra como pode ser difícil cuidar de um filho, especialmente no mundo animal. Por meio de um guaxinim adulto e uma mais novo, acompanhamos como criar alguém é um desafio independente da espécie.

“Eu fui bastante pra lá quando eu era criança e agora como adulta, quando eu voltei, eu percebi que esse lugar era na verdade bastante perigoso. Quando os meus pais me levavam, eles não deixavam a gente ficar muito longe deles. Tem algumas ondas que podem te arrastar pro mar, correntezas perigosas, então eles realmente precisavam ficar de olho nos três filhos quando nós íamos para lá. E isso só me fez perceber o quão diferentes os pontos de vista podem ser, da infância para a vida adulta”, continuou a diretora.

“Percebi o quão diferentes
os pontos de vista podem ser,
da infância para a vida adulta

No curta não sabemos ao certo se os dois animais são pai e filho ou mãe e filha – e a sinopse, original em inglês, cuidadosamente usa o gênero neutro. Por isso, essa interpretação fica a critério do espectador. Mas esse nem é o ponto da história e sim como nos nos espelhamos em nosso familiares – e evoluímos com base no que eles nos passaram ao longo da vida.

“Quando criança eu adorava esse lugar, e eu apenas queria correr e explorar tudo. Mas agora como adulta, levando uma criança lá, talvez tenha uma certa bagagem, talvez tenha esse estresse desse perigo que fica circulando em volta de você. E isso levou a gente para essa história sobre essa mudança de ser criança para se tornar pai ou mãe”, completou a cineasta.

A escolha dos guaxinins também foi bem pessoal para Nathalie Nourigat: “Eles são meus animais favoritos e, como eu, eles também são da região noroeste do pacífico.”

Como citamos acima, assim como em ‘Aluna de Intercâmbio’, ‘Distante da Árvore’ mescla dois tipos de animações e a em 2D não é mais utilizada pela Disney. Por isso, o filme usa da tecnologia do estúdio Meander, utilizada também nos curtas ‘O Avião de Papel’ (2012) e ‘O Banquete (2014)’, ambos ganhadores do Oscar. Essa técnica foi utilizada também em ‘Moana‘, para uma tatuagem desenhada da mão do personagem Maui.

O curta é uma mistura entre computação gráfica e 2D (Crédito: divulgação/Disney)
O curta é uma mistura entre computação gráfica e 2D (Crédito: divulgação/Disney)

“É uma mistura entre computação gráfica e 2D. A animação CG nos permite utilizar alguns dos melhores profissionais de CG do mundo, que estão na Disney hoje. Então conseguimos uma atuação facial bastante sutil e pequenas mudanças nos personagens, junto com aqueles grandes movimentos de câmera que adicionam bastante para a ação. Mas com a animação 2D, claro, é extremamente lindo. Eu amo, vindo do mundo dos quadrinhos, eu sou uma criança dos anos 80, então eu cresci com animação 2D. Então foi um sonho realizado, principalmente conseguir fazer animação 2D feita à mão em cima da base de CG”, explicou a diretora.

Nos curtas da Disney nós costumávamos ver imagens sem palavras. Seja como jornalista, ou em outras profissionais estamos sendo falando para nos comunicar. Nathalie Nourigat comentou um pouco sobre como é narrar uma história sem dizer uma palavrar sequer.

“Eu gosto! Eu realmente amo. Na animação existe muito essa tradição de filmes sem diálogos que permite que a gente entenda a mesma jornada emocional mesmo sem falar a mesma língua. E mesmo que você seja jovem ou velho, todos entendem expressões faciais e música e as mudanças nas luzes. Realmente parece uma forma bem pura de expressão que inclui a todos. Nós não precisamos ir para exibições diferentes, porque uma é legendada e a outra não. Nós podemos todos assistir ao filme juntos e sair de lá com as mesmas emoções”.

Por enquanto, ‘Distante da Árvore’ só pode ser visto nos cinemas – se você não se atrasar para um sessão de ‘Encanto’. Para ver onde comprar ingressos para ver a dose dupla de filmes de Disney, clique aqui.

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